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REABERTURA DA FEIRA QUINZENAL
Com o início, a 18 de maio, da segunda fase de desconfinamento e a permissão para a reabertura de várias atividades, a Câmara Municipal de Mangualde salvaguardando sempre como preocupação principal a segurança sanitária, reabriu a Feira Quinzenal, também ela de forma progressiva.
Assim, a Feira Quinzenal Municipal, que se realiza duas vezes por mês (às segundas e quartas, quintas-feiras de cada mês), reabriu a sua atividade no passado dia 28 de maio, sendo que, para já a reabertura é limitada a dois setores: a venda de plantas e produtos hortícolas; e a venda de produtos alimentares.
Renascimento, foi à Feira de Mangualde onde ouviu alguns dos seus clientes.

Srs. João Nunes e esposa D. Maria Nunes - Abadia - Espinho

RENASCIMENTO - Como é que sentiu toda esta situação provocada pelo Coronavírus?
Foi difícil.

RENASCIMENTO - Foi difícil? Como é que se adaptou, como é que viveu realmente isto tudo?
Adaptei-me bem. Não senti dificuldades, porque levei isto com tranquilidade. Não saía de casa para evitar as dificuldades. Onde vivemos é uma quinta e então, facilitou a nossa vida.

RENASCIMENTO - Onde é que os senhores vivem?
Na Abadia de Espinho.
Se levarmos isto com responsabilidade e encararmos que é realmente um vírus e que temos que ter cuidados, leva-se bem.

RENASCIMENTO - E na sua atividade profissional. O que é que o senhor faz?
Olhe, trabalhava na Citroen, mas como a Citroen me mandou embora quando acabou o contrato, fui agarrar-me às ovelhas e, vivo das ovelhas

RENASCIMENTO - Nessa atividade pecuária como é que o senhor viveu essa situação, com as ovelhas e com esse problema?
Com as ovelhas viveu-se bem num sentido, andávamos livres, não andávamos stressados. Vivemos na quinta, os animais andam na quinta, portanto, andamos bem no dia a dia. Só tivemos um problema, foi quando o produto começou a não se escoar. Deixaram de levar o leite e a dificuldade foi essa, de resto não houve problema.

RENASCIMENTO - E essa situação, já está ultrapassada?
Vamos lá ver... se tiver passado, só vamos notar lá para outubro que é quando ele vem novamente, porque agora o leite acabou, portanto, não se sabe.

RENASCIMENTO - Só vendem leite ou também fazem queijo?
Só vendemos leite.

RENASCIMENTO - Só vivem disso?
Sim, vivemos disso e fazemos alguma atividade agrícola para consumo próprio. Se nos levarem o produto não temos problemas de sobreviver só com as ovelhas, agora, se não houver quem leve o produto já temos dificuldades, porque vamos ter quatro meses sem se produzir, já é mais dificil.

RENASCIMENTO - Mais alguma coisa que queiram dizer?
Se as pessoas tiverem um bocadinho de respeito uns pelos outros e fizerem as coisas como pertence e como estão a mandar, de máscara, distanciamento, isto vai-se vencer. Acho que não há que se ter medo, porque quanto mais se entra em stress pior.

RENASCIMENTO - Vocês adaptaram-se bem.
Exato, para já, porque não saíamos de casa e depois tinha os animais, ajudou-nos bastante. Andavamos tranquilos, passamos como se não houvesse nada.

Srs. Manuel António Almeida, D. Maria Odete Almeida e D. Caroline Almeida – Abrunhosa do Mato

RENASCIMENTO - Como é que sentiram e viveram esta situação provocada pelo coronavírus, não havia feira, estava tudo fechado, como viveram isto?
Já tínhamos saudades da feira. Eu estou a trabalhar, não parei, mas tive que tirar o dia de hoje para vir à feira com os meus pais. Já tinha saudades e os meus pais ainda mais, porque veem todos os 15 dias.
Atrasou mais foi na agricultura, não tínhamos muita quantidade de compra nas lojas, por exemplo, o cebolo e essas coisas, isso atrasou, ficamos só com metade das coisas, não tínhamos acesso, era difícil ir comprar, porque era uma fila enorme e atrasou-nos muito.

RENASCIMENTO - Mas como sentiu o efeito do coronavírus?
Medo e tristeza, ainda por cima porque tenho uma neta há quatro meses e os dois primeiros meses praticamente só a via por videochamada.

RENASCIMENTO - Como superou isso?
A internet ajuda, a videochamada...

RENASCIMENTO - De onde é que os senhores são?
De Abrunhosa do Mato e como vivemos no campo, vivemos da agricultura, passávamos o nosso tempo no campo. Aqui a minha filha trabalha, e quando precisávamos de alguma coisa ela trazia.

RENASCIMENTO - E o Senhor, o que acha?
O que hoje se sente mais aqui, é a falta das febras, não há febras. O convívio, as pessoas juntarem-se aqui.

RENASCIMENTO - O senhor trabalha só na agricultura? Foi na agricultura que trabalhou sempre?
Não, fomos emigrantes, estivemos em França, mas já há 21 anos que regressamos e dedicámo-nos à agricultura. Temos grandes áreas de oliveiras e vinhas.

RENASCIMENTO - E esta situação dificultou, prejudicou?
Dificultou mas, temos que superar tudo. Vai tudo correr bem, mas não tem sido fácil. Perdi a minha mãe em Novembro. Em Fevereiro perdi a minha sogra tudo isto acumulou muita tristeza. Depois, ainda por cima, vem este vírus, foi tudo muito junto.

