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EDITORIAL – 647 de 1/10/2014

SR

Caro leitor,
Indústria e mais indústria. Foi assim nas últimas décadas, mas não poderá continuar a sê-lo. Já não satisfaz as nossas necessidades que agora são outras e mais maduras. A única indústria que poderá ainda subsistir é a indústria do stress.
Tivemos indústria para as casas, o betão, as pontes, as autoestradas e as demais edificações. Furou-se o país de uma ponta à outra. Indústria da corrupção, dos interesses desmedidos, da traição e da vadiagem. A indústria da despesa e dos amigos de Peniche. Uma loucura sem travão.
E na mesma nota, os políticos destas últimas décadas muito que também contribuiram para a desertificação no interior do país. É urgente a reforma agrária para evitar a desertificação do interior. Precisa-se de uma mão de ferro na reforma agrária. Deixar de ter uma indústria de silvas, tojo, giestas e terrenos desbravados pelos fogos. Aproveitar os fundos da comunidade europeia para pagar aos donos das terras e fazer o emparcelamento. Deixar de ter um país retalhado. Quem não quiser comprar, vende. O preço é igual para todos. Quem não quer comprar nem vender, junta todos os seus terrenos num espaço só. Só com grandes áreas é que se pode ser produtivo. Ainda temos os mesmos marcos como antes da vinda dos tratores e máquinas industriais. Assim não é possível ser competitivo. Entramos nos grandes mercados e, com alguma atenção, vemos a maior parte dos bens alimentares a virem do estrangeiro. Esta indústria está abandonada pelos nossos governantes que só tapam o sol com a peneira. O nosso país definha e ficamos cada vez mais longe dos nossos concorrentes comerciais. Inerente a tudo isto, por exemplo, uma matéria divulgada recentemente pela autoridade nacional da segurança rodoviária que refere que Portugal é dos países europeus com maior taxa de mortalidade envolvendo tratores agrícolas. Um dos fatores é precisamente a condição dos terrenos, logo, se o Estado proceder ao emparcelamento até este problema será ultrapassado e teremos agricultores com mais vida.
A nossa vizinha Espanha dá subsídios à produção. Aqui brincamos ao território, ou seja, na manta retalhada. Se alguma coisa dão, vêm buscar novamente pela porta das finanças. Mas não se pode fugir do nosso país. Temos que votar com os pés, porque se abandonarmos o país, fica a indústria das novas infraestruturas ás moscas e mais custos virão. Milhões novos foram para fora do país em resposta a coisas tão velhas quanto estas políticas. Vamos andar atentos.
Como líderes podem e devem escolher os melhores, como cabeças pensantes. Não fizeram mais do que esbanjar o dinheiro que veio de fora, mas que todos nós agora pagamos. A maior parte desse dinheiro foi para despesas que apelidaram de investimentos, buracos sem fundo que não só não tinham retorno como implicavam uma despesa acrescida futura em manutenção, espaço e tempo perdido. E o país? Que fizeram por ele? Nada! Sustentabilidade no longo-prazo nunca foi política e consequentemente vivemos na austeridade no curto-prazo…

Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 646 – 15/9/2014

SR

CARO LEITOR
ONDE PÁRA A JUSTIÇA?
No último ano muito se tem falado da denominada Reforma Judiciária. A reforma que extingue tribunais, reduz competências a outros e que centra o mapa judiciário em 23 grandes comarcas. Uma reforma que, igualmente, golpeia duramente a desconcentração dos tribunais judiciais e o acesso à justiça, em benefício de novas centralidades. E este assunto é demasiado caro para a sociedade portuguesa, em particular para o concelho de Mangualde, para poder ser dispensado de falar dele.
Com efeito, nos últimos meses, fomos assistindo, principalmente através dos média, a um constante desenrolar de posições, defesas e contestações, em torno da então anunciada reforma, que a Sra. Ministra da justiça diz ser a maior reforma de sempre do sistema judiciário. Mas será mesma assim? E a reforma servirá, essa, para melhorar a justiça e favorecer os cidadãos? Se já tínhamos dúvidas, estas ampliaram-se largamente nas últimas semanas.
Desde logo, deve sublinhar-se que a reforma do sistema judiciário, em curso desde 1 de setembro passado, foi amplamente debatida e contestada pela Ordem dos Advogados. Foram inúmeros os debates sobre o tema, conferências e reuniões promovidas pela Ordem dos Advogados, as quais culminaram mais recentemente numa mega manifestação realizada em Lisboa. Igual movimento foi protagonizado por alguns sindicatos. Às medidas e tomadas de posições levadas a cabo por estas entidades e organizações associaram-se muitas Autarquias, enquanto outras, vá lá perceber-se porquê, aquietaram-se e “lavaram as mãos como pilatos”. Alguns Municípios socorreram-se mesmo de ações judiciais, que interpuseram nos tribunais competentes, para tentar impedir o encerramento dos tribunais respetivos ou a sua diminuição de competências e consequente submissão a uma das 23 grandes comarcas ou “centralidades judiciárias” Foi o caso, por exemplo, da Câmara Municipal de Penela, que lançou mãos de uma AÇÃO POPULAR contra o Estado, através da qual visa impedir o encerramento do seu tribunal. É certo que esta ação não suspendeu o início da reforma naquele concelho, mas poderá ainda fazer correr “muita tinta”, no caso de a entidade judiciária decidir favoravelmente à pretensão deduzida pela Autarquia de Penela. E não foi este Município o único a interpor ações judiciais contra a presente reforma, num sinal claro de que o exercício do direito de voto é um dos momentos necessário, mas não o único a potenciar que o povo participe no poder. A organização do poder política na Constituição da República disponibiliza outras formas de participar em democracia, para além dos esquemas clássicos da democracia representativa, e propugna pela participação direta e ativa dos cidadãos na vida politica. Um desses instrumentos de participação direta e ativa dos cidadãos, que a constituição de 1974 nos ofereceu (n.º 3, do artigo 52.º) é precisamente o direito de ação popular, usado na presente situação pelo Município de Penela. Agora aguarda-se que por “aquelas bandas” se possa fazer justiça!
No concelho de Mangualde mexeram-se os Advogados (alguns) e ocorreu mesmo uma pequena manifestação em frente à Casa da Justiça, à qual se associou o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Mangualde. Mais nada foi feito para tentar “contornar” a reforma. E nenhuma personalidade local deu a cara para defender Mangualde e o seu Tribunal de Comarca. E os sacrifícios locais são muitos, desde logo porque deixou de ter um Tribunal Judicial de Comarca e passa a ter apenas uma Instância Local de Competência Genérica como melhor se explicitará na parte final deste editorial, e poderão agravar-se no futuro, em harmonia com o espirito da reforma, caso a agora Instância Local não tenha entrada de um número mínimo de processos em cada ano. E estranha-se o inquietante silêncio por estas terras de Azurara, e as oportunidades perdidas pelas entidades locais, para mostrarem aos mangualdenses e ao País o que pensam sobre esta matéria, para apresentarem alternativas e soluções mais credíveis e mais consentâneas com os interesses protegidos de todos os cidadãos, para se oporem com fulgor ao centralismo que advém do novo Mapa Judiciário, com todos os meios e instrumentos jurídicos que a democracia participativa nos legou. Desde logo e além do mais porque os cidadãos de Mangualde, de Penalva ou de Fornos de Algodres tem igual direito de acesso á justiça que tem o cidadão de Viseu, de Lisboa ou do Porto. Tal facto não passará ao lado de uma futura e ponderada reflexão sobre a necessária reforma de todo o sistema político, em minha opinião, bem mais premente e urgente que esta reforma judiciária.
A Ordem dos Advogados, mais recentemente, anunciou ter movido uma queixa-crime contra os Srs. Ministros que participaram no Conselho de Ministros onde foi aprovado o projeto, por alegada negação do princípio constitucional de acesso á justiça pelos cidadãos
Apesar de toda a bruma e com muita reserva, os Juízes e Magistrados estão de acordo com a especialização que decorre desta reforma.
