ILUMINAÇÃO PÚBLICA EM MANGUALDE: UM CONCELHO A DUAS VELOCIDADES, OU UNS FILHOS DE DEUS E OUTROS DO DEMÓNIO?

Já não é a primeira vez que escrevo sobre a rede de iluminação pública no concelho de Mangualde. De facto tenho vindo a dedicar uma especial atenção a este bem e serviço público através das redes sociais. E escrevo porque me preocupo, comigo e com os outros, mas faço-o especialmente por me preocupar com o bem-estar dos outros.
E de facto assim faço uma vez que este concelho assiste, sem voz e sem memória, a uma débil e arbitrária política no que respeita à distribuição da iluminação pública e aos seus horários de fruição pelos contribuintes desta velha terra, que, outrora, assumiu honrosamente o bem elucidativo e honroso nome de Azurara da Beira.
Como é do senso comum a iluminação pública visa sobretudo iluminar os espaços públicos, incluindo ruas, praças, jardins, estradas e caminhos, durante os períodos da noite. É para isso que serve a iluminação pública, em Portugal e em qualquer país da europa e do mundo, incluídos os países mais atrasados do mundo. É assim, por exemplo, no Biafra e/ou na Burkina Faso, no Iémen e na Bósnia Herzegovina, em Trinidad e Tobago e quiçá na Etiópia.
Contudo, no nosso concelho, a eloquência política dos “ilustres” autarcas “deu à luz” uma política bem diferente no que respeita a esta temática, não pecando, sublinhe-se, por falta de originalidade. Ou seja, adotou uma política mesclada e de inusitada intermitência, ou mesmo de privação, no que respeita ao fornecimento público de iluminação. Uma política altamente discriminatória que, pelo que me parece e falo baseado no que vejo e no que ouço, só é inteligível (se o for) aos seus autores.
Ademais “todo o mundo” se queixa, sem gaguejar, tão rara inteligência política um pouco por todo o concelho.
Ora, o que na verdade sucede é que enquanto na cidade a iluminação pública se mantém ligada durante todo o período da noite, tendo até sido reforçada: veja-se, por exemplo o passeio que ladeia a norte e a poente o muro da Quinta do Excelentíssimo Sr. Conde de Anadia e o espalhafato de luminárias que grassam pela Avenida da Sra. do Castelo (cidadãos de primeira?), os meios rurais vivem às escuras.
A uns, vá lá perceber-se porquê, simplesmente cortaram a iluminação noturna, a outros cortaram apenas às 2:00 horas da manhã (cidadãos de segunda?). Não obstante, existem oásis neste deserto, na medida em que no meio do escuro lá vai sobressaindo uma ou outra aldeia, um ou outro caminho rural que se distingue dos demais por dispor de luz durante toda a noite (cidadãos de primeira?).
No que respeita aos monumentos, sobretudo no património religioso, a uns foi desligada a iluminação, enquanto outros a mantém, pelo que sou forçado a concluir que também aqui existem Igrejas de primeira e Igrejas de segunda.
Quero com isto de dizer que em Mangualde, durante a noite, uns têm luz, outros não têm e outros, porém, têm apenas luz até às duas horas da manhã. Com que critério e com que justiça?
Porque uns são filhos de DEUS e outros filhos do Diabo?
Filhos de um DEUS menor e outros nem isso ou apenas enteados?
Porque uns têm um cartão rosa e outros um cartão amarelo ou alaranjado?
Porque uns são do Benfica e outros são do Porto ou do Sporting?
Se fossemos todos da Académica talvez pudéssemos entender, porque a cor da Briosa é o negro, mas não é o caso.
A iluminação noturna tem fundamento no facto de permitir a circulação de pessoas e bens e a sua maior segurança e tranquilidade nos períodos da noite: julgo que ninguém terá dúvidas de que assim é.
Nenhum concelho à nossa volta, excecionando Mangualde, cortou a luz ao povo e a nossa gente merece mais e melhor e exige uma explicação pública sobre o tratamento que lhe tem sido dado nos últimos anos.
Curiosamente na periferia do concelho de Mangualde, ou seja nas aldeias, as luzes voltam a ligar às 5:00 horas da manhã e assim se mantém até às 7.30 horas, independentemente de nos encontrarmos no verão ou no inverno, sendo certo que no verão às 5:00 horas da manhã já é de dia…
E assim vamos tendo um concelho a duas velocidades: a primeira para uns e a quinta para outros.
Para pagar todos somos iguais, mas para usufruir o sol apenas nasce para alguns, vá lá perceber-se porquê.

BRUNO PINTO