Arquivo mensal: Junho 2020

SANTO ANTÓNIO

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Comemorou-se no passado dia 13 de junho, o dia de Santo António, neste concelho, festejado em algumas localidades mas, sendo a Festa mais tradicional a de Santo António dos Cabaços em S. Cosmado. Este ano, devido à situação de contingência que o país vive, não se realizou com a habitual solenidade que lhe é tão carateristica.

SOLENIDADE DO CORPO DE DEUS

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A solenidade do Corpo de Deus, feriado nacional, este ano foi vivida de forma diferente.
As habituais celebrações, onde, por norma, tinham, lugar as Festas de Primeira Comunhão, este ano não se realizaram devido às contingências provocadas pela pandemia do COVID-19.
Também, as grandiosas procissões que neste dia se realizavam nas diversas localidades, com o pároco a transportar o Santíssimo pelas várias ruas não tiveram lugar, tendo ao Santíssimo sido feita a adoração ao no interior da igreja.
“A Solenidade de Corpus Christi ou Corpus Domini (expressão latina que significa Corpo de Cristo ou Corpo do Senhor), e generalizada em Portugal como Corpo de Deus, é uma comemoração litúrgica católica que ocorre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma Festa de Guarda, em que a participação da Santa Missa é obrigatória, na forma estabelecida pela conferência episcopal do país respectivo.”

FREGUESIA DE ESPINHO INAUGUROU ESPAÇO DE CIDADÃO

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Ao final da tarde do passado dia 14 de junho, foi inaugurado na Freguesia de Espinho o Espaço Cidadão.
Com a inauguração deste novo espaço a freguesia deu mais um passo em direção ao progresso e à modernização trazendo qualidade de vida às pessoas e instituições.
Como referiu António Monteiro, Presidente da Junta “este pequeno espaço com grande significado contribuirá para a coesão do nosso concelho.”
António Monteiro, prosseguiu ainda “Continuamos, naturalmente, empenhados na definição e implementação de políticas locais que dignifiquem e valorizem a freguesia com todos os parceiros e forças vivas da comunidade local que se uniram no propósito de dar valor e sentido às iniciativas que favorecem e engrandecem a nossa Freguesia. O espaço disponibilizado à Refloresta atesta esse empenho. Temos trabalhado num verdadeiro espírito de cooperação, responsabilidade e rigor com todos os que nos querem acompanhar no progresso sustentável. A minha freguesia são as Pessoas. É para elas e por elas que eu vou continuar a missão de servir, completamente desprendido de qualquer outra pretensão que não seja a de fazer mais e melhor pela nossa terra.”

RENASCIMENTO FALOU COM EDUARDO ALBUQUERQUE, PRESIDENTE DA JUNTA DE ABRUNHOSA A VELHA

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Renascimento foi, nesta edição, conhecer um pouco mais a freguesia de Abrunhosa a Velha.
Fomos recebidos pelo Presidente da Junta de Freguesia local, Sr. Eduardo Albuquerque na sede da Junta e, numa conversa corrente, ficamos a conhecer um pouco mais de Abrunhosa a Velha.

RENASCIMENTO - O senhor, como é que se chama?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Eduardo Albuquerque.

RENASCIMENTO - E onde é que o senhor nasceu?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Nasci na Abrunhosa-A-Velha há 45 anos. Trabalho em Mangualde, mas vivo, aqui, povoação com a qual me identifico.
Neste momento, estou no 3º ano do 2ªmandato como Presidente da Junta de Freguesia da Abrunhosa-a- Velha

RENASCIMENTO - Quais são de facto as referências típicas da Abrunhosa-a-Velha?
EDUARDO ALBUQUERQUE - As referências típicas? Eu preferia falar daquilo que eu tenho feito neste meu mandato, do que tenho promovido e desenvolvido.

