EDITORIAL Nº 674 – 1/12/2015

SR

Caro leitor,
Tudo o que nasce é novo e diferente de tudo o resto que existe. Cresce e vai definindo as suas próprias formas e significâncias. Por entre flora e fauna, o ser humano é o mais notório caso de evolução causal. Nascemos, como se de uma tela vazia nos tratessemos, e vamos assimilando o exterior com toda a curiosidade e aprendizagem que nos é inerente. Pouco a pouco, vamos construindo a nossa maior riqueza, a nossa alma, carácter e conhecimento. Pois é no íntimo de cada homem e de cada mulher que se começa a construir o mundo e que grandes ideias se nutrem. Os homens não se fazem sozinhos e sozinhos ninguém são. Só um homem consegue nutrir outro homem.
Quando construímos, compramos ou alugamos uma casa, curamos e cuidamos dela para que toda a família se sinta feliz nesse assim chamado lar. Devemos cuidar dele e enriquece-lo como um espaço de partilha e comunidade, para assim podermos dar-nos aos outros. Pois que há-de dar quem nada tem?
Temos a obrigação de nos construir e de construirmos algo, nomeadamente até outros. Muitas vezes é o nosso cérebro que dita ou desdita a nossa felicidade. É nesses casos, que o conhecimento certo nos permite ter consciência que o pouco chega e que muitas vezes já somos felizes quando o tentamos ser. O caminho é aquilo que nos dá vida, muito para além do destino da viagem. É ele que nos enche e deve encher de felicidade. Viver toda a gente sabe, mas o que toda a gente quer é saber viver.
Pessoalmente, já ando em construção há 56 anos. Em viagem, já tive momentos de tumulto, mas também de serenidade. Em aprendizagem, os sobressaltos e erros não se podem contornar, assim como a construção de uma casa não pode começar pelo teto. Ferimos sem dar conta, para lá da consciência disso. A nossa própria consciência limita-nos face ao que é a percepção dos outros.
E por entre percepções alheias, ligamos amiúde à nossa história e pouco à das que se ouvem. Trilhamos caminho sozinhos, em que somos nós o protagonista da nossa vida, enquanto que por vezes os outros são meros soldados e figurantes na nossa história. É o flagelo de quem se encontra em construção. A cada dia que passa, afinamos a nossa casa esperando que os outros afinem também a deles.
Abraço amigo,