combate À pandemia do COVID-19

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Mangualde regista à hora de fecho desta edição 73 casos de infeção por COVID19 e 7 óbitos.
Em sinal de luto, pesar e solidariedade para com União das Freguesias de Santiago de Cassurrães e Póvoa de Cervães e em especial com o Lar de S. José, a Câmara Municipal de Mangualde colocou a bandeira do Município a meia-haste. Um gesto simbólico que exprime a solidariedade do Município para com as famílias enlutadas, seus amigos e todos os mangualdenses atingidos por esta pandemia.
Renascimento, procurando manter os seus leitores devidamente informados sobre o ponto da situação no concelho de Mangualde, a exemplo da edição anterior, falou mais uma vez com Elísio Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Mangualde que deixou a imagem atual do concelho de Mangualde em relação à situação epidemiológica.

RENASCIMENTO - Qual o ponto de situação no concelho de Mangualde?
DR. ELÍSIO OLIVEIRA - Até ao dia de hoje (26 de Abril), a Delegada de Saúde, de quem recebemos a informação oficial, comunicou-nos 73 casos.
Destes casos, 67 ocorreram na União das Freguesias de Santiago de Cassurrães e Póvoa de Cervães e 6 são dispersos pela restante comunidade. Por um lado temos um foco de casos positivos forte e intenso no Lar de São José, em Santiago de Cassurrães. Por outro lado, quando olhamos o restante território, constatamos no global, uma baixa dispersão e fraca intensidade do novo coronavírus.
Não podemos deixar de salientar 7 óbitos até ao momento. É certo que em geral eram pessoas com idade avançada e com várias patologias, mas foi o novo coronavírus que precipitou e antecipou o fim da vida destas pessoas. Manifestamos simbolicamente a nossa solidariedade, colocando a bandeira do município a meia haste. Uma atitude de profundo pesar e respeito que a nossa comunidade partilha com esta freguesia e com as famílias das vítimas.
Pela positiva podemos informar que 4 doentes infetados já recuperaram.
Estamos a viver um fenómeno surreal que marca este tempo e deixará impressões na nossa memória de forma duradoura.

REN. - As medidas tomadas pela Câmara Municipal de Mangualde para conter a propagação do coronavírus referidas na n/ última edição foram suficientes, ou daí para cá já houve necessidade de alguns ajustes? Já foram tomadas novas medidas?
DR. ELÍSIO OLIVEIRA -Mantemos todas as medidas já realçadas na última edição em pleno desenvolvimento. Nos últimos tempos as medidas a realçar prendem-se sobretudo com o caso do Lar de Santiago e com uma nova ação de entrega de equipamentos de proteção individual (EPI) às IPSS, aos Bombeiros e aos Serviços de Saúde.
Também estamos a contribuir para assegurar uma dinâmica de testes nas IPSS no quadro de um protocolo global que envolve as Câmaras, A CIM- Viseu dão Lafões e a Segurança Social, prática que vamos estender aos Bombeiros Voluntários de Mangualde. Já estivemos envolvidos nos testes da Santa Casa da Misericórdia, seguindo-se de imediato os Bombeiros e depois outras IPSS. Estes testes abrangem todos os funcionários das respetivas instituições, bem como, os utentes que apresentem sintomas.

