Os Moinhos do Inferno


Quem passa na A25, na ponte de Fagilde, não imagina o vai lá em baixo, bem no fundo do vale. É precisamente neste local que se situa a foz do Rio Satão, que desagua no Rio Dão.
O Rio Satão, também chamado de Ribeira de Satão ou Ribeira da Pena, nasce no concelho de Satão, junto à povoação de Rãs, numa zona granítica a cerca de 700 m de altitude. Atravessa diversos planaltos, num percurso de 28.4km, com um declive acentuado e vai desaguar na margem direita do Rio Dão , nas freguesias de Fragosela/Povolide, concelho de Viseu, local que dista cerca de 2km da Barragem de Fagilde.
No seu percurso, forma diversas quedas de água, entre maciços graníticos e afunda-se no Rio Dão, por entre penedos e falésias de rara beleza. Devido à sua altitude, neste local forma uma bela cascata que pode ser vista de perto pelos curiosos, uma vez que neste local foram estrategicamente situados 3 moinhos.
Estes moinhos, conhecidos por “Moinhos do Inferno”, devido à paisagem que os envolve, continuam a moer ainda nos dias de hoje o cereal.
Rodeados por salgueiros, sente-se o cheiro da farinha acabadinha de moer, na cantilena cadenciada do rodar da mó. Tradição que perdura de geração em geração, passando de avós para pais e netos, sendo o atual moleiro, o Sr. Evaristo Cabral Rodrigues.
As tradições que se perderam, que acabam devido à evolução dos tempos, à modernidade, às modas e à industrialização.
Mas não há nada como uma receita antiga de uma broa acabadinha de cozer no forno ou um pão de centeio a fumegar no centro de uma mesa.