RENASCIMENTO - Abrunhosa-a-Velha, onde é que está a nova?
EDUARDO ALBUQUERQUE - A nova… para mim a nova começou, ou é, tudo o que tem sido desenvolvido no meu mandato.
Abrunhosa é um paraíso, eu não a trocava por nada. Por esse motivo, é que optei por fazer aqui a minha casa. Casei, fiquei cá, sabendo das dificuldades que tinha, porque a minha mulher também trabalha em Mangualde. Não temos horários iguais, compatíveis, então, são duas deslocações independentes, com as dificuldades que lhe estão inerentes. Não esquecer que a distância entre esta localidade e Mangualde é de 16 Km.

RENASCIMENTO - O que é que tem feito como Presidente?
EDUARDO ALBUQUERQUE - O que tenho feito? O senhor, atrás, falou em Abrunhosa a Nova, e, nesse sentido, tenho que lhe dizer que, para mim, a “Abrunhosa a Nova” começou a partir do momento em que eu vim para a Junta, com base no que tenho feito.

RENASCIMENTO - Quais são as suas ideias sobre a Abrunhosa-a-Velha?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Para lá tudo que possa sobre ela ser dito, tenho que afirmar que é um orgulho para mim e para todos os cidadãos/ãs da Abrunhosa, os senhores e qualquer pessoa que aqui chega e encontra tudo limpinho. Aposto muito nessa situação, na limpeza da freguesia. Seja aqui em Abrunhosa, ou em Vila Mendo de Tavares, temos tudo limpo, “cinco estrelas”
Acrescento-lhe que, no meu mandato, conseguimos realizar a obra da estrada Póvoa/Abrunhosa, que já há muitos anos estava programada, mas que nunca ninguém conseguiu fazê-la. Neste projeto, foram realizadas alterações no percurso que tornaram, assim, a Abrunhosa de mais fácil acesso, porque dispõe, agora, de uma via terrestre renovada.
Temos, porém, um problema grave, a nível de funcionários. Muitos deles são colocados pelo centro de emprego, mas só os podemos ter um ano, ao fim desse período têm que ir embora.

RENASCIMENTO - Essa obra, a que referiu, é da Junta ou é da Câmara?
EDUARDO ALBUQUERQUE - A obra é da Câmara, sem dúvida, mas com uma ajuda enorme da Junta. Eu acompanhei aquela obra do início ao fim, no que diz respeito à parte da minha freguesia, cujo limite é até à ribeira da Senhora dos Verdes. Acompanhei-a desde a identificação dos proprietários dos terrenos até à sua realização final. Considero que foi uma mais-valia. É de facto uma obra da Câmara, mas produto de uma grande insistência da junta. Defendemos, sempre, na Câmara Municipal de Mangualde para que ela fosse realizada, pois, como estava, era um perigo na circulação dos carros. Aconteceram muitos acidentes naquele percurso. Não aconteceu, felizmente, um fatal. Houve casos de acidentes, em que os carros se despistaram para os ribeiros circundantes, naquelas curvas muito apertadas. Eu observava essa situação de manhã, com frequência, quando circulava para Mangualde.
Nós na Abrunhosa temos duas opções de trajeto para Mangualde: uma é pela Póvoa de Cervães, a outra é por Guimarães de Tavares. Contudo, as pessoas optam, preferencialmente, por se deslocarem pela primeira opção. Não por ser mais perto, porque serão, para aí, 500 metros, não deve ser mais, mas é uma ideia que as pessoas têm interiorizado. Pode haver 50 pessoas da minha freguesia a trabalhar em Mangualde, se calhar 49 fazem esse percurso e não pelo outro.

RENASCIMENTO - A proposta de alterações da via prendia-se com a sua melhoria. Contudo, a ponte de acesso à Abrunhosa mantém-se na mesma como estava, não sendo sujeita a qualquer alteração? Qual é a justificação para tal facto?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Como lhe disse a obra é da Câmara, sem dúvida, e pelo que eu sei, com base no acompanhamento que efetuei de todo o trabalho realizado, a construção de uma nova ponte aumentava o orçamento num enorme valor, por isso, o projeto da ponte foi adiado, optaram por fazer a estrada e não fazer a ponte. Um erro grave, não é? Mas não era a junta que poderia assumir a responsabilidade de construir uma nova ponte, de contrariar a tomada de decisão mencionada, pois não tem condições, a vários níveis, para tal.