Mas o que é então a Ação Popular? É um instrumento de intervenção democrática dos cidadãos na vida pública, individual ou coletivamente organizados, de fiscalização da legalidade, de defesa dos interesses coletivos e difusos, de educação e formação cívica de todos, de defesa e preservação de valores essenciais pertencentes a uma mesma comunidade. Assume um relevante papel pedagógico no aperfeiçoamento da mentalidade política dos cidadãos, induzindo-lhe um sentimento de participação ativa pública. Alguns autores chamam a estas ações “Flores Exóticas”, atendendo ao facto de não serem admitidas nos regimes totalitários e também por a eficácia de tais ações só se compreenderem num sistema politico em que os cidadãos se preocupam tanto pelas coisas públicas, como pelos seus próprios negócios. No ordenamento jurídico português direito de proceder judicialmente através de ação popular é tutelado pela Lei n.º 83/95, de 31 de agosto. Rafael Bielsa, na sua obra “Ação Popular e o Poder Discricionário da Administração”, aponta no seguinte sentido: «A ação popular é educativa e o seu exercício faz do cidadão uma espécie de “cavaleiro cruzado”, um colaborador da legalidade e moralidade administrativa, é uma forma de educar juridicamente o povo».
Posto isto, com o fim das retemperadas e merecidas férias de todos (ou apenas de alguns…), assistimos ao “parto” do novo ano judiciário, o qual coincidiu com a badalada reforma, com o exército português a servir de elo de ligação nas mudanças. Carregaram-se processos, armários, mesas e cadeiras com destino ás mega comarcas. Algo parecido sucedeu com a maioria dos oficiais de justiça e outros funcionários que foram repelidos para as novas centralidades judiciárias. Instalaram-se alguns tribunais em contentores improvisados que também em nada dignifica o sistema e os seus agentes. Sucedeu-se o “crash” das plataformas CITIUS E HABILUS com todas as vicissitudes e contingências que essa inoperância gera no funcionamento dos tribunais e na atividade diária dos profissionais forenses, magistrados e funcionários. Avaliando pelo que se oferece aos nossos olhos, com esta reforma piorou a justiça, e só o futuro nos reservará opinião sobre sabermos se esta reforma permitiu poupar dinheiro ao estado, ou se “foi pior a emenda que o soneto”. Para já ficamo-nos pelas declarações da Bastonária da Ordem dos Advogados, a qual veio dizer publicamente que o problema da inoperância das plataformas vai traduzir-se em “atrasos irreparáveis”.
Para já, Mangualde perdeu a Comarca para o Tribunal de Viseu e ficou relegado a uma Instância Local de Competência Genérica, pelo que, a partir do passado dia 1 de setembro, só recebe ações cíveis de valor inferior a 50.000.00€ e processos criminais cuja pena aplicável seja inferior a 5 anos de prisão. As ações de Penalva do Castelo, que antes eram propostas e decididas em Mangualde, passaram com esta reforma para a Instância Local do Sátão. Alguns funcionários da nossa extinta comarca foram também redistribuídos por outros tribunais, incluindo o Tribunal da Comarca de Viseu. Naturalmente que esta reforma favoreceu imenso Viseu, em prejuízo de muitos concelhos como é o caso de Mangualde.
No início desta semana, a Sra. Ministra da Justiça, principal responsável pela reforma, questionada pelos jornalistas, relativamente à ampla contestação movida à reforma, apenas quis referir, curta e secamente, “ não podemos ter um tribunal qualquer, a funcionar de uma maneira qualquer, à porta de cada cidadão”. Já quanto à polémica inoperância das plataformas CITIUS E HABILUS, remeteu-se ao silêncio, apesar da entidade gestora do sistema informático CITIUS ter vindo a público dizer que a Sra. Ministra foi atempadamente avisada que as plataformas não estavam compatibilizadas para receber a nova reforma. Enfim, é o país que temos.
O mapa judiciário de Portugal ficou então dividido da seguinte maneira:
Dos 311 tribunais que existiam, 264 tribunais são convertidos em 290 secções de instância local e em 218 secções de instância Central.
As secções de instância local passam a julgar os casos genéricos e de competência cível e crime, quando o valor for inferior a 50.000,00€ no primeiro caso, e no caso dos crimes, quando estes tiverem penas inferiores a 5 anos de prisão.
As Secções de instância central passam a julgar os processos mais graves: no cível processos de valor superior a 50.000,00€, e no processo penal crimes com penas superiores a 5 anos.
O novo mapa judiciário que vem materializado no Decreto-Lei n.º 49/2014, de 27 de março dita o país em 23 GRANDES COMARCAS: AÇORES, AVEIRO, BEJA, BRAGA, BRAGANÇA, CASTELO BRANCO, COIMBRA, ÉVORA, FARO, GUARDA, LEIRIA, LISBOA, LISBOA NORTE, LISBOA OESTE, MADEIRA, PORTALEGRE, PORTO, PORTO ESTE, SANTARÉM, SETUBAL, VIANA DO CASTELO, VILA REAL E VISEU.
ENCERRAM OS TRIBUNAIS DE: ARMAMAR, BOMBARRAL, BOTICAS, CADAVAL, CASTELO DE VIDE, FERREIRA DO ZÊZERE, FORNOS DE ALGODRES, MAÇÃO, MEDA, MESÃO FRIO, MONCHIQUE, MURÇA, PAREDES DE COURA, PENELA, PORTEL, RESENDE, SABROSA, SEVER DO VOUGA, SINES (Juízo Misto de Trabalho, família e menores) e TABUAÇO.
27 TRIBUNAIS PASSARAM A SER SECÇÕES DE PROXIMIDADE: ALCÁCER DO SAL, ALCANENA, ALFÂNDEGA DA FÉ, ALVAIÁZERE, ANSIÃO, ARRAIOLOS, AVIS, CARRAZEDA DE ANSIÃES, CASTRO DAIRE, GOLEGÃ, MÉRTOLA, MIRA, MIRANDA DO DOURO, MONDIM DE BASTO, NISA, NORDESTE, OLIVEIRA DE FRADES, PAMPILHOSA DA SERRA, PENAMACOR, POVOAÇÃO, SABUGAL, SÃO JOÃO DA PESQUEIRA, SÃO VICENTE, SOURE, VIMIOSO, VINHAIS E VOUZELA.

