EDITORIAL Nº 713 – 1/8/2017

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Caro leitor,
A seguir à primavera, em que tudo floresce, o verão é a época mais desejada do ano, pois é no verão que a maior parte das pessoas gozam as suas merecidas férias.
Quando era pequeno, recordo-me da chegada e da partida dos meus irmãos mais velhos que se encontravam emigrados. Enchiam a aldeia de alegria, com abraços, beijos, prendas e visitas aos familiares, vizinhos e velhos amigos. Vinham também às festas e cumpriam as tradições que nunca esqueceram. Para os aldeões era uma festa. Enchiam-se os cafés, as ruas e o largo da Capela, onde se ligava a internet naquele tempo. Os emigrantes traziam vida às aldeias, que sem eles ficariam paradas no tempo e mais cinzentas. A aldeia ficava mais rica e o País também.
Enquanto isso, continuávamos a travar a mesma luta diária: amanhar a terra, a sacha do milho, a rega, a ceifa e a debulha à luz da candeia para encher o celeiro, em preparação de mais um inverno que se adivinhava. Recordo-me de tudo isto com saudade, apesar da dureza do trabalho. Recordo-me também da partida dos emigrantes e da tristeza que se fazia sentir pelas ruas da aldeia. Por entre muito choro e abraços, lá partiam levando mais uma vez na mala as recordações da terra e os seus frutos. Recordo-me da minha sobrinha, hoje médica, que quando cá esteve um ano com os meus pais, a minha irmã e cunhado vieram de férias. Ela era para continuar cá, mas na despedida dos seus pais chorou tanto, que a minha irmã não conseguiu deixá-la e levou-a.
O destino fala por si, mas só com trabalho é que o homem vence. Como já disse aqui um dia, cada vez que a sorte me bate à porta, esta encontra-me a trabalhar.
Hoje em dia, muitos emigrantes são de novas vagas de emigração, de gerações cada vez mais novas, que deixam inclusive cidades para conseguirem ter qualidade de vida no estrangeiro. É com pesar que se vêm mais emigrantes e um Portugal que não oferece condições de vida aos muitos portugueses que as procuram. Esperemos que um dia voltem para encontrar um País que os acolha e acarinhe.
Viva a vida e férias felizes e a 1 de setembro cá nos encontraremos novamente.

Um abraço amigo,