“O PRESÉPIO CÁ DE CASA”

Um jovem da localidade de Mourilhe dá um toque especial ao Natal com a construção do “Presépio cá de casa”.
O gosto que sempre teve na construção do tradicional Presépio que, desde criança, todos os anos era feito em casa, ganhou uma nova forma quando Miguel Rodrigues começou a criar peças, a adquirir imagens, a criar cenários que representam a vida na época do nascimento de Jesus, e de ano para ano, têm transformado o Presépio cá de casa numa verdadeira obra de arte que ocupa atualmente metade da sala de estar.
O minucioso trabalho que começa por volta do mês de março é totalmente realizado por si e que traz um misto de sentimentos a Miguel, a euforia no início do projeto num novo ano, o desenvolvimento dos cenários e colocação das peças e depois, o cansaço sentido já na fase final,
Todo este gosto, dedicação, minucia e perfecionismo são dignos de visita e reconhecimento, não só por parte da família, amigos ou da população de Mourilhe que já conhecem um pouco do trabalho do Miguel, mas pela comunidade em geral.
Renascimento deslocou-se a Mourilhe onde foi recebido pelo Miguel e, além de poder apreciar o bonito Presépio cá de casa, trocou algumas palavras com o jovem, que assim deu a conhecer um pouco da sua obra.
RENASCIMENTO - Quem é o Miguel Rodrigues?
MIGUEL RODRIGUES - Eu chamo-me Miguel Rodrigues, tenho 20 anos e vivo em Mourilhe.

RENASCIMENTO - Miguel, fale-nos um pouco de como nasce “O Presépio cá de casa”?
MIGUEL RODRIGUES - O “Presépio cá de casa” já tem a sua origem perdida no tempo, pois desde a minha infância sempre montámos o presépio em casa da maneira mais tradicional; ir ao musgo, arranjar algumas figuras novas, e fazer a montagem com a família.
À cerca de quatro anos nasceu sim a vontade de transformar o presépio numa representação mais fiel á altura do nascimento de Jesus. Desde então tenho vindo a elaborar todos os elementos do presépio; casas e os respetivos acessórios, alfaias agrícolas, plantas, alimentos, entre outros.

RENASCIMENTO - O Presépio tem vindo a crescer de ano para ano. Com que antecedência começa a sua construção?
MIGUEL RODRIGUES - A elaboração de todas as cenas começa logo após a desmontagem do presépio do ano anterior (lá para finais de fevereiro), e a montagem do presépio propriamente dita começa na segunda quinzena de novembro. Tudo isto para que assim que chegue dezembro esteja tudo apostos para celebrar o Natal.

RENASCIMENTO - E o espaço? Atualmente constrói o Presépio em casa mas, a crescer como tem acontecido, num futuro próximo, poderá não ser compatível com este espaço.
MIGUEL RODRIGUES - O espaço é algo que tem vindo a ser sempre uma incerteza de ano para ano, pois quando comecei o presépio ainda cabia num espaço pequeno como o de um hall de entrada; dois anos depois do presépio nesse local teve de passar para a sala de estar, roubando já um grande espaço disponível da sala. Este ano, foi alargado da maneira possível, mas para o próximo a coisa complicar-se-á, pois com ideias que já vão tomando forma na minha imaginação o espaço não conseguirá albergar tamanho projeto. Para o ano se verá.

RENASCIMENTO - E a sala de estar da casa dos seus pais? Como é que eles acolheram a ideia de ter uma divisão da casa ocupada com esta construção? Presume-se que os pais o apoiam totalmente neste projeto?
MIGUEL RODRIGUES - Os meus pais quando se aperceberam que o presépio já não caberia no hall e que passaria a estar na sala, ficaram surpreendidos e ao mesmo tempo receosos, porque querendo ou não o presépio é alvo de visitas regulares (no ano de 2019) e estar a deixar entrar pessoas para dentro de casa é sempre complicado. Mas nada foi impedimento e o presépio começou também a entrar no clima de natal cá de casa.

RENASCIMENTO - Com quantas peças conta atualmente o seu Presépio e como é a sua aquisição? A família e amigos, tendo conhecimento desta sua atividade, oferecem-lhe algumas peças?
MIGUEL RODRIGUES - O meu presépio conta atualmente com 160 figuras; 80 são personagens variadas como crianças, pessoas com ofícios, pastores, Magos, Sagrada família, entre outros; 80 são animais, de entre os quais 48 são ovelhas e 32 são animais variados como galinhas, porcos, burros, vacas, bois, cães, camelos, etc.
Estas figuras são adquiridas maioritariamente on-line e vêm de Espanha e Itália, tendo também presente algumas figuras compradas no nosso distrito em variadas lojas. A minha família e amigos nunca arriscaram oferecer-me algo do género porque como me conhecem bem sabem que sou muito minucioso e rigoroso com o estilo de figuras que utilizo; têm de ser escolhidas e compradas por mim.

RENASCIMENTO - Tem uma estimativa do custo atual do Presépio?
MIGUEL RODRIGUES - Consigo ter o valor dos custos totais do ano corrente, mas dos anos anteriores já não tenho esse registo. O custo atual obviamente não será pequeno, mas quando se tem gosto e paixão por uma certa arte, tudo compensa!

RENASCIMENTO - Haverá possibilidade de, no futuro, termos em Mourilhe um Presépio aberto ao público, como elemento de atração turística nesta época do ano, a exemplo de outros tão conhecidos a nível nacional?
MIGUEL RODRIGUES - O “Presépio cá de casa” é um projeto muito acarinhado pelos membros da nossa família, e em certo ponto tem muito mais sentido permanecer em casa; por outro lado, o espaço começa a escassear e o Presépio começa a ser alvo de interesse público. Deste modo, a ideia de um dia o presépio ser exposto num espaço exterior não está de todo descartada, quem sabe.

RENASCIMENTO - Alguma outra consideração/ informação que queira deixar aos leitores do Renascimento
MIGUEL RODRIGUES - Neste ano atípico que vivemos, convido todos os leitores a fazerem a sua “visita virtual” ao presépio deste ano pelo Facebook na página “O Presépio cá de casa”. Boas festas!