RAIZES

AS RAÍZES É QUE NOS PRENDEM 
Senti passar um vento misterioso que num torvelinho glacial do vento norte num instantâneo fechar d’olhos e num intimo fulgor de uma trágica rajada varreu algumas páginas dos meus contos , lendas , tradições e narrativas , escritas em sonhos emergentes numa simbiose de lágrimas , amor e prosas floreadas. Assemelhando cavaleiro andante de triste perfil e olhos lampejantes mantenho a forte convicção de que nelas pouco disse de significante da minha ligação à terra onde nasci , como indiferente pétreo vulto esguio, de ressequida alma sem amor , molhado em lágrimas de dor como chuva caída de nuvens pensativas e chorosas que num poder sublime e transcendente trespassou os andrajos de um mendigo. Mas por tão pouco ou insignificante que tivesse sido a minha lavra que em esvoaçante nuvem de sonho perante os meus olhos voou que mal a consegui vislumbrar numa centelha chispou , envolta num santo espírito de amor e mais serviu para me afundar mais as raízes , expô-las a nu , embelezadas daquela forma alegre e amanhecente , sobrelevando a razão causal da condição em que sempre me mostrei naquilo que sou , como sou e porque sou. Foram estas entrelaçadas raízes que me libertaram , alimentaram, me fizeram crescer com sonhos e paixões ardentes vindas dos quatro ventos . Deram-me o poder da felicidade do amor e da harmonia o valor da criação de raízes num só lugar . Acreditamos ter muitos amigos nos mais recônditos lugares e sítios maravilhosos por onde tenhamos passado , mas a criação de verdadeiras raízes não são em lugares mesmo que sejam de uma infinita transparência cristalina . Apenas podemos criá-las em pessoas e é por isso que no nosso íntimo segredo amamos nossas mães incondicionalmente quase sem o sabermos , mas só lhe damos conta desse amor no momento da derradeira separação . Para os nossos filhos os legados mais profundos que lhes poderemos dar são as raízes e as asas . Asas para voar, raízes para voltar e ter motivos para ficar acreditando saber qual o seu destino no mundo . Palavras ditas sem reflexão , inspiradas pela cólera são vozes que na solidão murmuram mas que não deitam raízes em parte alguma e em fisionomias trágicas numa doirada sombra dolorida , desdenhando , a aurora vai sorrindo com aquele riso claro e fecundo . Amo tudo que tem a ver com as minhas genuínas raízes que como dias criadores e maternais com um profundo respeito consagrado brilham num lampejo de alma que por magia nos desperta indecisos sentimentos que nos prendem claramente . É a ilustre nobreza das verdadeiras raízes que nós acolhemos com um beijo rezado e adoramos numa oração beijada . Vou morrer incurávelmente amante da minha terra.