VINDIMAS 2016

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Chegados os meses de setembro e outubro, são chegadas também as vindimas. Fazer um balanço final ainda não é possível, até porque, muitas ainda se encontram a decorrer.
Este ano, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho, estima-se que a produção de vinho atinja um volume de 5,6 milhões de hectolitros, o que se traduz numa diminuição de 20% relativamente à campanha 2015/2016. O decréscimo global de produção, em relação à campanha anterior, é sustentado por todas as regiões vitivinícolas, à exceção da região do Algarve onde não se prevê variação. É nas regiões de Lisboa, de Trás-os-Montes, do Douro e dos Açores, onde se antecipam as maiores quebras de produção, superiores a 25%, face à campanha anterior.
Na região TERRAS DO DÃO a previsão aponta para uma quebra de 25%. Devido ao frio e à precipitação, a floração foi tardia e decorreu de forma heterogénea, o que provocou algum desavinho. Após esta fase, a temperatura elevada aliada a uma boa reserva hídrica, permitiu um desenvolvimento rápido do bago compensando o atraso no ciclo. Os fortes ataques de míldio em alguns locais levaram a perdas significativas de produção. Se as condições
climatéricas forem favoráveis até ao fim do ciclo, prevêem-se uvas de boa qualidade.
Para sabermos um pouco mais da realidade no concelho de Mangualde, falamos com o Engº António Mendes, da Adega Cooperativa de Mangualde, que nos elucidou um pouco de como estavam a decorrer as Vindimas de 2016.

Engº António Mendes, sabemos que estão a decorrer as vindimas na Adega de Mangualde. Como se tem apresentado a campanha deste ano?
A campanha está a decorrer com normalidade. Iniciámos a receção no dia 19 de setembro com a casta Jaen e logo no dia seguinte passámos aos brancos. A vindima de brancos demorou três dias. Ainda no final da semana regressámos aos tintos com a casta Aragonês (Tinta Roriz) e Alfrocheiro. A vindima terminará com a nossa casta rainha, a Touriga Nacional, que será rececionada até dia 1 de outubro.

Em relação aos anos anteriores há grandes diferenças?
Estamos a prever uma redução quantitativa que poderá chegar aos 17%. A produção deste ano rondará os 2.000.000 Kg.
No entanto, julgamos que a redução quantitativa será compensada com a melhoria qualitativa. As uvas estão a entrar na adega em excelentes condições sanitárias e muito equilibradas. Os nossos associados estão de parabéns pelo excelente trabalho efetuado na vinha.

As condições climatéricas que se verificaram este ano foram favoráveis à vinha ou não?
O início do ciclo vegetativo da vinha e a floração decorreram em condições pouco favoráveis. As chuvas dessa data, aliadas às altas temperaturas registadas, proporcionaram o desenvolvimento de algumas doenças, nomeadamente o míldio, que em algumas situações provocaram ataques bastante severos. No entanto, o acompanhamento técnico e a informação que nós enviámos aos associados via SMS, acabaram por minimizar os prejuízos.

São muitos os sócios que fazem entrega de uvas?
Atualmente os sócios que entregam o produto das suas explorações vitícolas são cerca de 300.

A obrigatoriedade do curso para aplicação de fitofarmacêuticos poderá ter ajudado a descurar um pouco o tratamento das vinhas?
Antes pelo contrário. Em qualquer contexto, a formação e a aquisição de conhecimento só favorece a atividade na qual está inserida, pelo que este curso que os viticultores foram obrigados a frequentar, proporcionou-lhes a aplicação de novas técnicas e preocupações importantes ao nível da preservação ambiental.

Outras considerações que pretenda deixar
Embora estejamos perante uma atividade fortemente dependente das condições climatéricas, queremos deixar aqui uma mensagem de alento a todos aqueles que este ano não viram o produto do seu trabalho ser recompensado com a quantidade desejada, lembrando-lhes que devem continuar a acreditar na viticultura. A modernização, a cooperação e a formação são algumas áreas que continuaremos a privilegiar por forma a minimizarmos os efeitos nefastos de anos menos bons.