EDITORIAL Nº 684 – 1/5/2016

SR
Caro leitor,
Há sempre na nossa aldeia, cidade ou região, algumas pessoas que se destacaram, ou destacam, mais do que outras. Destacam-se por variadas razões, e muitas vezes por razões que a própria razão desconhece.
Na minha aldeia, uma pessoa de destaque foi  Elísio Ferreira Afonso, o emérito. Não sei se alguém sabe ao certo como ganhou a vasta fortuna no Brasil, mas com ela conseguiu fazer maravilhas na sua terra natal. Já nos anos 60, todos os miúdos na escola que ele lá mandou edificar, tinham os almoços oferecidos por ele. Muitos dos quais ainda hoje rezam por ele já outros possivelmente o esqueceram.
Na altura, tomou a iniciativa de construir um hospital bem equipado á época , que serviu bem a região. Hoje é um lar da terceira idade chamado Fundação Elísio Ferreira Afonso. Edificou ainda um posto da GNR, uma Igreja com casa para o pároco, um cemitério e o seu jazigo, arruamentos vários, água canalizada para a aldeia, um bairro social de apoio á G N R , uma escola para rapazes e raparigas e conseguiu também que a aldeia tivesse luz eléctrica. Tratava-se de um verdadeiro amigo do povo e dos pobres.
Daquele tempo, não podemos tão pouco esquecer as professoras, que se dedicaram a formar a comunidade e, em que no processo, me ajudaram a ser quem sou hoje. No meu coração sempre lhe agradeci a dedicação e não esqueço a Jesus.
O regedor também tinha a sua influência. Assim como os famosos Quintelas de alcunha, que também eram conhecidos em toda a região, pelo respeito e pelas maquinas daquele tempo, debulhadores de centeio, milho e alquitarra de fazer água-ardente. Honra seja feita ao tio Zé Quintela e a Vitória Ferreira.
Era ainda de registar o carteiro, que não sendo da terra percorria toda a zona a pé e mais tarde, de bicicleta. Punha as pessoas sempre em sobressalto, pois nunca se sabia ao certo a notícia que carregava. Era um homem que gerava grandes impactos.
Das ex. colónias vinham noticias escritas em aerograma, estas, de familiar que lá cumpria o serviço militar. De quando em quando, a minha mãe lá trazia um aerograma na mão, o qual líamos juntos com todo o zelo e expectativa. Um certo dia, chegou inclusive uma notícia que relatava um acontecimento com o meu irmão mais velho. Tinha caído numa emboscada, mas felizmente recuperou e ficou bem.
Voltando ao carteiro, uma figura ímpar daqueles tempos, este carregava ainda as cartas para as namoradas, em que todos nós tínhamos orgulho na caligrafia. Éramos avaliados por elas pelo que com todo o cuidado tentávamos impressioná-las nesta primeira impressão, e assim esperar obter uma resposta positiva ao pedido de namoro. Hoje em dia escrevem-se como os médicos, nas raras vezes que se escrevem, pois mais habitualmente, a primeira impressão é feita através das tecnologias, i.e. computadores e afins. O que vemos hoje em dia deixa saudades dos tempos simples e esforçados dos anos 80. Eram sinceros.

Um abraço amigo,