CONSULTÓRIO

dr. raul
FOTOSSENSIBILIZAÇÃO – ou a forma como alguns medicamentos interagem com a luz do Sol!
Agora que todos queremos aproveitar o máximo do Sol… depois deste tempo de confinamento forçado!
Hoje vamos falar da exposição ao Sol de pessoas que tomam determinados medicamentos. Isto porque, há medicamentos que provocam uma alergia ou intolerância quando essas pessoas estão expostas ao Sol.
Se anda a tomar medicamentos é importante saber se pertencem, ou não, à lista dos medicamentos fotossensibilizantes. Estes medicamentos podem ser responsáveis por uma reacção cutânea como consequência da exposição ao Sol.
Com o Verão ainda a manifestar-se no seu esplendor, com o Sol a mostrar-se de forma mais descarada, é natural que os fenómenos de fotossensibilização surjam com mais frequência e exuberância.
A fotossensibilização é uma sensibilidade anormal da pele à luz (aos raios ultra-violetas – UV – do Sol ou das lâmpadas de bronzear) quando na presença de um medicamento.
A reacção cutânea pode manifestar-se como um golpe de Sol (com vermelhidão da pele, calor e ligeiro edema) ou sob a forma de uma erupção de tipo urticária, com comichões. Por vezes observa-se, também, uma alteração da pigmentação de cor acastanhada ou azulada, ao nível das zonas expostas.
São numerosos os medicamentos fotossensibilizantes:
Ansiolíticos: Alprazolan, Clorodiazepóxido.
Antibióticos: Quinolonas, Sulfamidas, Tetraciclinas, Trimetroprim.
Antidepressivos: Tricíclicos.
Antipalúdicos (tratamento contra o paludismo): Cloroquina, Quinino.
Antifúngicos (tratamento contra os fungos) por via oral: Griseofulvina.
Antidiabéticos (tratamento da diabetes): Sulfonilureia.
Antipsicóticos: Fenotiazinas.
Diuréticos: Furosemido, Tiazidas.
Antiacnéicos (tratamento do acne): Isotretionina.
Medicamentos para o coração: Amiodarona, Quinidina.
Preparações dermatológicas: antibacterianos (Cloro-hexidina, Hexaclorofeno), antifúngicos, alcatrão mineral, perfumes…
Medicamentos de quimioterapia: são variados e administrados geralmente por via hospitalar (Dacarbazina, Fluorouracilo, Metrotexato, Vinblastina, …).
Como se vê a lista é extensa, o que não significa, obrigatoriamente, que os fenómenos de fotossensibilização apareçam em todas as circunstâncias e em todas as pessoas que tomam estes tipos de medicamentos.
Nem todas as pessoas, tomando os mesmos medicamentos e estando expostos à mesma quantidade de radiação solar, reagem de forma igual: é preciso que existam condições associadas ao próprio indivíduo, os chamados factores endógenos.
O aparecimento destas manifestações de fotossensibilização obriga a uma leitura da bula que acompanha o medicamento, a interrompê-lo se for caso disso e a consultar de imediato o seu médico, pois só a ele caberá a decisão de substituir o medicamento em causa por outro com efeitos terapêuticos semelhantes.
Quem sabe ser portador de alguma fotossensibilidade a um medicamento específico deve, em primeiro lugar, aconselhar-se com o seu médico sobre a necessidade de tomar o medicamento enquanto está exposto ao Sol, da sua eventual substituição, ou da protecção da pele por um produto (foto-protector) que impeça o aparecimento desses fenómenos de hipersensibilidade!