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EDITORIAL Nº 662 – 15/05/2015

SR

Caro leitor,

Há cerca de dois anos atrás, tive o privilégio de me sugerirem fazer um cursilho de cristandade. Abençoada a hora desta oportunidade. Conhecer Cristo muda-nos até ao resto dos nossos dias. Consegue fazer-nos crescentemente cientes da nossa alma, assim como da dos que nos rodeiam, o que é algo de transcendente que nos põe obrigatoriamente em contacto com a nossa própria humanidade.
Amarmo-nos uns aos outros e viver em comunhão é o lema ensinado, e viver praticando-o será sempre o objectivo de quem segue a doutrina do bem.
Após todo este tempo, e depois de várias atividades marcantes, tocou-me principalmente o chamamento à Ultreia Europeia realizada no início deste mês em Roma. Em 2017 decorrerá perto de casa, em Fátima. Se Deus quiser e eu conseguir, lá estarei também. Para mim a religião é somente mas absolutamente Deus, Jesus, Nossa Senhora e Todos os Santos. A Igreja, onde se pratica, é governada por homens, meros homens que falham como eu e tantos outros. Enquanto Deus não tem culpa destas falhas humanas. Eu faço por ser justo e correto, sendo que por mais que me abalem, a fé é inabalável.
A viagem a Roma, o chamado ‘Museu a céu aberto’, foi maravilhosa. Alguns dos acontecimentos encontram-se explanados nas páginas centrais deste jornal, como é o caso do testemunho tocante da Jovem Serena Palmiero, com quem tirei uma fotografia de recordação. Sem derrapagens orçamentais e ao preço acordado, torna-se possível correr o mundo com gente capaz e ter um pouco de auto-conhecimento enquanto conhecemos mais e pessoas que são mais do que aquilo que precisam.

Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 661 – 1/5/2015

SR

Caro leitor,
Recentemente, discutiu-se a natalidade na Assembleia da República. Presenciei com agradabilidade o debate, já que a sua raridade claramente contraria a sua urgência. Em Portugal, desde há muitos séculos e desde que me lembro, que os pais tentam e tudo fazem para deixar um futuro melhor aos filhos e, em consequência, poupam o que podem para só um ou dois filhos, sabendo que a vida está cara e hoje em dia criar filhos mais a torna. Com os sinais de incerteza dos últimos anos, ter filhos foi-se tornando cada vez mais um privilégio de poucos, próprio de quem tem meios para os sustentar no presente e garantir que serão financeiramente autónomos no futuro. Ademais, as famílias surgem cada vez mais tarde na vida adulta e os filhos saem cada vez mais tarde do regaço financeiro dos pais. Enquanto que nos países em desenvolvimento é habitual casar na adolescência ou em jovem, em Portugal os filhos têm-se por volta dos 30, até 40 anos. Paralelamente, enquanto que nalguns países a cultura dita que os filhos se emancipem cedo, em vista à independência ou sobrevivência, Portugal tem por vezes o hábito de dar o peixe a quem tem de aprender a pescar.
Felizmente, o mundo está sempre em constante mutação. Num tempo que a natalidade não era uma questão para debate, a pobreza era mais vincada. Nesse tempo, dos anos sessenta e da minha geração, alguns casais tinham cinco filhos e outros até dez. Os meus avós paternos tiveram quatro filhos e os maternos cinco. Assim como na maior parte da aldeia, os filhos cobriam a terra. A jogar descalços com bolas de farrapos e à bilharda e ao pião. Este último feito por nós. Era este o lazer que se encontrava nos intervalos da escola, quando não havia castigo da Sra. Professora que com cada reguada, também conseguia decidir futuros.
E é esta geração que está a sustentar a segurança social, porque de futuro não vai ser sustentável e mais impostos vão cair nos trabalhadores, vai ser necessário igualar pensões.
Dizem as estatísticas que, nos anos 80, nasciam em média 160 mil crianças por ano em Portugal, quase o dobro em relação ao ano de 2013. Em 2014 tivemos mais nascimentos, mas não se sabe se ditará uma nova tendência. Provavelmente, os casais esperaram alguns anos para poderem ter os seus filhos e, agora que a perceção mostra melhorias, decidiram tê-los. Também a idade média da mãe, aquando do nascimento do seu primeiro filho, aumentou em relação a 2008, de 28,5 anos para 29,5 anos, mesmo com o crescimento económico ténue em 2014 e a baixa taxa de natalidade em Portugal, que é das mais baixas da União Europeia. São necessárias mais e urgentes medidas governamentais para fazer diminuir este declínio que tem envelhecido Portugal. As crianças deverão estar sempre no centro das atenções da vida.

