Num ano que se revelou tão diferente do habitual e que tantas privações trouxe, a União de Freguesias de Tavares, procurou, neste Natal, entre muitas outras ações, oferecer algo de bonito as seus fregueses. Nesse sentido, todas as 10 aldeias que compõem a freguesia (Chãs de Tavares, Vila Cova de Tavares, Torre de Tavares, Guimarães de Tavares, Matados, Corvaceira, Vila Seca, Travanca de Tavares, Tragos e Santo Amaro de Tavares), foram presenteadas com um Presépio em tamanho real. Peças executadas com mestria pela mão de Célia Morais, de Vila Cova de Tavares, para quem “Foi um orgulho poder participar num projeto que leva um pouco de amor e calor humano aqueles que aqui no interior e com esta pandemia, se sentem tão sós e isolados. Nunca o verdadeiro significado do Natal fez tanto sentido!”.
A Câmara Municipal de Mangualde, em parceria com a Associação Empresarial, está por estes dias a distribuir as tradicionais prendas de Natal nos estabelecimentos de ensino público de todo o concelho de Mangualde e IPSS’s e, este ano, a prenda é igualmente uma ‘prenda’ para o Comércio Tradicional. Cada criança, num total de cerca de 1.200 crianças (Creches IPSS’S/ Pré-Escolar IPss’s e ensino publico e 1.º CEB) recebeu um voucher no valor de 5,00€ para fazer compras no comércio tradicional de 1 a 31 de janeiro de 2021. No total são cerca de seis mil euros em vouchers a utilizar no comércio local. A lista de estabelecimentos comerciais aderentes deve ser consultada em www.cmmangualde.pt Na primeira entrega estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal, Elisio Oliveira, o vice-presidente, Rui Costa; o diretor do Agrupamento de Escolas, Agnelo Figueiredo e o Presidente da Associação Empresarial, Pedro Guimarães. “Com esta ação estamos a dar uma prenda às nossas crianças que, este ano – mais do que nunca -, bem merecem e estamos, simultaneamente, a ajudar o nosso Comércio. Não podemos esquecer nunca o esforço que estes empresários estão a fazer para manter aberta a sua atividade, os postos de trabalho e toda a economia da região”, sublinha Elísio Oliveira.
Um jovem da localidade de Mourilhe dá um toque especial ao Natal com a construção do “Presépio cá de casa”. O gosto que sempre teve na construção do tradicional Presépio que, desde criança, todos os anos era feito em casa, ganhou uma nova forma quando Miguel Rodrigues começou a criar peças, a adquirir imagens, a criar cenários que representam a vida na época do nascimento de Jesus, e de ano para ano, têm transformado o Presépio cá de casa numa verdadeira obra de arte que ocupa atualmente metade da sala de estar. O minucioso trabalho que começa por volta do mês de março é totalmente realizado por si e que traz um misto de sentimentos a Miguel, a euforia no início do projeto num novo ano, o desenvolvimento dos cenários e colocação das peças e depois, o cansaço sentido já na fase final, Todo este gosto, dedicação, minucia e perfecionismo são dignos de visita e reconhecimento, não só por parte da família, amigos ou da população de Mourilhe que já conhecem um pouco do trabalho do Miguel, mas pela comunidade em geral. Renascimento deslocou-se a Mourilhe onde foi recebido pelo Miguel e, além de poder apreciar o bonito Presépio cá de casa, trocou algumas palavras com o jovem, que assim deu a conhecer um pouco da sua obra. RENASCIMENTO - Quem é o Miguel Rodrigues? MIGUEL RODRIGUES - Eu chamo-me Miguel Rodrigues, tenho 20 anos e vivo em Mourilhe.
RENASCIMENTO - Miguel, fale-nos um pouco de como nasce “O Presépio cá de casa”? MIGUEL RODRIGUES - O “Presépio cá de casa” já tem a sua origem perdida no tempo, pois desde a minha infância sempre montámos o presépio em casa da maneira mais tradicional; ir ao musgo, arranjar algumas figuras novas, e fazer a montagem com a família. À cerca de quatro anos nasceu sim a vontade de transformar o presépio numa representação mais fiel á altura do nascimento de Jesus. Desde então tenho vindo a elaborar todos os elementos do presépio; casas e os respetivos acessórios, alfaias agrícolas, plantas, alimentos, entre outros.
