404º ANIVERSÁRIO DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MANGUALDE

Homeagem Dr. Ferrão
No passado dia 16 de Março, a Santa Casa da Misericórdia de Mangualde completou 404 anos de vida ao serviço da nossa Comunidade. Para celebrar esta data, a Misericórdia de Mangualde preparou um programa diversificado, que aconteceu de17 a 19 de Março.

CONCERTO GOSPEL NO ARRANQUE DAS COMEMORAÇÕES DO 404º ANIVERSÁRIO DA MISERICÓRDIA DE MANGUALDE
As comemorações começaram da melhor forma com um magnífico concerto Gospel, pelo “Coimbra Gospel Choir”, na igreja da Misericórdia, onde mais de uma centena de pessoas, entre “Irmãos”, Colaboradores, Utentes e amigos da Santa Casa tiveram a oportunidade de assistir, durante cerca de uma hora a um vasto reportório de temas como “happy day” e “open your heart”, entre outros.
Este concerto, como acontece com todo os concertos Gospel, foi também um momento de espiritualidade, apelando a uma mudança de vida assente numa nova relação com Deus, onde a oração é fundamental. Deus onisciente e onipotente um Deus presente e poderoso, zeloso pelos seus amados filhos. A sua misericórdia e graça são infinitas. Estes louvores trazem esta mensagem de esperança, fé e salvação. Para tal é preciso abrir o nosso coração a Deus e ter a esperança que o Senhor é seguramente o nosso pastor e com Ele nada nos faltará. É com esta fé que a Misericórdia de Mangualde continua a ser a instituição que apoia as pessoas mais frágeis, num verdadeiro espirito de servir.
A Misericórdia de Mangualde agradece, por isso, a todos os cantores que integram o “Coimbra Gospel Choir”, a sua profunda generosidade e boa disposição.

EXPOSIÇÃO DE PINTURA SOBRE PATRIMÓNIO CULTURAL EDIFICADO DE MANGUALDE
no passado dia 17 de Março foi inaugurada a exposição de pinturas intitulada “Património Cultural Edificado de Mangualde – Visão Artística”. Esta exposição é constituída por 10 obras plásticas da autoria do artista Aires dos Santos e esteve patente ao publico, no edifico contiguo à Igreja da Misericórdia até ao dia 26 de Março.
Na abertura da exposição, a escritora Lurdes Maravilha, nossa convidada para esta sessão, dedicou alguns poemas à Misericórdia de Mangualde e ao património que se evoca nesta exposição.
O património edificado, seja de natureza monumental e artística ou absolutamente desprovido de particularidades que o inscrevam nos padrões da Estética, constitui o elemento que de forma indelével marca a paisagem de qualquer território, ao longo dos séculos ou milénios.
Congrega em si o resultado de variadas formas de pensar, de ver, de agir, de estar, mentalidades; nasce, desenvolve-se, substitui-se e amiúde definha, fixando o testemunho da sua existência na ruína; responde a imperativos práticos, a necessidades absolutas, a devaneios, a caprichos frívolos; impõe-se na paisagem, faz parte dela, integra-a de forma simbiótica ou em contrastante dissonância; contudo é perenemente o traço mais distintivo da criação humana.
O edificado em exposição distingue, preferencial e intencionalmente, a monumentalidade e a arte contidas nos palácios e nas igrejas mais representativos do território mangualdense. São lugares de viver, material e espiritualmente; lugares do quotidiano das pessoas dos séculos XVII, XVIII e XIX e que se perpetuam como sítios dos dias de hoje e desejados para os dias de amanhã. O Dólmen de Cunha Baixa, construído há 5 mil anos, por deambulantes comunidades agro-pastoris, é local de repouso, de derradeira morada, não de todos, mas apenas dos representantes das elites de chefia daqueles remotos antepassados.
O génio artístico do pintor ressuscita na tela o ânimo de cada edifício; dota-os de uma nova dimensão existencial; relembra-os como palco vivo de uma prolixa história já algo cominuída, mas não ainda extinguida; resgata-os para o nosso quotidiano.

