Desertificação do território: causas, consequências e soluções

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No passado dia 15 de Fevereiro do corrente ano, pelas 21 horas, no auditório da Câmara Municipal de Mangualde teve lugar mais uma palestra promovida pelo Rotary Club de Mangualde subordinada ao tema desertificação do território, causas, consequências e soluções. A sessão decorreu com a presença de muitas pessoas atentas às sucessivas informações que eram prestadas, as quais eram acompanhadas de gráficos e fotografias aéreas do território onde os presentes podiam ver os níveis de desertificação dos terrenos.
Para desenvolver o tema, o Rotary Club de Mangualde convidou a Doutora Maria José Roxo, professora da Universidade NOVA e que atualmente, desempenha o cargo de vice-diretora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. A convidada do Rotary Club de Mangualde é especialista em questões relacionadas com a desertificação do território, o uso dos solos agrícolas e recursos naturais como a utilização da água. É uma académica de renome em Portugal e no estrangeiro. Tem participado em muitos projetos europeus associados ao tema da desertificação.
A preocupação nuclear da palestrante tem sido a de alertar a sociedade portuguesa e, particularmente, os decisores políticos nos diferentes patamares de decisão, para as questões da desertificação do território nacional e do mau uso do solo em função das diferentes políticas que foram adotadas no passado e que, infelizmente, continuam a ser implementadas no presente. Para explicitar dois momentos de políticas erradas deu os exemplos da campanha cerealífera do Estado do Novo e da plantação massiva de oliveiras no Alentejo.
Das intervenções da Professora Maria José Roxo destaca-se a importância de distinguir claramente o conceito de desertificação com os fenómenos de seca (fenómeno natural) e despovoamento (fenómeno socioeconómico). Afirmou também que tem havido uma grande confusão em associar o processo de desertificação à formação de desertos, os quais têm, em função da sua dinâmica, faixas de expansão e retração. Também disse que o processo de desertificação do território não é tão mediático como são os sismos ou as inundações pelas consequências imediatas. Por isso, não é tratado pela comunicação social como um fenómeno grave que, a prazo, tem efeitos locais e globais arrasadores como são os movimentos migratórios massivos, a fome e o aumento da pobreza.
Por fim, disse que os planos diretores municipais para o ordenamento do território devem também contemplar um conjunto de cartas de suscetibilidade ao risco, com particular destaque para as problemáticas dos deslizamentos e da erosão dos solos. Assinalou que tais documentos são fundamentais para a definição das políticas locais de ordenamento para que não afetem irremediavelmente o uso adequado dos solos e a vida económica das populações.
A concluir, afirmou que é imperioso investir no conhecimento, na monitorização dos territórios e na divulgação da informação relevante sobre o tema para consciencializar as populações e sobretudo os decisores para a necessidade de haver melhores leis, mais fiscalização e mais investimento em ações que incentivem uma gestão sustentável dos recursos naturais.