EDITORIAL Nº 708 – 15/5/2017

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Caro leitor,
França foi a votos e, com a eleição de Macron, disse sim à União Europeia. Foi uma lufada de ar fresco que se sentiu pelo mundo inteiro. Na realidade, um suspiro de alívio que ecoou além fronteiras.
Trouxe esperança e contrariou a corrente extremista e populista que tem vindo a ganhar adeptos na política europeia e também na política internacional. Falta agora, como sempre faltou, dar direção futura ao projecto europeu e cimentar as políticas que o definem. É esta a altura de trazer um plano claro e orientado à discussão do futuro europeu. Um plano que dê resposta às preocupações de ontem e de amanhã, hoje. Nomeadamente, que redefinam as políticas de acolhimento de refugiados, envelhecimento da população, declínio da economia europeia face a outras potências emergentes, orientações procedimentais para casos de saída da União Europeia, como o Reino Unido, discussão da Europa Federal e da União Financeira, etc. A Europa envelheceu e com ela envelheceu também a mentalidade Europeia. Terão de se modernizar as políticas para fazerem face às preocupações que o tempo trouxe.
É urgente garantir a consistência na atitude europeia, ainda que não sejamos 27 países iguais, dada a especificidade da história de cada um, da cultura e desenvolvimento económico e social. Mas é possível haver entendimento e futuro para a Europa, pois mesmo em Portugal sabemos tirar proveito de cada região, ainda que tenham diferentes tradições, saberes e contextos.
Já o disse e repito, não sou político de carreira, nem da escola deles, mas como todos nós, dou conta que muitas vezes faltam grandes líderes, ou seja, líderes decididos, visionários, que assumam a responsabilidade colectiva e se comprometam com uma direcção comum. Neste prisma, os partidos políticos são culpabilizados, pois servem os políticos e não os povos. Naturalmente, esta complacência resulta em taxas de abstenção elevadas, e crescentes, e no insucesso do sistema partidário como o conhecemos. Os políticos de carreira e o compadrio são os buracos negros da democracia, que alimentam a corrupção e o interesse próprio.
Já um político em tempos, no nosso país, defendeu a eleição de cadeiras vazias na Assembleia da República, como uma expressão da abstenção existente. Penso que seria uma ideia a adotar, tratando-se de uma ideia justa. Um grande senhor da política nacional disse um dia: “a má moeda expulsa a boa moeda” e falava de políticos profissionais.
António Guterres chegou a Secretário Geral da ONU, mas no seu país não pôde ser santo. Já assim aconteceu há 2000 mil anos atrás em que Jesus não foi ouvido na sua terra. Durão Barroso idem, isto porque os bons não aturam gravatas, vaidosos ou pseudo-doutores. Uma casa governa-se com trabalho, seja ela o concelho, o país ou o mundo.
Esperemos que a casta política se oriente e traga a lume decisões que verdadeiramente produzam resultados, para o concelho, país e para a União Europeia.

Um abraço amigo,