Também recentemente foi comemorado mais um aniversário do 25 de abril, que para sempre será o dia da Liberdade. Nestes dias nota-se no entanto uma diferença, ainda que haja liberdade de expressão, muitas outras se vão perdendo e outras ainda, são agora mais geridas ao microscópio. Fica-nos felizmente a capacidade de o dizer abertamente.
Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 660 – 15/04/2015

SR

Caro leitor,
Quando alguém de renome morre, já ouvimos vezes por demais a mesma reacção por parte das figuras nacionais de destaque político: “o país ficou agora mais pobre”. Ouvimo-lo ainda recentemente aquando da morte de Manoel de Oliveira.
Fosse eu o falecido, creio que o encararia até como uma ofensa, ainda que este não seja decerto o próposito de quem o diz. Trabalhamos todos, a maioria do nosso tempo de vida, para que o mundo e a sociedade funcionem como esperado, para que todos possamos sobreviver e viver dentro das nossas possibilidades e com as nossas vontades. Damos, com isto, bocadinhos de nós a outros, à sociedade e ao que produzimos. Acabamos por contribuir para que as coisas sejam melhores do que seriam se a nossa ausência delas tratasse. Desgastamo-nos no processo e poucos são os momentos de apreciação do nosso valor acrescentado. Não o fazemos por isso, mas pelo valor em si. Não será, portanto, justo quando finalmente desaparecermos que alguém diga que “o país ficou mais pobre”. Diria eu que infelizmente teve de partir, felizmente não tão cedo, e que o país ficou mais rico com o seu trabalho, o seu legado, o seu valor acrescentado. Ficamos também mais ricos todos nós. O seu trabalho, conhecimentos, ensinamentos e know-how perdurará, pois este permanece connosco e irá para sempre continuar a enriquecer o país e as pessoas.
Poderemos dizer que alguns dos vivos deixarão o país mais pobre do que os falecidos. Com ou sem poder decisório, há quem se arraste na sociedade, pouco ou nada contribuindo para a vida dos outros como esses outros contribuem para a sua. Muitos que o fazem continuarão a fazê-lo, pois será para eles um crime sem cádaveres ou vítimas aparentes. Trabalhamos também para eles, pelo que nem tudo contribui para a riqueza da sociedade, pois contribui por vezes para a sustentação da sua ineficiência. Infelizmente, há quem tenha esta como a sua profissão, sendo que de plena saúde pedem apenas emprego e não trabalho.
Ainda me lembro do primeiro desafio que me colocaram, tinha eu cerca de 16 anos, e o José sugeriu apostarmos para ver quem cavava a leira mais rápido. Eu era dois anos mais novo e era também mais rápido do que ele, mas ele tinha mais experiência do que eu e depressa se voltou a terra. Aos 19 anos tive outra aposta. Desta volta com um ex-patrão, Sr. Fausto, em Serrazela. Tinhamos de assentar 10m2 em tijolo de sete, que seria a caixa de ar de uma sala, e em apenas 30 minutos ganhei-lhe uma fiada. Em Vila Cova, abri sozinho um espaço de 30m3 e ainda assentei duas fiadas de blocos em sete horas. Estas e outras similares eram as apostas da minha mocidade. As pessoas que falo, graças a Deus são ainda vivas. Isto para dizer que hoje já não se aposta com trabalho e quando esta juventude faz apostas será provavelmente para entertenimento alheio.
Outros que deixam o país mais pobre serão aqueles que se formam cá dentro e, ao fim de formados, por vontade ou obrigação, emigram e vão enriquecer outros países. O país que temos, com a riqueza do sol, do mar e da cultura fica sempre aquém do seu potencial. Os governantes que vamos tendo nunca souberam jogar muito bem com as nossas potencialidades. Alguns, ao invés de verem casos similares e bem sucedidos noutros países, só olham para a Suiça e as suas contas.
É sempre preciso dar a cana e ensinar a pescar. Fui ensinado que um homem faz outro e com muitos me atrevi a pensar que tinha conseguido a proeza mas, ao primeiro embate, até os letrados me saíram pequenos. Querem o mundo a seus pés. Ora com tantas pessoas destas, não teremos outra opção que não a de ser sempre os mais pequenos da Europa, com grandes olhos, bem falantes e uma cegueira tamanha.

Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 659 – 01/04/2015

SR

Caro Leitor,
Fala-se de escrituras, de marcos e marcas na vida, cartórios e todo um infindável registo de coisas e coisas, património e bens. Mas sempre, o maior património é o que nos faz viver tranquilamente e com a cabeça erguida, sendo que para muitos não será isto o importante.Por corrupção, compadrio ou maledicência, estes vivem a olhar para o chão a fingir que vêem as estrelas. Esquecem-se que o povo os conhece bem e que já sabe lidar com eles. Pois repete ámen com eles, mas foi o primeiro a entrar na igreja. Este é o melhor do povo, o que já não vai em cantigas.
Todos nós escrevemos a história da nossa vida e, entre nós, uns já a delinearam melhor ou pior. Acredito que às vezes somos filhos de um mar cheio de sorte, mas também é verdade que do Céu só vem Sol e Água e o resto teremos de o dar a nós próprios.
Ainda me lembro, em menino, que quando saía da escola chegava a casa e pegava na chave da porta (estava sempre no buraco da parede) e ao metê-la na fechadura tinha antes de tirar um papel com um recado que lia: “Pega na carreta e vem ter ao moínho. Ora uma carreta era meia dúzia de paus com uma roda que servia para transportar cargas, o actualmente apelidado de carrinho de mão.
Nunca encontrei recado algum que ordenasse: “Faz os deveres da escola e estuda”. Só existia o estudo da universidade da vida e do trabalho. Lembro-me de eu dizer: “Pai chegou o correio.”, ao que se seguia a frase: “Cartas são só papéis. Toca mas é a lavrar”. “Oh pai, mas parece que traz dinheiro”. E aí dizia prontamente: “Ai com dinheiro não se brinca”. Depois, ao fim de um dia duro na lavoura, quando já há muito a noite se tinha posto, rezávamos em família de mãos postas ao fim de jantar e eu, cansado, deixava cair as mãos na distracção mas o meu pai rapidamente me mandava uma palmada nas mãos e tirava-me logo o sono, até que mais tarde eu caísse no colo da minha mãe.
Passada a noite, chegava a manhã e, como há muito se diz, quem anda de noite não pode andar de dia. Sempre assim foi e será. A escola começava às 9h00 da manhã, pelo que sempre fui o último aluno a chegar à escola. O resto será facilmente imaginado, mas fiz a 4ª classe graças à minha professora Jesus, da Quinta da Mourinhã, a minha 2ª mãe. Gosto muito dela. Não fosse pela atenção e tempo dela, eu não seria o que sou hoje. O meu bem-haja aqui publicado, pois também foi com os seus ensinamentos que aos 21 anos ingressei na Guarda Fiscal e de lá estou jubilado. Sem ela a vida não teria sido tão simpática para mim. Mesmo tendo estudado já de adulto para aprender mais um pouco, não me esqueço daqueles princípios atribulados.
Como a conversa já vai longa, cá nos encontraremos na próxima edição. Até lá.
Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 657 – 1/03/2015

