A 3ª vaga – o pesadelo português


O galopar dos números de infetados e de mortos deixa-me profundamente chocado. Nunca tive dúvidas de que quando a coisa desse para o torto, quando os números aumentassem, assustadoramente, quando já não houvesse lugar nas morgues, nos hospitais, quando os serviços colapsassem, a culpa era dos portugueses que não cumpriram. Curiosamente, os mesmos portugueses que, em Março, fizeram o milagre em que só os tontos e os imbecis acreditaram. Mas não sejamos inocentes, os jantares e encontros de Natal e Ano Novo tiveram um grande papel no que agora vivemos.
Deixem-se deste simulacro de confinamento.
Não estejam preocupados com os votos.
Façam um controlo rigoroso das medidas, prendam os infratores, se for preciso, fechem o País, se for necessário.
Mas, por favor, de uma vez por todas, com estes números, deixem-se de mediatismos e conferências de imprensa.
Espero que as medidas tomadas pelo Governo façam os efeitos desejados o mais rapidamente possível.
Também não deixa de ser irónico que políticos e/ou os programas televisivos com pessoas sem máscara, apelem a outros para ficarem em casa e protegerem-se segundo as medidas da DGS.
Portugal é o pior país do mundo no aumento de novos casos infetados e o segundo pior em número de mortes, por milhão de habitantes. Depois disto, o que virá a seguir?
Para Carlos Carreiras, Presidente da Câmara Municipal de Cascais, “dizer que a culpa é dos portugueses é admitir que um Governo não serve para nada. Dizer que a culpa é do Governo é isentar de responsabilidade cidadãos ou grupos de indivíduos que não sabem o que fazer à liberdade.”
Já para Pedro Santana Lopes, a sua preocupação com a governabilidade do país leva-o a refletir que “A expressão Governo de Salvação Nacional está gasta. Será, aliás, mais necessário não ser de salvação, mas sim de emergência. Governo de emergência nacional. Que, no caso, até é mundial. Trata-se de um imperativo de consciência, de um dever moral, de uma obrigação patriótica.”
No que diz respeito ao fecho das escolas para férias escolares, a partir do dia 22 de Janeiro, e o facto de ser sem ensino à distância, é uma decisão puramente política pois permite ao governo não ser imediatamente responsabilizado por mais uma promessa não cumprida, a da entrega dos computadores a alunos e docentes, e permite ganhar tempo distribuindo mais alguns computadores durante estas duas semanas e preparar os Agrupamentos de Escolas para o Ensino à Distância que se avizinha, pois, infelizmente, isto não vai passar em duas semanas.
Nota final:
A vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas eleições Presidenciais, à primeira volta, evita-nos o sacrilégio de mais duas semanas de campanha eleitoral e de uma nova ida às urnas. Valha-nos isso!!!