Um abraço amigo

EDITORIAL Nº 645 – 1/9/2014

SR

 

Caro leitor,

Agora e depois das férias merecidas, voltamos ao trabalho e continuamos a desejar que este seja o esforço de cada um para o bem individual e colectivo.

Neste período próprio de relaxamento e retiros familiares, veio ao de cima uma notícia alarmante: o desastre BES. Desvios, buracos, banco mau e novo banco. Tudo foi péssimo. Porque o será para nós. Passamos anos e anos a viver a crise, a austeridade, a Troika e todos os cortes infinitos que nos foram impostos. E depois é isto. Aparece outro episódio deplorável, de administração corrupta e incompetente que consegue movimentar dinheiros públicos a seu favor. Com isto passamos a viver sobressaltados e principalmente descrentes. Não se tinham feito promessas no passado recente? Não foi prometida a regulação e fiscalização de todos os movimentos do Estado? Esqueceram-se que a falência do sistema financeiro tem um impacto directo no Estado? Terão memória curta. Depreende-se que o regular funcionamento das instituições, incluindo a Troika, é insuficiente. Ficamos com mais um imposto para o Zé.

Até coisas mais pequenas do que uma reforma nacional de política nos vão dando um pouco de esperança, ainda que em vão. Por exemplo, quando se vê um filho da terra a fazer parte do governo todos nós mangualdenses sentimos um orgulho de pertença, esperando que faça alguma obra de vulto em prol do nosso concelho. Contudo, volvidos tantos anos, chegamos à triste conclusão que de pouco ou nada nos tem valido ter conterrâneos como representantes nacionais. A título de exemplo, a auto estrada que ficou em Canas de Senhorim. Em observação dos concelhos vizinhos, notam-se as mesmas obras senão menos ainda. Não deixa de ser um orgulho, mas para comer temos de amassar o pão... Alguém nos dará de comer para além de nós mesmos e os nossos?

Abraço amigo

 