RENASCIMENTO - Insistiram para que essa situação fosse resolvida, através de uma possível alteração da via-férrea a assumir pela REFER?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Sim, depois de a estrada já estar concluída, tivemos uma reunião com um Engº da REFER, precisamente na ponte. Na altura, tivemos conhecimento de que ela estava incluída no projeto de alargamento da linha da Beira Alta. Por esse motivo, foram realizados vários estudos no terreno. Eu próprio tive oportunidade de os observar várias vezes, em momentos diferentes. Não fica igual ao que estava no projeto da Câmara, vai ser noutros moldes. O estudo está adiantado e eu julgo que vai avante. Ainda bem que vai ser feito. Não foi feito por um lado, mas vai ser feito por outro, mas também, por muita insistência da Câmara. Esta, assim que soube que a REFER ia fazer o alargamento da linha da Beira Alta, inteirou-se de imediato, e entrou em conversações com eles, precisamente por causa desse problema da ponte.

RENASCIMENTO - Recordamos que na Abrunhosa já houve um polo de promoção turística muito importante, que foi o hotel. No entanto, nestas últimas décadas, não tem sido muito aproveitado, não só em termos da sua funcionalidade, mas em termos da própria promoção e desenvolvimento de Abrunhosa. Quais têm sido os motivos para que a situação indicada se tenha verificado, ou esteja a verificar-se?
EDUARDO ALBUQUERQUE - No tempo do Sr. Aires, de Amarante, esteve aberto muitos anos. Depois de ele sair, vieram dois sócios, mas acabou por ficar só um, o que é do Norte. Penso que deixou o hotel há 2/3 meses, mas fez obras, arranjou o espaço exterior do jardim.
Pelo que já ouvi dizer, há gente interessada na aquisição do hotel e que pelo que consta está para breve a nova abertura, o que para nós é bom. Mas como lhe digo, a Junta de Freguesia dá apoio. Este é moral, pois, quando chegam novos proprietários, tentamos acompanhar, ao máximo, os projetos que eles têm para o hotel, tal como aconteceu com estes últimos. Na altura, vim com o Sr. Presidente da Câmara, a incentiva-los, a dar força ao seu projeto.

RENASCIMENTO - Tem alguma ideia, porque é que este hotel nunca atingiu um nível de desenvolvimento, em consonância com um pretenso potencial que possua?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Deixe-me dizer-lhe uma coisa, eu desde que sou Presidente da Junta tenho acompanhado, de uma forma mais presente e mais ativa, o hotel e posso dizer-lhe que ele tinha muita gente. Temos nele, agora, um grande problema, que sempre tivemos, o acesso. Por exemplo, se chegar aqui um autocarro, com pessoas de vária origem, não tem acesso ao hotel, pois, como sabe, ele não chega lá. As pessoas que querem ir ao hotel têm que sair do autocarro e deslocar-se a pé; são ainda 500/600 metros. Se falamos, entretanto, em pessoas idosas para fazer este percurso a pé, concluímos que não é fácil. É este o grave problema que sempre identificamos no hotel.

RENASCIMENTO - Então e a Junta não tem uma proposta alternativa para essa situação?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Já pensamos em várias propostas e se calhar, futuramente, vamos partir para uma delas. Uma poderá ser a construção de uma via pelo lado da Senhora dos Verdes, direta ao hotel; a outra poderá ser pelo lado do Centro de Dia. Será dispendiosa qualquer uma das propostas, mas teremos, também, que contar com o apoio da Câmara.