Relativamente ao lar de Santiago são de realçar as seguintes medidas:
Confinamento dos funcionários que tiveram teste positivo, com o devido acompanhamento dos serviços de saúde
- Desinfeção imediata dos corredores de circulação do lar e dos espaços exteriores, por elementos da Unidade Local de Proteção Civil da União das Freguesias de Santiago de Cassurrães e Póvoa de Cervães, voluntários do agrupamento de escuteiros de Mangualde e equipas de desinfeção da câmara municipal e posterior desinfeção de todo o interior do edifício pela equipa da Unidade Especial de Proteção e Socorro (UEPS) especial da GNR.
- Transferência dos utentes com teste negativo para um edifício adjacente dentro do mesmo complexo.
- Instalação de 16 camas fornecidas pela câmara no edifício adjacente para a instalação dos utentes com teste negativo.
- Reforço dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) pela Câmara, pela Junta de Freguesia, pela Segurança Social e por donativos de várias empresas.
- Reforço das equipes de trabalho pela integração de 7 jovens voluntários, estudantes do último ano de enfermagem, da Escola Superior de saúde de Viseu, com o apoio do IEFP.
-Instalação de 7 camas no edifício da Associação de Contenças de Baixo para alojamento dos
voluntários, com roupa fornecida pela Associação dos Bombeiros Voluntários de Mangualde.
Fornecimento a cargo da Câmara de refeições a estes voluntários.
- Estabelecimento de uma reunião semanal de acompanhamento e apoio do Lar com a seguinte constituição: câmara municipal, junta de freguesia, proteção civil, direção do lar, médico e técnica do lar, delegada de saúde, equipa multiprofissional do Centro de Saúde de Mangualde. Já fizemos 3 reuniões, que têm sido muito úteis no acompanhamento do problema.
Relativamente à entrega dos equipamentos de proteção individual levamos a cabo uma ação de doação às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) visando reforçar as condições de atuação e proteção dos profissionais e dos utentes destas instituições mais frágeis e vulneráveis da sociedade.
Foram doadas a estas instituições 3.000 mascaras, 3.000 luvas e 6.000 aventais descartáveis e 14 termómetros eletrónicos, sem contacto. Foram contempladas os 4 Lares: Santa Casa da Misericórdia, Complexo Paroquial, Santiago de Cassurrães e Lar da Freixiosa; bem como os Centros de Dia com apoio domiciliário: Fornos de Maceira Dão, Alcafache, Centro Paroquial Cunha Baixa, Centro Abrunhosa-Velha e Centro Chãs de Tavares.
Também a Associação dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, as Unidades de Saúde Familiar (USF) e a Unidade de Cuidados Comunitários (UCC) foram contemplados nesta ação com mais 2000 unidades.
Se o fornecimento destes equipamentos é importante, não menos importante é mantermos relações de proximidade e cooperação com esta rede de parceiros irmanados no mesmo propósito de servir a comunidade. Este conjunto de instituições constituem um ecossistema de proteção. O apoio às suas missões sociais, humanitárias e sanitárias robustece e protege o enquadramento em que vivemos. É também uma forma de agradecer e encorajar o trabalho destes profissionais que estão expostos ao risco.

REN. - Como está a população de Mangualde a responder ao que lhe é solicitado (medidas preventivas/isolamento social)? Tem sido necessária a intervenção dos agentes de segurança (GNR)?
DR. ELÍSIO OLIVEIRA -Em geral, as medidas tomadas pelo Governo, pela Câmara Municipal, bem como as recomendações da DGS têm tido um elevado grau de cumprimento. O isolamento e o distanciamento social em geral estão a ser cumpridos.
Há, no entanto alguns casos que são lamentáveis. Por exemplo, na época da Páscoa foram feitas cerca de 50 notificações pela GNR por incumprimento da proibição dos movimentos inter-concelhios e outros comportamentos inadequados. Também alguns encontros e fluxos sociais e familiares não recomendados. Até piqueniques foram encontrados pela GNR, ou tomadas de café fora das regras. Ainda há algum mau planeamento familiar de compras. Há quem vá todos os dias às compras. Quem vá mais que uma vez por dia.
Felizmente é pouca gente, mas não podemos deixar de enumerar estes casos e apelar para que estes comportamentos sejam corrigidos. Queria a este propósito enaltecer o papel vigilante e atuante da GNR, com quem temos uma boa e estreita relação neste combate.
O comportamento individual é fundamental para que globalmente estejamos protegidos e travarmos a contaminação.

REN.- Outras considerações que pretenda deixar e julgue serem necessárias e importantes para os munícipes do concelho de Mangualde?
DR. ELÍSIO OLIVEIRA -É fundamental insistir no cumprimento das recomendações da Direção Geral de Saúde, que pratiquem o isolamento e o distanciamento social, que usem os equipamentos de proteção individual nos ambientes em que são recomendados.
Que redobrem os cuidados de proteção no novo contexto que o governo já anunciou, de abertura gradual das atividades que têm estado encerradas, como o comércio e os serviços a partir de 4 de maio.
As idas ao restaurante, ao cabeleireiro, ao café, não podem voltar a ser nos moldes anteriores, temos que nos habituar a viver com restrições de segurança sanitária, como de lotação ou de uso de EPI.
Temos que nos preparar para quotidianos diferentes. Não podemos provocar uma recaída
nos comportamentos sociais ou nas medidas de higienização dos estabelecimentos e deitar tudo a perder. Não podemos dar passos em falso. Enquanto não houver um tratamento específico,ou uma vacina contra a Covid-19, terá de haver regras comportamentais de segurança.