SR

Caro leitor,

A Grécia: o bom aluno, o mau aluno e o berço da democracia.
No século passado o bom aluno dispensava de exame de 4ª classe. A autonomia da figura do professor naquele tempo concedia-lhe autoridade suficiente para tomar essa decisão, caso assim o entendesse. Foi o caso da minha mãe, que com muito orgulho guardou esta recompensa para a vida.
Depois do 25 de Abril tudo se alterou também neste prisma. Enquanto que antes, a balança pendia, desequilibrada, a favor do professor, passou então a pender a favor do aluno. O aluno agora reclama e exige, os pais também o fazem sem assumirem a quota parte, baixam-se padrões consoante as capacidades, há sanções para os professores e até se passam diplomas ao domingo. Com todas estas facilidades, de quando em quando o aluno até acredita que tem o poderio e que não precisa de aprender, mas de ensinar. Chega a ter tudo na mão sem se aperceber do que tem e outros não têm. Chega a acreditar às vezes que não é precisa a humildade, quando se têm outros meios.
Temos a Grécia que, antigo mau aluno, exige agora tudo de joelhos e mãos postas. Parece que a prepotência ainda governa. Sinal que os tempos mudam, mas vontades sempre imperam. Neste domingo, dia 22 de fevereiro, os mangualdenses acordaram com uns panos brancos em todo o concelho com o motto “Acorda Mangualde”. Agora digo, como muitos: Acorda Europa.
O tempo de Hitler, que não é assim tão distante, demarcou-se pela tentativa de postrar toda a humanidade. Amostras de atitudes similares não são tão raras quanto se gosta de acreditar... Precisam de se definir limiares inferiores de tolerância.
Governar é sinónimo de responsabilidade, seja no governo, em casa ou em qualquer outro meio. Em Portugal tivemos de pedir ajuda externa por três vezes.
Vamos ver o que espera gregos e troianos daqui para a frente, mas sabemos que a estabilidade e sobrevivência da União resta neles, pelo que a Alemanha não hesitará em fechar os olhos. Assim se supõe.

Abraço amigo,

EDITORIAL Nº 653 – 1/1/2015

SR

Caro Leitor,

Estamos no início do ano e com ele partimos para mais uma etapa da nossa vida. É costume dizer-se que ano novo é vida nova, como lemos nas inúmeras mensagens trocadas nestes últimos dias do ano. Mas para ter uma nova vida, temos primeiro de partir do pressuposto que é necessário mudar muita coisa, a começar logo pela nossa mentalidade. Ora como tudo que vale a pena, esta tarefa não é fácil, dado que os vícios são mais que muitos e a vontade é sempre pouca.
Então vejamos: como se pode mudar quando se está rodeado de tudo quanto é velho e a vontade também é velha? Ano novo e vida nova só terá sentido para quem não está preso ao passado e consegue ter a mente suficientemente aberta para fazer as alterações necessárias e cortar com os maus hábitos. Caso contrário será sempre um esforço inglório de alguém de fato novo em pano velho.
Ouvi em tempos uma história deste alguém. Um homem almejava ser Santo e a certa altura da sua vida decidiu ir viver para o alto de uma montanha para se purificar e não cometer mais actos de impureza. E por lá se manteve um ano, o tempo que entendeu ser necessário para se curar dos males que a sociedade lhe cultivou. Terminado este retiro, disse cheio de coragem: “Já chega. O meu esforço garante-me que agora consigo viver em comunidade sem cair nas armadilhas do passado”. Resolveu então descer a montanha, convicto que estava curado dos males do mundo. No entanto, assim que se volta à cidade e no momento em que torpeça numa pedra vocifera de imediato. Instantaneamente, apercebe-se da sua atitude grosseira e conclui que o retiro de nada valeu, pois a mentalidade do passado continuava a ditar o seu comportamento. Temos então de estar conscientes dos parâmetros que definem a nossa mentalidade, para poder fazer mudanças significativas e duradouras na nossa atitude.