RENASCIMENTO - Essa via, ou vias propostas, poderá/poderão permitir ter acesso mais fácil ao hotel, mas permitirá, de igual modo, à Abrunhosa ter um maior desenvolvimento, pois, constata-se que tem estado muito fechada sobre si própria?
EDUARDO ALBUQUERQUE - É lógico e, por a razão indicada, esperamos que o hotel funcione a 100% e promova, ao nível proposto, um crescimento na Abrunhosa.

RENASCIMENTO - O senhor está orientado para ajudar a promover o hotel como um dos recursos da Abrunhosa?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Orientado, claro que sim, sempre estive, sempre estive do lado de quem quer trabalhar, não só com o hotel, mas com as associações. Tenho as apoiado naquilo que posso.

RENASCIMENTO - Ora, neste momento, está à espera que surja uma nova gestão.
EDUARDO ALBUQUERQUE - Sim. Posso dizer-lhe que essa situação está bem encaminhada. Não posso adiantar muito, porque também não sei muito, mas, reforço, está bem encaminhado para o Hotel voltar a ter uma funcionalidade, de acordo com o seu potencial.

RENASCIMENTO - O senhor acredita, assim, no hotel?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Acredito, piamente

RENASCIMENTO - E também acredita que possa haver aqui, no hotel, umas termas, porque dizem que nele existe uma fonte termal?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Todos os proprietários que têm passado aqui pelo hotel, todos eles sabem a sua história. Sabem a história das águas termais, sabem tudo, sabem que a quinta do hotel é rica em vários nascentes de água. Toda a gente sabe isso, está escrito. As pessoas que possam explorar o hotel, só não avançam com esse projeto, aliás, realizarem essa exploração, se não quiserem. No sentido do referido, espero que surja uma gestão no hotel que promova, de uma forma autêntica, o seu potencial. É o meu desejo como Presidente, que é partilhado por toda a população da Abrunhosa-A-Velha. O hotel a trabalhar a 100%, com um investimento no turismo e com a promoção consequente da freguesia, poderá permitir surgimento de postos de trabalho .

RENASCIMENTO - Em relação à ETAR, acha que está bem localizada?
EDUARDO ALBUQUERQUE - A ETAR? Está bem localizada! Escolhemos o melhor lugar.

RENASCIMENTO - E apanha todas as moradias, toda a gente?
EDUARDO ALBUQUERQUE - A aldeia está quase toda abrangida pela ETAR, aliás, fizemos mais 12 novas ligações dum bairro novo à saída de Abrunhosa, que também não tinha esgotos. No início, estava localizada numa parte baixa, ao pé do túnel. Em seguida, alteramo-la para fazermos a ligação das 12 habitações mais recentes, situadas à saída de Abrunhosa. Na actualidade, temos a aldeia toda ligada para a nova ETAR. Não foi feita a inauguração, como é lógico por causa do problema que estamos a viver atualmente. A ligação está feita e o certo é que conseguimos resolver um problema de décadas em Abrunhosa. As pessoas que passavam na via central de Abrunhosa, no tempo de verão, não conseguiam lá estar, não conseguiam lá passar com o cheiro. Essa situação, hoje, não acontece. Na ribeira, a água está lisinha, cristalina, a correr pelo leito. Essa foi a minha maior “luta”, a próxima luta é fazer a ETAR de Vila Mendo de Tavares. Tem, também, um problema grave, mas como não pode ser tudo ao mesmo tempo, teve que ir mais devagar

RENASCIMENTO - Uma vez que temos na parte mais baixa da Abrunhosa-a-Velha a ETAR, não seria possível canalizar todos os esgotos de Vila Mendo de Tavares para esta ETAR, que já está feita?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Pensamos nisso, fez-se um levantamento, mas ficava muito dispendiosa.

RENASCIMENTO - Vila Mendo de Tavares é muito grande?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Vila Mendo de Tavares ainda é grande e depois é a tal situação igual à de Abrunhosa, é a via central. É o cartão-de-visita, a entrada da povoação. É logo ali que se nota o grande problema, que se vive nas aldeias. Para além de ser prejudicial à saúde e a quem nos visita.

