REFLEXÕES

Património cultural (25)
Área romanizada no sopé do Monte sra do Castelo
Gostaria de gastar o meu tempo a descrever o que de bom se tivesse feito por este lugar. Mas em abono da verdade nada vejo, para além da já famosa e visitável “mansione” que se pôs a descoberto após onze anos de trabalhos de escavação (1986- 1997). De resto os vestígios que paralelamente se foram encontrando, mercê das sondagens prévias realizadas em locais que já descrevi, não passam afinal de trabalho apagado do conhecimento, embora tenham de existir nos arquivos da Autarquia os Relatórios de cada caso e suas conclusões. É verdadeiramente lamentável que eu, por curiosidade natural, tenha detectado nestes últimos tempos, vestígios romanos, aqui e ali, e nada possa fazer para melhor se conhecer o sítio em causa e tornar-se possível estabelecer uma relação com tudo o que já se encontra a descoberto. Existindo actualmente dois arqueólogos contratados pela Câmara, entendia eu, que a sua função principal fosse continuar pesquisas em locais comprovadamente sujeitos a sucessivas ocupações no espaço do nosso concelho pelos povos ancestrais. Poderei enumerar alguns que mereciam ser estudados mediante acordos com os seus proprietários. E não seriam espoliados do que é seu…Não! Era apenas obtenção de testemunhos históricos que nos permitissem reconstruir a história dos territórios de Azurara e Tavares. Pelo período de tempo já assinalado acima (87 /97), deambulando por aldeias e caminhos desenvolvendo contactos com cidadãos vim a encontrar vestígios de construções romanas nos arredores de Mangualde, nomeadamente , em Almeidinha. Numa propriedade a leste do ribeiro muito próximo da via Romana que liga à Mesquitela encontravam-se encravadas num muro, uma base de coluna, várias pedras faceadas, bastantes fragmentos de tégula, e de cerâmica de uso comum. Está bem de ver que naquele local se ergueria alguma “villa” rústica e que merecia ser estudada. Já se deve ter perdido… Na quinta da Moura (ou quinta Nova) localizada entre o Modorno e o ribeiro do Castelo na direcção da Mesquitela, mais vestígios – um troço de forte muro romano com dois paramentos, já destruído, em parte, pelo trabalho agrícola mecanizado, e a quantidade de material cerâmico dava-nos a garantia de que este sítio seria uma grande área de ruinas, que também já se devem ter perdido. Também nesta quinta existia um penedo com insculturas escavadas – seria um sol (?) com vários sulcos por onde poderia escorrer algum líquido. Como poderia ser um pequeno monumento dedicado a rituais da idade do Bronze ou Ferro solicitou-se a presença de uma arqueóloga do Serviço Regional da Zona Centro ( infelizmente já extinto há vários anos numa má reorganização do IPPAR ) que se deslocou ao lugar, fez o seu estudo e elaborou uma informação da qual deve existir cópia na Autarquia. Estou empenhada em tentar localizar todos estes relatórios e associá-los à minha estória.

Junho 2021