Abraço amigo

EDITORIAL Nº 651 – 1/12/2014

SR

Caro leitor,

Sócrates foi de intocável a recluso, tombando epicamente aos pés da justiça, muito graças à imparcialidade do Juíz Carlos Alexandre e a sua equipa. E, com o karma, vêm sempre ironias: foi inquirido no campus de Justiça que inaugurou. Quando em Portugal parecia haver défice de justiça, eis que os Portugueses passam agora a dormir mais descansados, se bem que este caso é mais como “ao fim de casa arrombada, trancas à porta”. Pelo caminho deixou choros e festejos mas atenção que, como um amigo meu diz, uma coisa má, mesmo por baixo da terra faz mal. Isto não é mais do que o começo, pois outros serão facilmente implicados, sejam públicos ou privados. Sabemos que este novelo não tem fim. Deve-se rastrear todo o percurso e investigar os boys, inclusivé as entidades públicas que só contratem com poucas e pontuais empresas.
O PS tem novo líder e já que é fato novo em pano velho, até se têm saudades do Seguro. Tem estado ausente em todos os campos para lá da campanha, na câmara de Lisboa a que preside até a entrega do orçamento da Câmara para 2015 foi feita com atraso, o que não augura bons ventos de quem será candidato a primeiro-ministro. Do governo maioria vemos austeridade contínua e da esquerda vemos sempre as mesmas frases e faces, porque quem não está no governo, é do contra. Projetos a longo prazo e estruturados ainda não foram apresentados, vivemos num estado de austeridade permanente.
Há vinte anos atrás, um empresário amigo tinha um funcionário que só lhe dava prejuízo e nada sabia fazer, nada mesmo. Eu conheci-o. Um dia fui à empresa dele e passou por nós o fulano e diz-me esse amigo: “Sabes, este gajo, já nem o posso ver à frente. Ontem mandei-o levar aquela palete para além, porque estava aqui mal colocada e disse-lhe: a trabalhar, primeiro pensas com a cabeça e vês o que vais fazer para não fazeres asneira como o de costume. E ele respondeu-me, dizendo que tinha tantas ideias luminosas, que até tinha medo que lhas roubassem”.
Assim são atualmente os políticos que temos. Cultivam a língua e se têm ideias calam-se para não ficarem envergonhados ou serem roubados.
A Ângela Merkel veio a público dizer que Portugal tem licenciados a mais, mas isto é como dizer que Portugal tem poucas portagens porque tem muitas autoestradas. O desenvolvimento económico não tem acompanhado o crescimento de recursos humanos licenciados, mesmo a fechar a Universidade Independente. Voltamos ao mesmo.