RENASCIMENTO - O senhor falou nesta via central, situando-a desde a ponte, no inicio da Abrunhosa-a-Velha, até Vila Mendo de Tavares, não será que, poderá ser considerada uma via que deve ser explorada?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Eu também acho que sim.

RENASCIMENTO - Não considera que deveria ser o verdadeiro cartão de visitas da Junta da Freguesia de Abrunhosa a Velha?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Concordo, até porque você neste trajecto, entre a ponte de que fala e Vila Mendo de Tavares, tem uma vista deslumbrante da Serra da Estrela.

RENASCIMENTO - Com a construção da ETAR de Abrunhosa e a possível construção da ETAR de Vila Mendo de Tavares, considera que o saneamento básico da sua freguesia fica resolvido?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Fica, na sua maior parte, todo resolvido. Há casas que, por exemplo, não dão cota. Tenho, presentemente, um bairro logo a seguir à ponte, 2 ou 3 casas, que é impensável fazer a ligação para a ETAR por causa da cota, porque não dá cota de ligação. Temos apoiado essa gente, com as atuais fossas sépticas. Eu gostava que estivesse a 100%, mas isso é impensável. Em Vila Mendo talvez a gente consiga, é muito mais fácil. Aqui em Abrunhosa temos um ou dois bairros problemáticos, por causa da cota que não dá.

RENASCIMENTO - O senhor vai ser novamente candidato?
EDUARDO ALBUQUERQUE - Serei candidato, sim, em 2021, porque tenho coisas a acabar que ainda não estão concluídas. Vou-me propor isso no próximo mandato para conseguir fazer aquela obra em Vila Mendo de Tavares. Deixe-me dizer-lhe que assumi a Junta de Freguesia e propus-me a um objetivo de obras que elaborei, na altura, com a minha equipa. Neste momento tenho as obras todas realizadas, com a exceção de uma que eu prometi à população na altura. Consegui com o meu trabalho, com obras da Câmara e com ajuda de algumas pessoas. Realço que fui eu que pressionei a Câmara Municipal para alcançar o objectivo proposto. Saliento, mais uma vez, que andei a dar a cara para isso se fazer. Falamos na estrada, e na ETAR. Esta era um problema de décadas na Abrunhosa.
Informamos os nossos leitores que alguns temas da Abrunhosa-a-Velha não foram abordados, porque o vão ser em edições específicas, nas quais se enquadram.
Terminamos a entrevista com o senhor Presidente da Junta de Freguesia da Abrunhosa-a-Velha e Vila Mendo de Tavares, com um sincero agradecimento à sua pessoa.

EDITORIAL Nº 777 – 1/06/2020

DIRETOR
Neste Renascimento, damos conta de três situações que, embora distantes, convergem na promoção do bem-estar pessoal, em contexto social.
Num primeiro momento, no dia vinte e oito de maio, deslocámo-nos à feira quinzenal de Mangualde, que reabriu ao público, mas com algumas atividades. Esta abertura permitiu às pessoas, que a procuraram, a satisfação pessoal de um novo contacto social que há muito tempo não era realizado. Estes contactos refletiram-se na emoção de um reencontro. As pessoas com quem falámos, manifestavam alegria por esta vivência social.
Num segundo momento, efetuámos uma entrevista com Pedro Guimarães, Presidente da Associação Empresarial de Mangualde, que nos deu conta da realidade deste movimento associativo, num contexto novo, que foi o da pandemia do coronavírus. Na entrevista, realçou, sempre, a importância da pessoa. O Presidente da AEM referiu que o verdadeiro problema ainda não chegou propriamente a sério às empresas. A partir daqui enunciamos várias questões com o objetivo primordial de esclarecer os nossos leitores sobre a importância ativa da Empresa e da Associação Empresarial no contexto de Mangualde.
Pedro Guimarães respondeu com convicção a todas as questões colocadas. Esta constitui o seu verdadeiro ativo, no espaço de trabalho que assume, e que esteve sempre presente na entrevista realizada. É uma disposição comportamental que não pode ser esquecida e que, de algum modo, nos poderá permitir compreender as orientações que para Mangualde poderão advir com a frontalidade, inteligência e lucidez assumida pelo nosso entrevistado.
Num terceiro momento, entrevistámos a Chefe dos Escuteiros de Mangualde que nos falou da sua atividade como escuteira. É uma narrativa brilhante. Baden-Powell, criador do escutismo, esteve e está presente. A humildade desta chefe ativa dos escuteiros de Mangualde é surpreendente, não pelo supérfluo, mas sim, pela sua simplicidade. O seu pragmatismo transborda na sua prática diária, constituindo-se como metáfora social a reter e a utilizar no contexto de crise que ainda vivemos.
Com referimos neste editorial, a PESSOA e o seu nível de satisfação, no seu espaço imaginado e vivido do seu bem-estar, realiza-se em Mangualde, numa situação de mudança social em contexto pós-crise.