SESSÃO SOLENE
No dia 18 de Março, realizou-se na Igreja da Misericórdia a Sessão Solene Comemorativa do 404º Aniversário da Santa Casa de Mangualde.
A Sessão teve início com a intervenção do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, a que se seguiram as intervenções do Provedor José Tomás e do Presidente da CMM João Azevedo.
Enquanto usava da palavra, o Provedor fez um balaço do pretérito ano referindo com satisfação os bons resultados alcançados “… o aumento de 67% do resultado líquido obtido na execução orçamental, em relação ao exercício de 2015, num cenário em que os custos com recursos humanos aumentaram 10%, não nos podia deixar mais satisfeitos, confirmando-se, deste modo, uma gestão equilibrada, rigorosa e eficiente, condições essenciais à sustentabilidade financeira da Instituição”.
Passando em revista as principais atividades desenvolvidas e os projetos para o futuro, o Provedor salientou que a Misericórdia de Mangualde tem diversas candidaturas em curso para apresentar durante este ano, no sentido de obter apoios financeiros, que poderão apoiar a reabilitação do Lar Morgado do Cruzeiro e do património da Instituição.
Durante a Cerimónia, foi feita a admissão solene e pública, com a entrega do certificado de fidelidade, dos “irmãos” admitidos administrativamente em 2016 e foram distinguidos, com a entrega do testemunho de apreço, os “irmãos” que este ano completam 25 anos de irmandade. No decorrer da Sessão teve também lugar a distinção, com entrega dos certificados de apreço, dos colaboradores da Instituição, que este ano completam 15 e 25 anos de serviço.
O momento alto da Sessão Solene foi a homenagem feita ao Dr. João de Almeida Ferrão.
No final da Cerimónia teve lugar a Celebração Litúrgica em sufrágio de todos os irmão já falecidos. A Celebração foi presidida pelo Reverendo Cónego Jorge Seixas, Capelão da Misericórdia de Mangualde e a animação Litúrgica foi garantida pelo Grupo Coral da Cunha Baixa.
Já à noite, teve lugar no Hotel Sr.ª do Castelo o Jantar de Aniversário da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, no qual participaram cerca de 100 pessoas.