Abraço amigo

Editorial 650

isabel
Caro leitor,
Ofereço-lhe um relato de Timor-Leste.
De quando em quando, encontramo-nos no
epicentro de coisas que são maiores do que
nós. Que conseguem afectar todos os que nos
rodeiam e deixar-nos miracolosamente intactos.
São coisas incompreensíveis, que nos chegam
de distâncias inimagináveis, frutos de conversas
calculadas ao milímetro. Amiúde, decisões
importantes e acontecimentos de impacto ecoam
ao longe, ao de leve, noutras vidas que não a
nossa. Afectam-nos como uma réstia de onda
de um tsunami. Estamos seguros. Porque são
sempre outros os mais visados. Mas em Timor-
Leste isto não é bem assim.
Após os períodos conturbados da colonização
Portuguesa e da ocupação Indonésia, Timor
conquistou finalmente a sua independência em
2002, tornando-se num dos países mais novos
do mundo. Naturalmente, trata-se de um país
que procura ainda descobrir e cimentar a sua
identidade. Ainda se mexe a medo.
A economia nacional não garante uma produção
auto-sustentável, sendo que o desenvolvimento
tem sido assegurado por factores externos dos
quais o futuro do país se mostra dependente. O
principal factor prende-se com as receitas da
exploração petrolífera, que o governo aloca ao
fundo petrolífero, uma espécie de poupança para
a época pós-petróleo do país. Considerando que
estas receitas representam a grande maioria
das receitas nacionais, o governo tem recorrido
a estes fundos cada vez que a necessidade se
apresenta, arriscando por conseguinte a futura
sustentabilidade económica do país. Outro factor
que contribui para o desenvolvimento económico
de Timor é a ajuda externa, providenciada
por organizações internacionais e governos.
Adicionalmente, também a presença de recursos
humanos capacitados, provenientes de países
como Portugal, Austrália, Estados Unidos, Brasil,
etc, provou ter contribuído para a formação da
mão-de-obra local, ao mesmo tempo que foi
assegurando uma construção institucional forte,
que fizesse frente ás necessidades nacionais e
à atracção de investimento estrangeiro. Este é
Timor.
Ora, à parte desta fotografia representativa
da realidade local, as ruas de Díli contam
mais histórias. De rua em rua, encontram-se
pequenas comunidades e pequenas nações,
às vezes assemelhando-se a uma conferência
da ONU. Nisto, a comunidade portuguesa é
numerosa, de valor e cordialmente próxima e,
ainda que ocasionalmente se partilhe o sintoma
do meio pequeno, com o reino da coscuvilhice
e o desrespeito de fronteiras, as boas relações
pessoais reflectem-se em boas relações
profissionais e em família para quem a tem
longe.
Neste cenário, quando a suspensão dos
contratos de todos os funcionários internacionais
do Ministério da Justiça foi ordenada por
resolução, e a subsequente expulsão de
juízes individualmente elencados numa folha
de papel oficial a seguiu, a reacção foi geral:
30% nas crianças.
A infecção processa-se através das secreções
respiratórias e tem um período de incubação
de cerca de 2 dias. A doença dissemina-se
rapidamente entre a população. As crianças que
frequentam creches e infantários, de acordo
com a OMS, são as principais disseminadoras do
vírus na comunidade.
Recomendação para a época 2014/2015 – A
infecção atinge todos os grupos etários. A OMS
e a Direcção Geral de Saúde recomendam
fortemente a vacinação, para esta época
de 2014/2015, aos seguintes Grupos alvo
prioritários:
- Idade – a partir dos 60 anos.
- Doentes crónicos e imunodeprimidos, com
idade superior a 6 meses.
- Grávidas com tempo de gestação superior a 12
semanas.
- Profissionais de saúde e outros prestadores de
cuidados (lares de idosos, designadamente).
A vacina deve ser administrada,
preferencialmente, a partir de 15 de Outubro,
podendo, contudo, ser administrada durante todo
o Outono/Inverno.
As pessoas vacinadas na época anterior
incredulidade. O facto de uma decisão tão
inóspita poder ser tomada com isenção absoluta
e sem seguir os trâmites não só legais, mas
do bom senso, relembrou-nos que isto não
é casa, mas o terceiro mundo. Relembramonos
imediatamente da nossa condição: a de
expatriados permanentes.
No interregno das duas decisões, conversas
circulavam no sítio habitual, na expectativa. No
rescaldo da segunda decisão, juízes partiram
de um dia para o outro, num prazo de 48
horas, sem se despedirem. Eram pessoas que
sempre fizeram parte do nosso dia-a-dia e
agora tinham desaparecido. Tive de esquecer
a partida de ténis que tinha combinado para
sábado. Porque a incompetência destes juízes
foi argumentada, quando o trabalho deles
sempre exigiu ultrapassar as limitações locais e
os entraves sucessivos à resolução, transmitindo
sempre know-how. O motivo, argumentaram
depois, prendia-se com os processos contra as
petrolíferas que decorriam em tribunal e que
Timor-Leste começava a ver como perdidos.
Muito dinheiro mesmo.
Mas esta será sempre metade da história,
porque muito não deve ser dito e este
acontecimento é bem mais representativo do
que não se fez do que foi feito. Além disso, o
futuro ditará a razão, porque o que se avizinha
é um ambiente de desconfiança para captar
investimento estrangeiro, além da parcialidade
do sistema jurídico estar inevitavelmente em
causa. É o que por enquanto se tem em Timor-
Leste. Esperamos que também ele se aperceba
da sua condição e dela venha a sair.
Atentamente,
Isabel Tavares

EDITORIAL Nº 649 – 1/11/2014

SR

Caro leitor,

Dia de Todos os Santos. Depois do governo ter acabado com este dia Santo, mais uma vez a Feira dos Santos foi realizada coincidindo com este dia.
A edição deste ano foi realizada com sucesso, mas deve ser ponderada a mudança destes dias de feira, uma vez que, são venerados os familiares que já partiram e desta forma, os forasteiros não se fazem comparecer e doravante irá sempre haver a coincidência destes dias. Notou-se por exemplo a falta de visitantes de outras zonas do país. Por este motivo, às autoridades competentes, fica este alerta para que a feira não fracasse.