REFLEXÕES

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PATRIMÓNIO CULTURAL (2)
Iniciei este tema, numa abordagem simples em que a ideia fundamental era dar a conhecer, ou relembrar a existência das normas proclamadas na Carta de Veneza, para orientação das comunidades cientificas e outras, na salvaguarda e conservação do Património Histórico a nível mundial. Não pretendo transcrever e dissecar o documento, mas somente chamar a atenção para os Artºs. que se seguem a partir do 9 e dão as primeiras directivas para a execução de restauros que se pretendessem desenvolver em qualquer região do planeta. A UNESCO é a entidade internacional que superintende nessas acções. A quem desejar aprofundar esta temática bastará ir à internet e encontrará muito material informativo.
O que eu pretendo nas minhas reflexões é abordar algumas situações reais que nesses horizontes do “ material e imaterial” fui encontrando a cada passo ao longo do tempo. Na minha vida profissional fosse no ensino ou na prática arqueológica, deparei-me com inúmeros momentos de espantosa informação quando se deseja aprofundar e comprovar a razão dos factos determinantes duma qualquer solução arquitectónica ou execução de artefactos indispensáveis à vida quotidiana nos mais diversos campos e tempos. As áreas de trabalho que nós hoje apelidamos de design nas diversas dimensões e fins e a concepção gráfica, estão ao serviço da criatividade ao longo dos tempos, desde o homem mais primário, pensando por exemplo nos grafismos em rochas, nas pinturas das cavernas e também na resolução de problemas na construção dos abrigos, locais de culto e outros desde os mais rudimentares aos infinitos arranha céus dos nossos dias. O produto que se segue ao acto de criar vem a constituir o património seja de uma pessoa, dum grupo, duma sociedade, dum povo, consoante a circunstância e a época.
Voltando então à problemática da conservação e restauro de património construído, é este que neste momento me interessa, e respeitando as normas instituídas, era suposto que qualquer técnico que se assumisse restaurador estivesse inteiramente informado dos processos correctos de execução que conduzissem a um restauro de, e da verdade, porque um restauro a nível histórico não pode nunca, seja em que circunstancia for, enganar, induzir em erro o observador incauto ou menos informado. E para mim, e para outrem, conhecedores das normas que deverão orientar este género de trabalhos ficamos com um sabor amargo e desiludidos quando observamos erros de palmatória que nem sequer permitem uma futura correcção, tal é o descalabro. Já vi restauros de espaços arquitectónicos de há vários séculos que não são mais que uma reconstrução moderna de muros danificados pelo tempo e pelas vicissitudes da mão humana ao longo dos tempos. Para quem ama a mais autêntica verdade histórica e entende alguma coisa destes assuntos não pode deixar de assinalar os pontos negros destes trabalhos por mais respeito que tenhamos por quem se empenhou neles. Encontraremos pelo nosso país demasiados maus exemplos de que nos ocuparemos na próxima reflexão.
Maio 2020

