A CAÇA


A caça é uma das mais antigas atividades humanas, existindo vestígios da sua prática pelos Australopitecos (pré-hominídeos), ainda durante o Protolítico.
As principais funções da caça eram a defesa contra animais selvagens e a obtenção de alimento e a importância desta atividade era bem retratada nas inúmeras representações de animais e caçadores, em pinturas rupestres pré-históricas.
No entanto, com a descoberta da agricultura e da pastorícia, acompanhadas da criação de hábitos sedentários, a alimentação humana passou a estar muito menos dependente dos produtos da caça, tornando-se a partir do Neolítico uma atividade secundária de busca de alimento, ou apenas um modo de defesa das populações e dos rebanhos.
Nas civilizações da Antiguidade, a caça era encarada como uma atividade desportiva nobre e era reservada às classes mais altas da sociedade, como acontecia na Grécia Antiga, onde apenas a Aristocracia a podia praticar.
A prática da caça conheceu o seu apogeu, na Europa, durante a Idade Média, onde era encarada como a mais fina das diversões, praticada apenas pela Realeza e pelos nobres, como forma de treino para a guerra. A captura de caça grossa (veado, urso, javali, etc.) era de tal modo importante que marcantes personalidades da sociedade da época escreveram sobre ela, como D. João I (autor de O livro da Montaria).
O século XVII trouxe importantes revoluções à caça, como o adestramento de cães caçadores e a proliferação da falcoaria. O uso da escopeta, que disparava grãos de chumbo (inventada no final do séc. XVI), vulgarizou-se, substituindo o arco e a flecha como arma de tiro. A intensidade da caça foi tal que, desde o século XVIII, espécies como o lobo, o lince e o urso praticamente desapareceram da Europa Central.
O impacto da caça nos ecossistemas naturais pode assumir duas formas: impacto negativo, se a captura de animais se faz de um modo indiscriminado, reduzindo o número de efetivos da espécie, de tal modo que esta entra em declínio e em processo de extinção; impacto positivo, se a caça é feita apenas sobre os excedentes populacionais, privilegiando a eliminação dos animais mais fracos ou doentes. Neste caso, os caçadores devem privilegiar a criação de boas condições naturais para que a espécie se desenvolva e crie excedentes, o que acarreta benefícios para ambos (espécie e caçadores).
Em Portugal, a caça encontra-se regulamentada, e definidas as épocas de caça e quais as espécies protegidas (de captura interdita) de forma a garantir uma exploração sustentável dos recursos cinegéticos. A época da caça deste ano começou a 16 de agosto. A caça à rola-comum apenas é permitida nos dias 23 e 30 de agosto e nos dias 6 e 13 de setembro.
Em Viseu, todos os anos, um grupo de caçadores reúne-se para esta prática. O cuidado e o gosto assim como o respeito por esta atividade leva-os a seguir todas as normas de forma criteriosa.
No fim, há sempre espaço para um bom convívio entre todos.