MEMÓRIAS ESBRANQUIÇADAS DE UM TEMPO SEM TEMPO

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PROFISSÕES CAÍDAS EM DESUSO
1ª PARTE
Uma rápida evolução tecnológica de um mundo global em transformação constante, levou que muitas profissões tradicionais do século passado, num período ainda não muito distante, caíssem em desuso, mesmo no esquecimento, muitas não sendo já do conhecimento da nossa juventude actual. Santo André aldeia do trabalho, assim conhecida nas décadas de 40, 50 e 60. Mas desde tempos longínquos que os seus habitantes eram artesãos, ou “fazedores de artefactos“. Trabalhavam as matérias primas existentes na região: o vime, o granito, o metal, a madeira, e outros materiais. Montavam pequenas oficinas nas suas próprias casas ou em pequenos barracões, ou na próxima vila de Mangualde. Trabalhavam a matéria prima com as suas próprias mãos imprimindo nos objectos o seu cunho a sua marca pessoal. Algumas das profissões existentes na nossa aldeia aqui ficam como forma de homenagem pela riqueza cultural que nos transmitiram através de décadas.
O Sapateiro: O mestre sapateiro, o manufactor de calçado que na sua apertada oficina batia com o martelo na sola. Eram os sapateiros que na época faziam o calçado á mão, consertavam as botas, os sapatos e deitavam meias – solas e gáspias. Viamo-los sentados á banca a coserem com a sovela os fios ensebados. A ferramenta mais utilizada era o martelo, a turquês, o pé de ferro, as formas, a grosa, o assentador, a faca, sovela de palmilhar, roleta de vira, ferro de burruir, sovela de pontar, alicate.
Os Serradores: Em tempos idos não havia fábricas de serração de madeiras. Pelas matas iam os serradores que cortavam os pinheiros com um serrote, traçavam-nos em rolos conforme as medidas desejadas. Com o machado tiravam-lhe as “falca“ dando uma forma quadrada ao tronco. Com um fio molhado em tinta era “alçado” o pau para deixar marcadas as peças de madeira que iam ser serradas. Em seguida os serradores içam o tronco e colocam-no em cima da “ burra“ e dos “cavaletes“. Dois homens agarrados “á serra de peito“, um em cima outro no chão, fazem correr os dentes da serra abaixo e acima. Houve serradores na nossa aldeia, que no decorrer de anos e anos serraram as “chulipas“ ou “travessas“ em que assentavam os carris do caminho de ferro e ainda tábuas e enxáimeis para a construção civil.
(Continua no próximo número)