CONSULTÓRIO

COM PROBLEMAS DE AUDIÇÃO?
Quando e como avaliar a sua audição?
É verdade que as pessoas de idade estão mais em risco de sofrerem de problemas auditivos devido à presbiacúsia (baixa de audição ligada ao envelhecimento). Mas é também verdade que todos nós, velhos e novos, podemos sofrer de problemas de audição devido aos inúmeros ruídos sonoros que fazem parte do nosso quotidiano (música muito alta, actividades profissionais, trânsito…), ou na sequência de doenças ou de iatrogenia.
Então como é que as pessoas se podem aperceber dessa alteração auditiva, quando é que devem consultar um médico e em que consistem os testes de audição?
Quando testar o seu ouvido?
Os principais sintomas que devem justificar uma ida ao médico e a fazer testes auditivos são:
Dificuldades de audição,
Dificuldades de compreensão,
Dificuldades no entender uma conversação telefónica,
Dificuldade de compreensão em ambiente barulhento,
Apitos ou zumbidos nos ouvidos (acufenos),
Vertigens,
Otites,
Exposição profissional ao ruído, ou ao dos tempos livres,
Antecedentes familiares de perda de audição,
Tratamentos potencialmente capazes de provocar lesão auditiva (quimioterapia, alguns antibióticos…),
É essencial recorrer ao seu médico e testar a sua audição se notar algum ou alguns daqueles sintomas
Uma má audição tem fortes repercussões sobre a qualidade de vida, durante a aprendizagem e nas relações sociais, profissionais e familiares.
Corrigir uma dificuldade de audição, mesmo que seja ligeira, permite melhorar a vida e prevenir o isolamento. Com efeito, as pessoas que ouvem mal desenvolvem estratégias de afastamento, nomeadamente fugindo de situações potencialmente embaraçosas.
Além disso, se a solução estiver na aplicação de um aparelho ou de uma prótese auditiva, quanto mais cedo este for colocado, melhor será tolerado.
Atenção à negação da doença!
As pessoas que ouvem mal, ou têm má percepção, recusam aceitar esta situação e atrasam a sua ida ao médico, dificultando a resolução de uma coisa que, de início, poderia ser mais simples de diagnosticar e de resolver. É o que acontece com alguma frequência com as pessoas mais idosas, para as quais uma diminuição de audição está (mal) associada ao processo de envelhecimento.
É um erro, porque a procura de uma melhor audição vai permitir um envelhecimento com mais qualidade, promovendo a continuação das suas actividades, nomeadamente as sociais!
Em qualquer idade, à menor dúvida, deve testar a sua audição! Mas é particularmente recomendado que faça testes de audição, com regularidade, a partir dos 50 anos de idade.
Nesse sentido deve falar com o seu Médico de Família que o deverá orientar! Mas não se esqueça, ou fique a saber, que só o médico otorrinolaringologista – ORL (o médico dos ouvidos, do nariz e da garganta) -, o otorrino como é comummente mais designado, só ele, ou através dele, é que lhe pode fazer um diagnóstico auditivo correcto.
É que o médico otorrino está habilitado a aconselhar um tratamento médico, ou cirúrgico e a prescrever um aparelho de audição que, depois, poderá ser aplicado e controlado pelo audioprotésico, que deve ser escrupuloso no seguimento da prescrição do médico especialista.
Como é que o otorrino mede a audição?
Habitualmente o exame ORL compreende três etapas:
O interrogatório – onde o médico recolhe um certo número de informações: sintomas auditivos, as suas características (há quanto tempo, factores desencadeantes…), antecedentes pessoais e familiares, medicação em curso, etc.
O exame clínico – que passa por uma observação dos canais auditivos externos e do tímpano – a otoscopia-. Este exame clínico permite a detecção de alterações que podem levar a uma diminuição da audição, desde um rolhão de cerúmen, a um eczema, a uma supuração do ouvido externo, ou uma otite…
O audiograma – que permite determinar, para cada ouvido, os limiares de audição, as frequências auditivas, a percepção das palavras, etc…
Estes exames auditivos determinam qual a causa da diminuição de audição, o tipo e o grau de surdez cabendo ao médico, na posse de toda a informação, aconselhar o tratamento mais adequado.
Fontes de informação:
Association pour l’information et la prevention dans le domaine de l’audition.
Contributo para o estudo da etiologia genética de presbiacusia em Portugal – Linda H Pereira.