RENASCIMENTO - O Presépio tem vindo a crescer de ano para ano. Com que antecedência começa a sua construção? MIGUEL RODRIGUES - A elaboração de todas as cenas começa logo após a desmontagem do presépio do ano anterior (lá para finais de fevereiro), e a montagem do presépio propriamente dita começa na segunda quinzena de novembro. Tudo isto para que assim que chegue dezembro esteja tudo apostos para celebrar o Natal.
RENASCIMENTO - E o espaço? Atualmente constrói o Presépio em casa mas, a crescer como tem acontecido, num futuro próximo, poderá não ser compatível com este espaço. MIGUEL RODRIGUES - O espaço é algo que tem vindo a ser sempre uma incerteza de ano para ano, pois quando comecei o presépio ainda cabia num espaço pequeno como o de um hall de entrada; dois anos depois do presépio nesse local teve de passar para a sala de estar, roubando já um grande espaço disponível da sala. Este ano, foi alargado da maneira possível, mas para o próximo a coisa complicar-se-á, pois com ideias que já vão tomando forma na minha imaginação o espaço não conseguirá albergar tamanho projeto. Para o ano se verá.
RENASCIMENTO - E a sala de estar da casa dos seus pais? Como é que eles acolheram a ideia de ter uma divisão da casa ocupada com esta construção? Presume-se que os pais o apoiam totalmente neste projeto? MIGUEL RODRIGUES - Os meus pais quando se aperceberam que o presépio já não caberia no hall e que passaria a estar na sala, ficaram surpreendidos e ao mesmo tempo receosos, porque querendo ou não o presépio é alvo de visitas regulares (no ano de 2019) e estar a deixar entrar pessoas para dentro de casa é sempre complicado. Mas nada foi impedimento e o presépio começou também a entrar no clima de natal cá de casa.
RENASCIMENTO - Com quantas peças conta atualmente o seu Presépio e como é a sua aquisição? A família e amigos, tendo conhecimento desta sua atividade, oferecem-lhe algumas peças? MIGUEL RODRIGUES - O meu presépio conta atualmente com 160 figuras; 80 são personagens variadas como crianças, pessoas com ofícios, pastores, Magos, Sagrada família, entre outros; 80 são animais, de entre os quais 48 são ovelhas e 32 são animais variados como galinhas, porcos, burros, vacas, bois, cães, camelos, etc. Estas figuras são adquiridas maioritariamente on-line e vêm de Espanha e Itália, tendo também presente algumas figuras compradas no nosso distrito em variadas lojas. A minha família e amigos nunca arriscaram oferecer-me algo do género porque como me conhecem bem sabem que sou muito minucioso e rigoroso com o estilo de figuras que utilizo; têm de ser escolhidas e compradas por mim.
RENASCIMENTO - Tem uma estimativa do custo atual do Presépio? MIGUEL RODRIGUES - Consigo ter o valor dos custos totais do ano corrente, mas dos anos anteriores já não tenho esse registo. O custo atual obviamente não será pequeno, mas quando se tem gosto e paixão por uma certa arte, tudo compensa!
RENASCIMENTO - Haverá possibilidade de, no futuro, termos em Mourilhe um Presépio aberto ao público, como elemento de atração turística nesta época do ano, a exemplo de outros tão conhecidos a nível nacional? MIGUEL RODRIGUES - O “Presépio cá de casa” é um projeto muito acarinhado pelos membros da nossa família, e em certo ponto tem muito mais sentido permanecer em casa; por outro lado, o espaço começa a escassear e o Presépio começa a ser alvo de interesse público. Deste modo, a ideia de um dia o presépio ser exposto num espaço exterior não está de todo descartada, quem sabe.
RENASCIMENTO - Alguma outra consideração/ informação que queira deixar aos leitores do Renascimento MIGUEL RODRIGUES - Neste ano atípico que vivemos, convido todos os leitores a fazerem a sua “visita virtual” ao presépio deste ano pelo Facebook na página “O Presépio cá de casa”. Boas festas!