A VIDA


Todos nós temos conhecimento da existência de pessoas que na vida se distinguiram por qualquer motivo e, com agrado, procuramos recordá-las.
Como escreveu Zia Haider Rahman, na obra À Luz do que Sabemos, “O nosso interesse na vida dos heróis não reside apenas no impacto que tiverem historicamente, mas também em razões de ordem pessoal, porque temos esperança de aprender mais alguma coisa acerca de nós”.
Noutro passo do mesmo livro escreveu também que “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; o problema está em que só pode ser vivida olhando-se para a frente”.
Essa aprendizagem, que valorizamos, não provém apenas do interesse pelos heróis, mas igualmente por outras pessoas que por algum motivo se tornaram notáveis.
Charles Chaplin considerava a vida como uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso – aconselhava - cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Outro nome digno de admiração, por motivos muito diferentes, é o do grande cientista Einstein. Ele e Charles Chaplin admiravam-se mutuamente, conforme resulta de um diálogo urdido entre ambos. Disse Einstein: o que sempre admirei em si é que a sua arte é universal, todo o mundo o compreende e admira. Chaplin respondeu: a sua é muito mais digna de respeito. Todo o mundo o admira e praticamente ninguém o compreende.
Para ilustrar o valor do cientista conta-se que, em 1922, Albert Einstein entregou ao moço de recados, de um Hotel do Japão onde se encontrava, duas mensagens escritas no papel do Hotel: “Uma vida calma e humilde trará mais felicidade do que a busca do sucesso ligada a constante agitação”. Este escrito veio a ser leiloado em Israel pelo preço de 1,3 milhões de euros. A outra mensagem dizia: “Onde há vontade, há um caminho”. Rendeu 203 mil euros.
Estes valores mostram bem a importância da pessoa que escreveu estas simples mensagens num papel de hotel. Traz à minha memória uma viagem que fiz a Nice, uma cidade de França. A Guia da excursão conduziu-nos a um antigo forte onde então se localizava o museu de Picasso. Contou-nos, a propósito, que Picasso, tendo necessidade de um armário, contratou um marceneiro a quem explicou o tipo de móvel que pretendia. O marceneiro pediu-lhe que fizesse um desenho do mesmo, ao que Picasso acedeu. Perante o desenho, perguntou Picasso quanto custaria o móvel, ao que o marceneiro respondeu: se assinar, não custa nada.
Na vida encontramos pessoas muito diferentes umas das outras. “Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso”.
Todos nós conhecemos exemplos de pessoas que souberam viver e prolongar a sua atividade pela vida fora. Entre muitas outras podemos referir Goethe que concluiu o Fausto aos 82 anos, Tiziano que pintou obras valiosas aos 98, Toscanini que regeu orquestras aos 87, Edison que trabalhava no seu laboratório aos 83 e Benjamin Franklin que contribuiu com o projeto da Constituição dos Estados Unidos aos 81.
Cada pessoa deve procurar viver a vida em vez de se limitar a existir.