Srªs. D. Sara Oliveira e D. Fátima Almeida – Almeidinha

RENASCIMENTO - Como é que sentiram e viveram este problema do coronavírus?
Eu estou grávida e estou a passar uma fase muito complicada. Não temos consultas, não temos nada. Está a ser uma fase muito complicada, pelo menos para as grávidas. Chegamos ali à médica já temos uns papeizinhos prontos, é só levantar para ir fazer exames, ecografias, análises, o que quer que seja. É tudo por telefone. Eu pelo menos sinto-me assim, desprotegida. Está a ser muito complicado, não está a ser fácil.

RENASCIMENTO - Difícil ou complicado?
Complicado mesmo, porque eu neste momento preciso fazer uma ecografia e aqui em Viseu pedem-me 90 euros, sou obrigada a ir a Sever do Vouga para fazer comparticipado, porque aqui na zona não fazem, por causa do coronavírus está tudo parado.

RENASCIMENTO - Para lá da situação da gravidez como é a sua perceção neste momento?
Neste momento acho que estamos muito bem, pelo menos nós aqui em Mangualde, está maravilhoso. As pessoas respeitaram bastante o ter que ficar parado em casa, respeitaram bastante.

RENASCIMENTO - E qual é a sua previsão para o futuro, de acordo com a experiência que está a viver, qual é a sua ideia?
Se não aparecer a vacina estamos mal.

RENASCIMENTO - Isso inquieta-a?
Completamente. Sim!

RENASCIMENTO - Mas de qualquer maneira, de algum modo, sente que a vacina vai surgir?
Não sei...

Srª. D. Maria de Lurdes Ferreira – Fornos de maceira Dão

RENASCIMENTO - Como viveu esta situação provocada pelo Coronavirus?
Ao pé do meu marido, só ía à fazenda de manhã, um bocadinho mas, muito raro. Agora é que já lá vou mais, porque tenho que regar as batatas, os feijões, mas regamos e vimos logo embora para casa.

RENASCIMENTO - Mas para além disso, como é que sentiu, como é que viveu esta situação em termos emocionais?
Nervosa. Não estávamos habituados a esta privação. Ficamos um bocado inúteis em casa, não dava para nada.

RENASCIMENTO - Onde é que a senhora vive?
Em Fornos de Maceira Dão. Só tenho uma filha, está em Lisboa, tenho ainda três netos duma outra filha que já faleceu, mas estão todos longe, todos tiveram que ficar lá. Agora que isto já está a mexer, para a semana já vem aí a minha filha. Já vem fazer-me uma visita. Já estou mais tranquila. Só em ouvir aquele telefonema já fiquei melhor sabendo que ela vinha.

RENASCIMENTO - Agora já está mais tranquila?
Sim, mais tranquila, mais satisfeita só em saber que vem a minha filha.

Srs. Isidoro Cabral e D. Iva Alegre – Cubos

RENASCIMENTO - Como é que viveu este problema, esta situação do coronavirus?
Com cuidado. Temos medo derivado à nossa idade já um pouco avançada ,e temos os netos em casa, portanto com um pouco de receio. Depois há também as complicações na saúde, bronquite, ossos…

RENASCIMENTO - A vida, sentiram que estava um bocadinho afetada?
Houve uma alteração, isso de certeza absoluta. Já não voltamos a viver da mesma maneira como vivíamos anteriormente. Acho que vai ser difícil. Vai ser muito difícil, porque estamos habituados a chegar ao pé de um grupo de amigos, cumprimentar e tudo mais e agora isso vai sair um bocado abalado.
Íamos a casa das famílias, as pessoas iam a nossa casa e agora ninguém vai. Tem-se medo.

RENASCIMENTO - Não substituiu essas relações por outro tipo de atividades, por exemplo a leitura, visionar televisão, o telefone?
Temos as terras. Temos uma quintazita e é lá que nos entretemos.

RENASCIMENTO - Como é que veem este futuro, com tranquilidade?
Tranquilidade vejo. Não 100%, mas penso que correu muito bem, o sistema nacional de saude, esteve bem. Por exemplo, aqui em Mangualde tivemos aquele problema mais grave em Santiago, digamos, porque de resto não foi como o que aconteceu na grande Lisboa, no grande Porto. Percentualmente foi muito menos.

RENASCIMENTO - Deduzimos então que a intervenção foi positiva?
Eu penso que sim. Não 100%, mas positiva.
Mangualde, ainda teve gente ao alcance que logo no inicio preveniu tudo, com o fecho por exemplo das feiras de Março, a quinzenal e outras coisas.

RENASCIMENTO - Têm mais alguma coisa a dizer?
Temos medo do que aí vem, que as pessoas abusem, não tenham cuidado e nos obriguem a ficar novamente retidos em casa. Nós não saíamos, nem sequer à farmácia íamos.
Temos uma nora que trabalha no Lidl, já tinha que correr risco, portanto, era ela que nos fazia as coisas fora de casa. Durante três semanas não saímos mesmo, ficamos isolados. O que precisávamos era a nora, ou o filho que também não deixou de trabalhar.
Hoje viemos cá mais por causa destas verduras, porque queríamos compor o que temos em falta.

RENASCIMENTO - E qual é a sua previsão para o