EDITORIAL Nº 644 – 1/8/2014

SR

Caro leitor
Existem mais, mas os três principais destruidores da nossa sociedade, são: a inveja, a maledicência e a droga.
Há pessoas que nascem e morrem sem fazer bem nem mal ao contrário de outras, que como não têm capacidade de ver sol, passam a vida só a olhar para aquele que trabalha sem cessar e, este invejoso como não faz nada, tem tempo para a maledicência e então inventa mil coisas só para tentar deitar abaixo os honestos, os trabalhadores, os competentes, os que tentam deixar este mundo melhor que o encontraram, isto em prol do mesmo e daqueles que os rodeiam. O que não faz nada, nem se ajuda a si, nem ajuda ninguém. Tenho e tenham pena deles. Deus lhes perdoe, porque Homem que é Homem faz outro Homem e não tem medo da sombra. Vamos tentar deixar melhor este mundo do que o encontramos, porque os nossos antepassados também assim o fizeram. Nós fomos feitos, mas o coração e o pensamento somos nós que o fazemos, ou bons ou maus, trabalhadores ou não, justos ou injustos, ninguém se esqueça que colhe o que semeia.
No último editorial falei do desenvolvimento de Mangualde, ou não. Vou aqui deixar à consideração do leitor outro assunto: a famosa fossa a céu aberto da Lavandeira. Já pagou grandes multas e foi feita grande propaganda para o Presidente atual ganhar a presidência. Quem não se lembra de grandes outdoors lá colocados, que era e é uma vergonha.
Quando já não há espaço para mais construção, o desenvolvimento de uma terra ou de uma cidade passa por a autarquia fazer estradas e ruas e incentivar o privado para continuar o desenvolvimento da mesma, e se analisarmos bem, outras cidades crescem sempre muito mais para os nós das autoestradas. Aqui em Mangualde, naquele local não foi o caso, precisamente por culpa daquela lagoa e cheiro nauseabundo. Perdeu-se naquela zona o desenvolvimento da cidade de Mangualde. Alguns habitantes desta zona, os poucos que lá existem, é como que foram enganados pelas promessas dos políticos ao comprarem a sua moradia, porque acreditaram que aquela situação vergonhosa e escandalosa mesmo a constituir perigo ambiental para Mangualde, ía ter remédio a curto prazo. O que não aconteceu. Louvo aqueles habitantes que são duma coragem extrema, mas não deixem de fazer reivindicações e abaixo assinados, estes a serem enviados para todos os órgãos de soberania, pois tem de ter uma solução à vista. O crime ambiental é punido e tem que ter solução. E desengane-se quem pense que a solução está para breve, pois ainda no início deste ano foram lá plantadas mais árvores, o que demonstra que é para continuar assim aquela vergonha. Quase metade duma cidade deitada ao abandono, ao esquecimento e ao seu destino escandaloso.
O vice-presidente da Câmara é engenheiro e manda na secção de obras, quem sabe, até ele poderá oferecer o projeto para a nova Etar.
Vamos à luta, ninguém se cale, que eu também assino o abaixo assinado.
Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 641 DE 15/06/2014

SR

Caro leitor,

Infelizmente e, mais uma vez, vão fechar escolas no nosso concelho e distrito. E claro que ficamos sentidos com o anúncio, mas não teremos de o expressar só ao governo, mas a todos os governantes nacionais e locais, actuais e anteriores, que para isto, mais ou menos, contribuíram.
Que fizeram ou têm feito, para fixar as pessoas no nosso interior, por forma a que não tenham de ir à procura de emprego à beira mar ou no estrangeiro? E que fizeram pela natalidade? Nada. E é exactamente neste ponto que está o cerne da questão. Descuraram o mais importante deste mundo: a continuidade da humanidade, a renovação de gerações e de ideais.
Fizeram portagens, edifícios, avenidas, campos de ténis, campos de futebol, auto-estradas sem medida, transformaram escolas que não eram perfeitas em escolas equipadas para lá das necessidades. Muitos milhões estoiraram em vez de apostar na natalidade e dar estes milhões às pessoas, fosse até em investimento. Todos estes milhões não trouxeram grande comida, grande calor, grande establidade às pessoas. Porque enquanto não apostarem na natalidade, todos os milhões cairão em saco roto no longo-prazo. Estamos a termo. Não vale esperar mais. Quanto mais esperamos mais perdemos pelo que poderíamos já ter conseguido. E assim, tudo o que fizeram vai continuar a sobrar, eventualmente ficará às moscas dos poucos que seremos sem filhos que tomem o nosso lugar.  Mas a despesa irá manter-se.
O que se tem feito pelas crianças vindouras? Despenalizou-se o aborto e nenhuma medida de natalidade repôs nascimentos. Estamos sempre cegos ao que é óbvio que necessitamos, até se materializar em problemas do dia-a-dia. Estamos à espera de acordar. E por este andar também não vai haver a casa do gaiato.
A falta de natalidade vai implicar que daqui a poucos anos apenas tenhamos lares de idosos e centros de dia e, as gargalhadas de crianças pela rua sejam raras, coisas do passado. A segurança social vai rebentar pelas costuras e o Estado Social vai atrás dela. Nenhum sistema se aguenta sem um ciclo geracional que o sustenha. Quiça se promova a eutanásia social, pois serão muitos e demais. E sem crianças.
Na era da tecnologia, é mais fácil esquecermo-nos das coisas que um dia foram básicas: que as plantas nos permitem viver e que as crianças igualmente o fazem.

