EDITORIAL Nº 718 – 1/11/2017

serafim tavares
Caro leitor
A valorizar a nossa terra que é Mangualde, para além das festas tradicionais, como as Festas da Cidade, da Srª do Castelo e outras pelo concelho, temos também a conhecida Feira dos Santos, um evento secular, ou Feira das Fêveras como é mais conhecida.
É uma marca na vida dos mangualdenses e também dos visitantes que em grande número se deslocam de todo o País a esta nossa simpática cidade de bem receber que é Mangualde.
Como evento secular esta Feira dos Santos perdura no tempo e é hoje um evento de referência que se realiza não só para os mangualdenses, mas também para toda a região. A feira dos Santos começou por ser muito importante para as famílias da região, que conseguiam assim escoar os seus produtos sobrantes do trabalho do campo e venda de porcos, assim como os que sobravam da matança caseira. Permitia assim amealhar os trocos para compra de outros bens essenciais. Como se sabe uma feira é onde aparece um pouco de tudo e onde tudo se compra e tudo se vende.
Como em tudo na vida se vai mudando, esta feira não fugiu à regra e hoje em dia alimenta o turismo. Deslocam-se autocarros de todo o País, com o intuito de entretenimento. O resto é por acréscimo: reinam as fêveras. Porque onde houver comes e bebes, existe alegria que é o caso. Na atualidade, contamos ainda com a ajuda da TVI, para uma alegria mais efusiva.

Felizmente, vem no rescaldo de um dos mais trágicos acontecimentos da região. Falar dos incêndios é falar de calamidade, desgraça e mortes. Durante este ano o número de mortes ultrapassou já uma centena. No verão em Pedrogão Grande tudo correu mal e o governo não soube tirar ilações, ou seja, aprender com os erros e repará-los. Foi o deixar andar e rezar cegamente que não voltasse a acontecer. Isto não é governar.
Acabou a chamada época do verão e o governo descurou as vigias na floresta. Mas o verão continuou e com temperaturas nunca antes vistas no mês de outubro. O governo sabia e nada fez.
O pinhal de Leiria resistiu 800 anos e em menos de 24 horas, este governo deixou que fosse destruído mais de 80% do mesmo. Caiu uma ponte em Entre os Rios e o Ministro de então, Jorge Coelho demitiu-se dizendo que “a culpa não podia morrer solteira”. Esta desgraça foi muito além da contabilização dos mortos. Muitas pessoas ficaram despojadas de tudo, dos bens materiais e consequentemente, da paz de espírito. Muitos tiveram necessidade de apoio psicológico. Inacreditável, que numa tragédia desta dimensão, a culpa fique solteira.
Recomeçar uma vida de trabalho esmorece os mais fortes. É necessário muita coragem e o Primeiro Ministro António Costa, com o discurso que apresentou ao País, conseguiu desrespeitar as famílias dos falecidos e todos os que perderam tudo. Nitidamente, não esteve à altura de um governante e nem tão pouco de um concidadão.
Parabéns ao Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que veio ao terreno junto das famílias prestar apoio e ser solidário na hora menos afortunada. Viu com os próprios olhos a desgraça que bateu à porta de muita gente boa, sem culpa alguma.

Abraço amigo