HOMENAGEM AO DR. JOÃO DE ALMEIDA FERRÃO
No dia 18 de Março, a Santa Casa da Misericórdia de Mangualde homenageou o Dr. João de Almeida Ferrão, em Sessão Solene Comemorativa do 404º Aniversário da Instituição. A Cerimónia decorreu na Igreja da Misericórdia, onde marcaram presença a família e amigos do Dr. João Ferrão, o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde-João Azevedo, o Provedor da Misericórdia de Mangualde – José Tomás, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Misericórdia - Victor Gomes, Mesários, “Irmãos”, Utentes, Colaboradores e Amigos da Misericórdia de Mangualde.
Durante a Cerimónia de Homenagem, a Mesária – Maria João leu a ficha biografia do Dr. João Ferrão, a que seguiu a Leitura de um poema pela Vice-Provedora – Isabel Couto e as intervenções do Provedor – José Tomás e do Presidente da CMM – João Azevedo. A homenagem foi materializada com a entrega, à família, da medalha da Instituição e do testemunho de apreço, pelos serviços relevantes e de elevado mérito prestados à Instituição durante 49 anos.
Esta homenagem, quase 11 anos depois da sua partida, é a certeza de que “a memória alimenta a cultura de um povo, nutre a esperança e torna humano o ser humano”, como tão bem disse o grande pensador Elie Wiesel, Prémio Nobel da Paz de 1986.
O Dr. João Ferrão nasceu em Mangualde a 5 de Dezembro de 1928. Filho de José Ferrão e de Celina da Conceição, de quem recebeu esmerada educação. Desde cedo revelou grande capacidade intelectual e o interesse pelo conhecimento, em particular pelas questões de saúde.
Frequentou o colégio de S. José, em Mangualde, até 1939, findo o qual se matriculou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo obtido a licenciatura em 1953.
Desde então, teve uma vida repleta de cargos e funções, tanto no setor privado, como no setor público e também no serviço à comunidade, conforme atesta a sua ficha biografia.
O Dr. Ferrão foi ao longo de toda sua vida um médico de grande talento e um apaixonado pela atividade de medicina.
Na Santa Casa da Misericórdia de Mangualde foi admitido como irmão em 25 de Outubro de 1965, exerceu funções de Vice-presidente da Assembleia Geral e foi médico da Instituição, até à data do seu falecimento. Nas funções que desempenhou na Misericórdia de Mangualde, como em todas as outras, o Dr. João Ferrão deu a sua contribuição, sempre com uma quase obstinada dedicação.
Como profissional e cidadão, o seu trabalho e a sua contribuição social foram reconhecidas através das homenagens que recebeu do Rotary Club de Mangualde, em 1999, a atribuição pela Câmara Municipal da Medalha Municipal de Mérito em 2001 e a homenagem do Hospital de Viseu, em 2003.Também a Misericórdia de Mangualde perpétua a sua memória no Salão Nobre da Instituição, na qual se pode ler a sua frase mais querida: ”Não fiz tudo o que amei, mas amei tudo o que fiz”.
Por trás de uma timidez que o fazia, muitas vezes, aparentar uma seriedade que impunha distância, havia um homem simples, sensível e amoroso. A perfeita compreensão desses seus sentimentos exigia como que uma análise hermenêutica das suas formas de expressão.
Quem o conheceu mais de perto sabe que o Dr. João Ferrão exibia o típico perfil do humanista, atento aos detalhes, sempre pronto para ajudar e a valorizar as pessoas.
Por outro lado, quem privou da sua amizade sabe que o Dr. Ferrão detinha princípios rígidos de seriedade e justiça que o levavam a buscar a observância rigorosa da verdade e o faziam um apaixonado da exatidão. Esses mesmos princípios levavam-no, por vezes, a ser inflexível. Por outro lado, conferiam-lhe a firmeza nas decisões e a constância nas afeições e sentimentos. Assim compreendido, manifesta-se com clareza a razão maior pela qual foi fiel e leal aos seus amigos. Mais que isso, o fato de ter sido cristalino e verdadeiro, revelando-se sempre aquilo que de fato era.
Só o amor e a amizade dão a coragem necessária para despojar a imagem gerada e mantida pelas forças da autoestima, da vaidade e do orgulho. Só quando revelado na essência daquilo que de fato se é, vencida a vergonha das limitações, defeitos e feiuras – desnudado à luz da verdade – é possível atingir esse patamar mais alto onde imperam a confiança e a fidelidade, pilares da segurança, da serenidade e da paz. O amor e a amizade não só permitem que um se revele ao outro, mas levam ao autoconhecimento. O aforismo “cogito, ergo sum” (penso, logo existo) de Descartes perde o seu sentido quando se pode proclamar “diligo, ergo sum” (amo, logo existo).
Quem privou com o Dr. Ferrão não necessita de muitas palavras para o Homenagear ou louvar. Basta chamá-lo pelo substantivo maior: Amigo.
A Cerimónia terminou com uma intervenção da Dr.ª Isabel Ferrão, filha do homenageado, que agradeceu a iniciativa levado a cabo pela Misericórdia.

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA “ROSTOS DA MISERICÓRDIA”
Inserido na programação das comemorações do 404º Aniversário da Misericórdia de Mangualde e do Dia do Pai, teve lugar no dia 19 de Março, no Lar Morgado do Cruzeiro, a inauguração da exposição de fotografia “Rostos da Misericórdia”.
Esta exposição retrata os rostos dos nossos Utentes, que são a Alma da Instituição e sua única razão de ser. É para eles que 150 colaboradores trabalham diariamente, dando o seu melhor, sempre com muitos afetos.
Marcaram presença na inauguração da Exposição o Provedor Jose Tomás, a Vice Provedora Isabel Couto, os Mesários Manuel Cruz e Maria João, Colaboradores, Utentes e Familiares.