Pelas 21H30 do passado dia 17 de setembro teve lugar na Bugalha o lançamento do livro “Uma vida Cheia”, obra em 2 volumes da autoria de Jorge Almeida Abrantes.
Com o espaço completamente cheio, a apresentação da obra esteve a cargo de Cristina Matos, amiga do autor.
Cristina Matos, começou por comentar a surpresa com que recebeu a obra dado o seu tamanho, mas a forma como se encontra escrita, com uma escrita viva, português escorreito, linguagem simples, muitos diálogos, tornam muito fácil seguir a ação.
Esta obra é a história da vida do avô do autor, mas para além dessa história de vida, há também o romance e a ficção que conseguem cativar as pessoas.
É uma história local, é de Abrunhosa do Mato, conta a história de um homem, uma aldeia e um país, o que é muito importante. Tudo foi alvo de eximia pesquisa e se encontra muito bem documentado.
A personagem central da história, António Abrantes, era um homem cheio, refere Cristina Matos. Foi alfaiate e mestre de Banda Filarmónica. Viveu na Abrunhosa do Mato, em Lisboa e em Belém do Pará. Fundou a Banda Filarmónica “Bela Mocidade” de Abrunhosa do Mato (1917) de que foi o seu Mestre. Foi responsável pelo Posto de Correios de 3ª classe da aldeia (1930) e deveu-se a ele a instalação da luz elétrica (1942) e a construção do Campo da Bola (1943). Pertenceu depois à Junta de Freguesia de Cunha Baixa e fez a cobertura integral da Abrunhosa com fontanários (1947), lavadouros públicos (1967) e revolucionou o sistema viário da aldeia (mais de uma dúzia de casas demolidas). Viveu com um sorriso nos lábios quase toda a vida.
A terminar a sua apresentação, Cristina Matos refere, “ao ler este livro ficamos com vontade de visitar Abrunhosa e conhecer todos aqueles locais referidos”.
No final da apresentação tiveram lugar algumas questões ao autor que desvendou um pouco do que foi e como foi escrever esta obra.
Jorge Almeida Abrantes começou por referir que a obra surgiu no seguimento da vontade da sua filha mais nova escrever um livro, depois, foi um pouco, o escutar o que as pessoas iam dizendo de seu avô, que apesar de ter falecido há já 40 anos, se mantém ainda uma memória bem viva por Abrunhosa do Mato. António Abrantes faleceu quando o autor tinha 13 anos, tendo privado com ele, até porque, como referiu, a sua infância foi em casa do avô. Sabia algo, pela curta vivência que teve com ele, mas foi necessária muita pesquisa para construir a história como hoje é apresentada. Apesar de grande e divida em dois volumes, haveria ainda com certeza muito mais a dizer.
Sendo o primeiro livro que escreve, para o autor foi uma surpresa ao verificar a sua extensão, em como era grande, por norma começa-se com algo mais pequeno, mas neste caso não foi assim, como referiu, entrou dentro do tema e escrevia quando se lembrava de algo e lhe apetecia. Tanto podia escrever 2 ou 3 horas por dia, como apenas meia hora e depois como tinha muita informação e documentação, achou que além duma história pessoal poderia ser uma história da aldeia, o que levou a que fosse mais extenso.
Para muitos amigos do autor, este tipo de escrita foi uma revelação, mas Jorge Abrantes refere que qualquer pessoa o pode fazer, o ambiente em que se vive e tudo quanto nos rodeia permite avançar neste campo da escrita, referindo ainda que, algo que o ajuda muito é primeiro pensar nas coisas o que depois torna muito mais fácil transpor para a escrita.
Quando questionado para quando um próximo livro, Jorge Abrantes refere, “que este já está terminado há cerca de 2 anos, portanto não sabe quando haverá o próximo”, deixa apenas, que já se encontra a trabalhar nele e que a temática da família e da aldeia se mantém.
JORGE ALMEIDA ABRANTES
Viveu a infância e adolescência em Abrunhosa do Mato e em Mangualde, onde fez os estudos primários e secundários. É licenciado em Economia pela Faculdade de Economia do Porto e pós-graduado em Prospectiva e Estratégia das Organizações. Exerceu funções docentes, gestão financeira, informática e planeamento.
É casado em tem duas filhas. Reside em Lisboa.