SANFONINAS

dr. jose
A MALVA
– Temos de cortar aquela malva, não achas?
– Porquê?
– Está grande de mais, abafa a roseira pequena. E, depois, para que serve? Não nos apetece lavar ninguém com água de malvas nem para curar infecções; já não estamos em maré de atirar inimigo às malvas; não carecemos de lhes secar as folhas para chá, porque Malveira, a povoação a que deram nome, não é aqui!
– Sim. Vou apará-la, mas não a arranco. Gosto das flores dela, sabes?
Observei melhor. Quem diria? Cada uma das suas cinco pétalas, de raios violáceos, tinha na ponta uma chanfradura! À vista normal, apressada, tal seria resultado – diríamos – de roedela de bicho daninho, lagarta nociva. Não era! Requinte estético duma Natureza a surpreender-nos sem cessar!
E o gracioso recorte das folhas palmadas? Sim, lembro-me de ter aprendido em Botânica que folhas assim, em jeito de palma da mão e com cinco dedos eram palmadas e palminérveas.
Só o vírus e a quietude por ele proporcionada, a exigir agendamento de ritmo me permitiram, parar, sem pressa, na admiração de singela malva, doutra forma despercebida por completo. As flores feneceriam sem que eu nelas reparasse; as folhas – que deslumbrante desenho o das nervuras!... – acabariam por perder este verde forte, amareleceriam, tombariam murchas e finar-se-iam, incógnitas, no meio de bem desagradável lixo de jardim.
Podem estar descansadas, amigas! Aí completarão o ciclo de vida. “Resto inorgânico indiferenciado”, sim; mas, se lhes for possível ter consciência, poderão ufanar-se perante as demais:
– Sabes? Um dia, o senhor do jardim onde eu vivi, reparou em mim, achou-me bonita e até fez uma crónica a chamar a atenção para o invulgar recorte das minhas pétalas, imagina!...
Sinto-me de missão cumprida!

IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 77
Às vezes são lendas, mas outras realidades.
Conta-se que na estrada  velha que ligava   Sintra a Colares com seus muros cobertos de musgo e heras e segundo o Jornal de Sintra num texto de então de Nunes Pereira, quando outrora certa fidalguia percorria este caminho com suas carruagens bastante confortáveis, desfrutando com suas consortes a beleza que a natureza proporcionava neste percurso, de quando em vez  eram surpreendidos com assaltantes, muito perto de um local onde havia um chafariz escondido entre as folhagens e coberto com velhos azulejos, que devido aos factos lhes chamavam o “Chafariz dos Ladrões”.
Mas estes ladrões por ironia, quando faziam um assalto eram de uma diplomacia extrema:
Actuando em grupo, com muita delicadeza e apontando o bacamarte à cabeça fazendo a devida vénia, dirigiam-se ao cocheiro e lhes pediam:
Quer Vossa mercê não lhe causando algum transtorno, entregar  os ducados dentro bolsa de vossos viajantes?
Como o cocheiro não tinha alternativa, descia do coche, dirigia-se ao fidalgo e pedia-lhe o pretendido pelos assaltantes.
Quando da entrega da bolsa, o cocheiro aproximava-se dos assaltantes e dizia:
Queiram Vossas mercês aceitar os ducados  deste nobre fidalgo e pedir que permitam que prossigamos o passeio por esta bela estrada, rodeada por plantas exóticas e o chilrear dos pássaros, visto já terem o produto do vosso roubo.
Os assaltantes após verem que dentro da bolsa continha o valor mais ou menos pretendido, dirigiam-se ao cocheiro e com uma grande vénia e delicadeza nas palavras diziam:
Queiram Vossas mercês desculparem o incómodo que lhes provocámos, aceitem as nossas humildes desculpas e prossigam vosso caminho, desejando-lhes boa viagem.   
Caros leitores, os assaltantes de agora têm muito que aprender com os de antigamente.
Até num assalto tem que haver certa diplomacia. O assaltante fica bem visto e o assaltado embora prejudicado, sente que foi bem tratado.
Esta é mais uma lenda ou “realidade” que outrora reinava em Sintra.