A “Dura” Realidade das Contas Públicas

frederico
Em política, como na vida, muito do que parece, efetivamente não é. Sempre assim foi e, infelizmente, sempre assim será. É certo que a nós, nos compete sempre o dever moral de corrigir quando este tipo de situações acontece, bem como, de ser corrigidos quando, independentemente dos motivos ou das vontades estamos a contribuir para que esse tipo de situações aconteça.
Como todos sabemos, Portugal está (e deve continuar a estar) envolvido na obrigação de sair do défice excessivo, no que a contas públicas diz respeito. Deste modo, é imperioso não ter um défice superior a 3%, onde, numa linguagem mais corriqueira e acessível, se pode traduzir no facto do Estado não poder gastar mais do que 3% em relação aquelas que são as suas receitas efetivas.
Deste modo, quem esteve atento aquilo que foi dito sobre este tema pelo atual governo nos últimos dias, poderia inferir que o governo anterior, liderado por Pedro Passos Coelho, tinha deixado as contas públicas num reboliço tal que, ao contrário do previsto, seria uma quase impossibilidade a nossa saída do tal défice excessivo, acima dos 3%.
Ao ver estas “terríveis” notícias, imaginei logo o pensamento da grande generalidade dos portugueses, a pensar que esta alegada derrapagem que o atual governo tanto papagueia se ia transformar em mais uma avalanche de impostos, ou outras medidas de contenção que obtivessem o mesmo resultado financeiro.
Mesmo assim, e porque como referi anteriormente, a realidade não é aquilo que parece, ou que muitos querem fazer parecer, fiz um pequeno périplo por alguns dos nossos jornais mais orientados para a vida económica e encontrei esta pequena preciosidade: “para controlar este desvio, o governo congelou alguns processos não urgentes, que aliou a uma redução dos fundos que as administrações públicas tem disponíveis no valor de 46 milhões de euros”.
Ora bem, porque felizmente números serão sempre números, o tão famoso desvio que tanto “alarmou” o actual governo, resolve-se accionando alguns mecanismos que sempre estiveram previstos para estes casos, não permitindo que algumas das verbas já cativadas sejam gastas, bem como o facto de não se poderem assumir novos compromissos nos próximos 15 dias (até ao final do ano). Assim, basta não gastar os tais 46 milhões de euros para que o tão falado e famigerado desvio seja corrigido.
Assim concluímos que foi encontrando um “elevadíssimo” défice de 3,03% que, como podemos constatar, é facilmente corrigível. Como os números serão sempre números, por muito que se possa tentar, a inteligência dos portugueses não merece, nem pode, ser desrespeitada da forma como o atual governo está a começar querer fazer.Tornar-se assinante para continuar a ler...