EDITORIAL Nº 702 – 15/2/2017

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Caro leitor,
Por entre aparições públicas e declarações defensoras, o Presidente da República tem desviado as atenções dos portugueses e assim protege a imagem deste Governo. Dizem que está a correr bem, que esta geringonça funciona, falta saber até quando.
António Costa, no início do mês, veio em defesa do Ministro das Finanças Mário Centeno. Face à polémica instaurada, que gerou muita incerteza e quebrou a confiança nas palavras de Centeno, António Costa optou por se atravessar e negar as acusações que Centeno mentiu. Que mentiu quando disse que não se tinha comprometido com António Domingues e cedido na dispensa de apresentação das declarações de rendimento e património ao Tribunal Constitucional Da mentira nunca advém coisa boa e isto, todos os portugueses sabem.
Ora, não só tudo indica que de facto foi o caso, como o sendo, a mentira foi gravosa. Trata-se de um atentado à transparência e regulação que compete ao Governo em geral, ao Ministério em particular e a Centeno em pessoa. Todos desempenharam um papel na defesa de uma atitude que aparenta indefensível. Não fossem estes três passos em falso: as palavras não ditas de Centeno, a defesa cega de António Costa e a falta de transparência no Estado, temos ainda que assistir impávidos ao desenrolar do circo em pleno Parlamento. Porque se realmente mentiram no Parlamento, significa que mentiram a todos os portugueses, porque é o Parlamento que nos representa e é aí que os nossos interesses devem ser protegidos.
Falou-se ainda da dívida e dos juros. Portugal atualmente paga mais cerca de 30% de juros sobre a dívida, com tendência a subirem mais, comparativamente ao que o governo anterior pagava. Resulta que, nas duas últimas emissões de 8 de fevereiro de 2017, o montante traduziu-se em mais de 53 milhões de euros, porque os credores olham para a geringonça com desconfiança. A esquerda é como se estivesse a renegociar a dívida, mas para mais caro. Enquanto os governantes se divertem, os juros da dívida pública esmagam e assolam o país, mas dizem que tudo vai bem. Mais uma vez, pagaremos o desgoverno com suor, sangue e lágrimas.
Agora vem aí o imposto das chaminés, da sua casa, das nossas casas. E a seguir, o que virá mais pela calada?
O Governo utiliza a técnica da manta: a que cobre de um lado e destapa do outro. É uma geringonça.

Um abraço amigo,