Um abraço amigo

EDITORIAL Nº 640 – 1/6/2014

SR

Caro leitor,

Como reagiria se Mangualde se tornasse conhecida como cidade de indústria? E se fosse esta a marca de Mangualde? Seria uma marca forte, mas principalmente seria a única marca legítima para esta cidade. Existem outras que nos são atribuídas, mas que não são consubstanciadas no impacto real e qualidade de vida do nosso dia-a-dia. São fait divers.
As boas marcas vendem e as cidades, como produtos que são, têm de consolidar a sua marca. Qualquer empresário reage a uma marca associada ao crescimento e, por conseguinte, investiria em Mangualde, por oposição aos concelhos vizinhos. Ademais, indústria gera indústria, o que significa que cada empresa que se localize numa região gera toda uma rede comercial, desde clientes, a produtores intermédios e a fornecedores, que abre oportunidades de negócio para empresas de suporte, a jusante e a montante. Para isto, é preciso convencer investidores, trabalhadores, moradores e turistas de que vale a pena apostar na cidade.
Mangualde precisa, como o pão que se come, de estrutura e mecanismos que permitam e facilitem estas oportunidades, nomeadamente de uma circular como já referi na edição 622 de 1 de setembro de 2013, pág. 19, mas principalmente de uma zona industrial convidativa. Seja pela concessão de instalações suportadas pelo Município no início da actividade, como outros concelhos já fizeram com sucesso, seja pela organização e facilitismo burocrático de instalação e prossecução da actividade, entre outras medidas possíveis. Enquanto assim não for, continuaremos a marcar passo.
Mangualde tem de ter visão e tem de estar em todas as frentes, pois tem uma localização propícia ao desenvolvimento, em termos de acessos e proximidade à capital de distrito. Também, a nível de meios humanos, tem funcionários capazes.
A renovação do tecido empresarial deve então ser o motor e a alavanca de todo o concelho.
Se Mangualde não evoluir nesta direcção, um dia não muito distante vamos ficar ultrapassados, parados no tempo. Mangualde tem de sair do marasmo, temos acima de tudo de trabalhar para as pessoas e em prol das mesmas, dando condições a todas por igual, e tendo sempre em conta as que mais precisam, essencialmente de trabalho. A resposta será sempre a indústria, por forma a suportar todo o tecido empresarial desta cidade, desde o comerciante mais pequeno, seja o que vende pregos ou um café, aos que vendem produtos para outras fronteiras. Temos de ver as empresas, não como produtoras de bens, mas como fornecedoras de emprego. Temos sempre de as apoiar e ajudá-las para nos ajudarmos a nós mesmos. Porque no fim de contas, todos dependemos uns dos outros.

Um abraço amigo

EDITORIAL Nº 639 – 15/05/2014

Caro leitor,
Comemora-se hoje, dia 15, o dia Mundial da Família e eu como homem de família não podia deixar de falar da sua importância. Família é uma palavra bonita e afectiva, assim como mãe, pai, filhos, avós, primos, amigos, etc. Muito há a dizer do significado que encerra, para uns de uma forma e outros de outra. Assim como uns lhe dão valor e outros não, pelos mais variados motivos. Já quando eu era pequeno, se ouvia que de um “bom ninho sai um bom passarinho”. Mas como em tudo, alguns irrequietos podem cair no desprezo ou egoísmo ou podem voar em direcções de famílias melhores.
Para mim, como para muitos, a família é sagrada e dou muito valor às que com o tempo se mantêm unidas nas vissicitudes ou meras simplicidades da vida. Conheço muitas assim, que conseguem exemplificar o que deve ser sem tentarem, mas também conheço outras em que prevalece o ódio, a inveja, a mentira, o mau estar e os maus caminhos, porque não conseguem encarar com compreensão as diferenças ou percursos que cada um tomou como seu. Porque todos nos sujeitamos à mesma realidade, mas ninguém a vê da mesma maneira. A diferença entre famílas que dignificam a palavra e outras, é a tentativa. Cada ser humano é livre de escolher o seu caminho e aprender com ele. Uma família tenta apoiar, mesmo que seja através da exposição de cenários contrários ou adversos, mesmo que seja pela convicção expressa.
Mas nem tudo vem feito. Assim como um homem faz outro, a família também se constrói a cada dia que passa. Se tudo for discutido e decidido em família, o risco de insucesso e insatisfação é menor para cada membro, mantendo a família empenhada e unida, no bem comum e de cada um. Todos devem construir a casa à volta da Pedra Angular e assim não há tremor de terra que a deite abaixo. Uma casa assim não é construída na areia nem começada pelo telhado.
Não há modelos perfeitos, porque o ser humano também não o é e é falível, mas somos obrigados a ser racionais e medirmos todas as consequências dos nossos actos. Ás vezes até dos outros. Se conseguissemos ser racionais dentro do mais possível estaríamos perto da perfeição, mas temos todos outro lado que emocionalmente tolda a nossa maneira de pensar. Creio que todo o ser humano vive à procura da felicidade e palmilha léguas para a encontrar e muitas vezes está mesmo por trás dos seus olhos e não consegue vê-la. As primeiras respostas devem ser procuradas primeiro em nós e depois perto de nós.
Conheci e conheço pessoas simples, que só colocam a gravata em cerimónias, mas são felizes mais dias que outras pessoas mais empoderadas. Sempre defendi, por isso, que cada um é feliz à sua maneira. É tudo uma questão de conseguir ver para lá do muro ou ver até à sua retaguarda. Vamos esquecer os males deste mundo e ver a bonança que sempre nos deu, ainda que nem sempre pareça óbvia.
A vida é bela, vamos saber vivê-la.
Um abraço amigo,

