IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 82
Continuando com as lendas da Vila de Sintra, conta-se, e já no Século XIX, a grande rivalidade entre as gentes da Vila de Sintra e  as gentes de S.Pedro.
Isto tinha para ambos os lados, uma razão pouco digna que não devia acontecer e talvez inconscientemente, por culpa da nossa monarquia que ignorava o que se estava passando. Apenas queriam desfrutar de um bom fim de semana ou umas férias tranquilizadoras, não dando qualquer relevo ao assunto, deveras preocupante.
Era ao tempo considerada  Vila de Sintra, o centro pròpriamente dito e os seus monumentos, não dando qualquer atenção à localidade de S.Pedro, mesmo ali ao lado.
No entanto para que os Monarcas, viajantes estrangeiros, além dos viajantes das redondezas visitassem ou se dirigissem à Vila de Sintra, tinham obrigatòriamente de passar por S.Pedro, incluindo os próprios comerciantes ambulantes, que transportavam em seus albergues incómodos colchões de tufos (lã ou penas), portadores de milhares de percevejos. Quando coincidia com o dia de feira em S.Pedro, provocavam uma reação pouco digna aos vendedores de rua e proprietários das tabernas, cujas portas naquela localidade estavam voltadas para a estrada.
Havia assim um contraste que se manifestava com preocupação como se a riqueza estivesse de um lado e a pobreza imperasse no outro lado.
Ainda e com certa revolta, quando os moradores em S.Pedro queriam montar suas festas em Santa Eufêmea, tinham que pedir uma autorização para suas carroças chegarem ao Parque da Pena.
Ainda outra lenda que achei uma certa graça e passo a relatar:
Estava D.João VI na companhia de alguns fidalgos, numa caça às lebres e coelhos em Vale de Flores.
Era um dia de grande calor e após uma longa caminhada, Sua Alteza suava por todos os lados, além de ter muita sede.
A dada altura do percurso, avistou uma humilde casa e apressadamente se dirigiu para lá, pedindo um pouco de água a uma senhora, que tentava apanhar algum fresco à porta de casa.
A senhora prontamente acedeu ao pedido, mas contudo, verificou o Rei que a limpeza não abundava. Então sofregamente e quase sem respirar engoliu a água naquele imundo copo.
Após ter saciado a sede, D.João perguntou à Senhora o nome daquela localidade. Ela respondeu que ali era o Vale de Flores.
Sua Alteza fixou o rosto da senhora e disse:
A partir de hoje, decreto para esta localidade o nome de “Vale de Porcas”.