Começou o novo ano escolar e começaram com ele os burburinhos da realização do que está mal. Que está mal. Insurgem-se as massas e opinam os pais, os professores, os ministros, os interessados e os alheios à causa, que comentam sem interesse mas com sapiência. Vem, mais uma vez, tudo ao de cima. Apontam-se dedos e perde-se tempo. Porque perdemo-nos numa conversa sem fim que não toca no cerne da questão. Mas eu não sei qual é a questão. Facto é, que ministro e outros demais também não sabem qual é a questão. Mas se ninguém a procura, ninguém a poderá encontrar. Disseram-me, uma vez, que quando há um padrão, há uma razão.
Enfim, mas pouca razão abunda quando os loucos governam. E não são loucos porque governam. Aqui muita gente se engana. São loucos porque amiúde não respondem à lógica, não pensam, não escutam, não vêem. Porque deixam de procurar o fim do novelo quando outro louco diz que o cortou. Ora loucos não sabem que são loucos. Quando alguém lhes diz que o são, chamam-no de louco. E neste sentido, são reis intocáveis e muitas vezes, para eles, não somos nada mais do que bobos loucos…
Nisto, sempre nisto, ficamos no meio da informação e contra-informação que a politiquice produz tão bem. Deixamo-nos cativar pelo sorriso triunfante, de quem aparenta saber mais do que nós. O fato aprumado, a gravata bem posta, o discurso ponderado com palavras comedidas e sonantes de um outro alguém. E nós assistimos e seguimos sem conseguir dizer que o rei, afinal, vai nu. Que nem louco. Temos de começar a fazer uma das duas: ou lhe dizemos ou compramos-lhe roupa.

Abraço amigo

EDITORIAL Nº 648 – 15/10/2014

SR

Caro leitor,
A maioria dos políticos não são produtivos. O político é muitas vezes cego ao trabalho de todos e, com tempo de vista limitado, apenas vê o que seja em benefício da sua política. O político produz uma imagem, não tem nada de inovador. O carisma que tem é limitado e a personalidade moldada, subjugada até, que seja aos valores partidários. Muitos têm fome de notoriedade, de estatuto, de poder e/ou de atenção. Alguns se deixarem de ser políticos podem mesmo morrer de fome, porque perdem o meio para o fim e descobrem que se calhar pouco jeito têm para subsistir fora do que a esfera política garante. O povo por sua vez, inocentemente, ajuda à festa com comentários alusivos ao seu papel reduzido. “Pois…só aparece agora em altura de eleições...” é a mais ouvida. Ora, o político sabendo disto acaba por descurar as suas responsabilidades: governar todos e para todos, para o bem comum. Muitas vezes, quiça maioritariamente, passa o tempo na ribalta, em vez de estar nas trincheiras. Produz uma imagem, que tenta que valha mil palavras, e para ela gasta do erário público, dos impostos de todos nós. É urgente mudar este conceito. Cada vez que o político está na rua em horário de expediente deve ter um propósito colectivo por cada acção individual.
A outro respeito, estamos agora em tempo de vindimas, em que os vinhateiros tratam da sua vinha e do seu vinho, para assim assegurar que chega ao altar do mundo, às mesas de casas portuguesas, mas cada vez mais não só. Parece que este ano a colheita foi boa e de grande qualidade. Quando era moço gostava muito das vindimas, porque o ritual despertava todos e reunia-os em festa e alegria. Gostava também do vinho doce, tanto que a primeira vez que fiquei alegre, aos onze anos, foi com a jeropiga, que ainda hoje é das bebidas que mais aprecio.
Ainda, temos agora à porta o dia de Todos os Santos. Dia marcante, dos que já partiram. Os nossos heróis. Já lá estão na eternidade, mas só nos levam a dianteira pois, mais ou menos tempo, lá iremos ter. Na correria deste mundo, estudam e inventam preço para tudo, menos para o tempo do homem. O tempo é a jóia mais valiosa. Um dia após o outro, demos-lhe o justo valor, dando o tempo a quem o tem.

Um abraço amigo,