EDITORIAL Nº 638 – 1/05/2014

SR

Caro leitor,
Não é mau de todo copiar, mas sim copiar mal. Copiar e imitar desde sempre fizeram parte do processo de aprendizagem e instigam-na. No entanto, temos tido aos mais altos níveis de governação quem não copie bem. Fala-se muito dos outros Países quando querem alterar a nossa Constituição da República mas pergunto eu, onde foram copiar Vale e Azevedo, Sócrates, Duarte Lima e outros que sobre ela até juraram, quando nas suas lutas de interesse próprio ofenderam todos que neles depositaram confiança. Aqui não copiam exemplos, que não uns dos outros.
Parte dos empresários também copiam más práticas ou falham em copiar as boas que lhes permitiriam retirar maior rentabilidade, sem terem de adoptar as más. Será este o benefício de copiar: melhorarmo-nos. Existem empresários, que não adoptando nenhum dos comportamentos, utilizam o cliente em benefício próprio e atropelam o serviço que lhe oferecem e com ele, tarde ou cedo, a empresa. Porque qualquer empresa existe claramente por causa dos seus clientes. Caro leitor peça sempre informações em várias empresas, mas não só, antes de contratar o trabalho que quer realizar para que, no final não tenha que pagar, só em mão de obra, mais 26000 euros que o contratado, como já me aconteceu. Deixe tudo escrito e registado porque a palavra e homens de chapéu já há poucos, mas existem.
Acabámos de celebrar o 1º de Maio-- dia do Trabalhador. De facto, é caso para celebrar a nossa vida de trabalho. Uma vida inteira de trabalho é obra, pois é do trabalho que vem o pão de cada dia e é o trabalho também que nos honra e dignifica. Neste dia, celebrem-se os trabalhadores por conta própria e por conta de outrém, os trabalhadores que dão o seu melhor durante décadas e em dias é-lhes negado o seu salário, sem apelo nem agravo, com a desculpa que não há dinheiro.
Neste dia, recorde-se a máxima do trabalho: um bom empresário faz bons trabalhadores e bons trabalhadores fazem uma boa empresa. Quando o empresário não tem visão e não é justo, ao primeiro abalo cai tudo por terra e vai-se a vaidade e a casa construída na areia, arrastando consigo quem não tem culpa dos seus desvarios. Deixa mal todos os seus dependentes, enquanto o Estado assiste impávido e sereno sem auxiliar ou fechar a empresa atempadamente. De igual forma, também o trabalhador dependente pode minar a actividade de uma empresa, quando diariamente não procura contribuir para além do ganho do seu salário. É preciso um esforço e uma mentalidade colectiva no trabalho, porque só assim o trabalho terá sentido e frutos para ambos.
Abraço amigo

