EDITORIAL Nº 707 – 1/5/2017

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Caro leitor,
Na minha aldeia, disse um dia a filha à mãe; “Oh mãe, desde que casámos ele mudou...”, estava ela convencida de que o matrimónio era como uma varinha mágica que tudo transformava ao nosso belo prazer, exatamente na medida e circunstância que queríamos. Mas não, quem somos vai progredindo e sendo construído com a passagem de experiências, e com elas os anos, assim como a relação que vamos fomentando, casados ou não.
O namoro é derradeiro para atingir a compreensão mútua, que nos deve assegurar e preparar para uma vida mútua, enquanto casal. A personalidade de cada um foi delineada consoante a educação recebida e o ambiente em que viveram. Experiências que se tiveram, boas ou menos boas. É necessário fazer um esforço consciente e contínuo para compreender o parceiro, e colocarmo-nos na sua posição, e entreter a sua perspetiva, até que se crie uma linguagem partilhada.
Pouco a pouco, os casais tendem a converger nas maneiras de ser e pensar, porque as influências que recebem são idênticas, mas a personalidade é uma constante evolução e esta será sempre uma evolução individual, feita de quereres e fazeres individuais.
A filha que dizia para a mãe que o noivo depois de casado tinha mudado, tinha razão, mas não toda. Neste caso concreto, ela já o conhecia e, em negação, provável, escolheu acreditar que mudasse para melhor e não fosse capaz de fazer certas coisas que já ela sabia no âmago serem possíveis. O que mudou entre eles, foi a conquista dos favores de algumas mulheres elegantes e de boa posição social, que com elas, parecia radiante aos amigos de braço dado, nos bailes e festas, enquanto a mulher ficava no lar com os filhos. Ela ouvia comentários avulsos mas escolheu não acreditar. Inevitavelmente, tirada a venda dos olhos, deu conta da situação ridícula que vivia e pediu o divórcio, o que por si levou à quebra das juras de amor eterno.
A vida conjugal é feita de renúncias e de grandes conquistas... Para que qualquer relação vá sempre a bom porto, é necessário que todos remem no mesmo sentido e que cada um saia de si, de quando em quando, para garantir a felicidade do parceiro, privando-se muitas vezes da felicidade individual, para garantir a felicidade mútua. O ditado é velho: “o homem faz a mulher e a mulher faz o homem”, mas é preciso que cada um queira trabalhar para isso, depois da escolha estar feita. Olhos abertos e o namoro são a melhor escola.
Um abraço amigo,