IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 73
Sigurd-O Viking   (Parte 1)
Por ser um tema talvez desconhecido para uma maioria e da autoria de Miguel Boim “O Caminheiro de Sintra”, vou transcrever na íntegra e em três fases, a História de Sigurd, o Viking e o relacionamento com a Vila de Sintra.
Embora possa causar impressão de que mito é – no seu sentido de exagero – ao invés de lendário relato histórico, um dos flagelos do Norte, de nome Sigurd e Viking de gélido sangue em cortante espada, descendo pelo Oceano Atlântico entrou um dia em Sintra.
Advindo de relatos nórdicos, os quais felizmente existem num elevado número quando culturas comparadas, foi relembrada a sua passagem por Sintra, dentro do  Artigo “Sintra no Século XII – Uma Tomada da Vila em 1107” por Oliveira Boléo de 1941.
Excedente talvez nos factos históricos que rodearam a passagem do Viking Sigurd por Sintra, permite que se obtenha um belo e estranho quadro, em que várias culturas se cruzam em cegas crenças e desejos de divina glória:
As palavras de Urbano II, em Clermont Ferrand, ecoaram por todo o mundo cristão, e o clamor para a libertaçãp dos Lugares Santos despertara um frémito de entusiasmo, que breve se traduziu numa série de Cruzadas contra os turcos seldjucidas.
A este movimento geral de Cristandade não ficaram alheios os reinos mais setentrionais da velha Europa.
Ingon, rei da Suécia, encorajou os seus súbditos, e a própria Rainha empreendeu uma peregrinação a Jerusalém.
Mil e Quinhentos Dinamarqueses, comandados pelo Príncipe Suenon, reuniram-se às hostes de Godofredo de Bouillon, e sabem morrer junto aos muros de Niceia, como o prova o belo episódio de Torquato Tasso, em “Jerusalém Libertada”, relativo ao fim trágico de Suenon.
Eric, o Bom, Rei da Dinamarca, organiza uma expedição à Terra Santa, e encontra a morte, em 1103, na Ilha de Chipre.
O Grande vassalo do Rei Magno III, da Noruega, Skopte Augmundson, cerca de 1100, equipa cinco navios, e costeando as raias marítimas da França e Espanha, entra no mediterrâneo e vem morrer a Roma. Porém, os seus três filhos continuam a expedição e não mais regressam à Mãe Pátria. Contudo, alguns combatentes e peregrinos voltam à Noruega, e os seus carregamentos de relíquias e de riquezas excitam a devoção e também a cupidez.
Organiza-se então uma grande cruzada de 10.000 noruegueses e alguns suecos e dinamarqueses, chefiada pelo próprio Rei Sigurd, filho de Magno III, soberano jovem, valente e ávido de renome.
Esta cruzada, que partiu da Escandinávia em 1107, merecia um lugar destacado entre as várias expedições a Terra Santa. É, no entanto, pouco conhecida, e daí trazê-la a lume, tanto mais que, para a história de Sintra, tem uma importância especial.
Continua
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