EDITORIAL Nº 637 – 15/4/2014

SR

Caro Leitor,
Estamos na Páscoa. Vem à nossa memória Jesus crucificado, entregue por Judas a troco de 30 moedas. Mais lhe valia que nunca tivesse nascido, evitava o justo castigo de cometer suicídio no laço.
Um apóstolo da confiança de Jesus traiu-O a troco de 30 dinheiros. E se naquele tempo foi só um, hoje quantos seriam mais? Os tempos deram azo à facilidade em justificar comportamentos atrozes. Obviamente que a política neste cenário é rainha. Apregoa-se a boa vontade e a boa acção e, contas feitas, vêm-se a revelar Judas, com 30 e mais moedas mas sem suícidios (políticos).
Páscoa também traz à memória as relações entre padrinhos e afilhados. Recordo os anos 70 em que as melhores assembleias de família eram a Páscoa, o Natal, a festa da aldeia, a matança do porco, as ceifas e a debulha. Sempre com a família e amigos reunidos à volta de uma mesa bem posta para o culminar da festa. Hoje em dia, há outras distracções menos humanas.
No dia de Páscoa, logo pela manhã, ia ao encontro do meu padrinho, pedia-lhe a bênção e logo depois ele dizia “Deus te abençoe e te faça um santinho bem grande”. Dava-me um pacote de amêndoas e eu ficava todo feliz com o meu folar, porque naquele tempo só havia amêndoas na Páscoa. Ainda hoje, gosto muito do meu padrinho e estimo cada atitude que teve para comigo, mais do que as amêndoas.
Nestes dias sinto a alegria das pessoas, pois os familiares regressam às origens, onde ainda o compasso se desloca às habitações e algumas famílias festejam até com alguns foguetes que já têm preparados para o efeito. Há tradições que nunca deveriam acabar e esta é uma delas, porque nos leva de volta às raízes e à sua simplicidade.
Mais um marco também se celebra: o 25 de abril, desta vez com uma celebração histórica. 40 anos se passaram; 40 anos de liberdade, 40 anos de esperança mas, podemos ainda pensar que foram 40 anos perdidos dos objetivos e ideais que se exaltaram na altura e daquilo que se imaginava que viesse a ser Portugal. Este ano de 2014 vamos festejar a liberdade ou vamo-nos lembrar da falta dela? Que confusão! Viva abril, viva a liberdade, viva a esperança e viva o Portugal que queremos. Esse, ainda vive.
Um abraço amigo. Feliz Páscoa.[/s2If]

EDITORIAL Nº 636 – 1/4/2014

SR

Caro Leitor,

Celebrou-se no dia 21 de março o Dia Mundial da Árvore. Bastas vezes, a comunicação social tem as objectivas prontas para tudo e todos. Particularmente, como sabemos, quando se tratam de desgraças dedicam-lhes horas e horas sem fim. Mas neste dia, dos mais importantes para o prosseguimento da humanidade e do mundo como o conhecemos, dedicaram um simples minuto: o Presidente da República com a ministra da Agricultura à volta da rede de um sobreiro. É pouco. É pouco tempo dedicado ao que nos dedicou a vida. Porque a árvore é o pulmão deste nosso habitat e aquele dos nossos filhos, netos e concidadãos.

Antes de 1974, a então junta autónoma das estradas plantava árvores à beira das Estradas Nacionais por todo o País, de como há memória, e ainda hoje se vêem algumas resistentes. Digo algumas porque no espaço de 40 anos, assistimos ao descuido e corte cego das mesmas.
Percebe-se que seja necessário desbravar algumas da paisagem para dar espaço à edificação, mas peca-se em não se plantarem duas ou mais por cada uma que desaparece. Onde está a política destes governos para sustentar o verde que nos dá vida? É a questão mais importante para o nosso futuro e é ao mesmo tempo a mais descurada e adiada. Seria este o dia de relembrar a importância da árvore e as políticas que se devem implementar em seu e nosso nome.
Em Mangualde também se assinalou este dia e a Câmara Municipal em parceria com a PSA plantou muitas árvores ao nó da A25. Estava também presente a Guarda Nacional Republicana, representada pelo Sr. Comandante do posto de Mangualde. Foi bonito ver chegar o autocarro da Câmara cheio de meninos que se juntaram ao evento. É importante dar-lhes a conhecer desde cedo o valor da árvore para todos nós. Podiam, no entanto, sensibilizar mais as pessoas para o mesmo, através não só da plantação de árvores, mas também pela divulgação de informação e instituição de hábitos sustentáveis.
Um abraço amigo[/s2If]