A Valsa da Morte…


Na sua Crónica aos domingos num Jornal Nacional, António Saraiva, Presidente da CIP (Confederação Empresarial de Portugal), ao fazer a apreciação da economia portuguesa dá como exemplo o trágico naufrágio do Navio Titanic, dizendo :- “ Estamos a afundar-nos em termos de crescimento económico e a orquestra continua a tocar”.
Foi em 14 de Abril de 1912, que o RMS Titanic, então o maior navio do mundo, construído para enfrentar todas as adversidades , naufragou ao colidir com um enorme iceberg vindo da Gronelândia.
Depois do embate foi ao fundo, partindo-se ao meio, 2 horas e 40 minutos depois.
Quando o navio já metia água, muitos ainda duvidavam que um colosso daqueles iria afundar e recusavam-se a abandonar o barco.
No luxuoso salão de baile a Orquestra continuava a tocar a popular Valsa de Archiball Joyce - Song d’Automne (Sonho de Outono). Era a Valsa da Morte… Morreram 1.496 pessoas, o maior desastre marítimo do mundo.
Tinha a bordo 2.208 pessoas de diversos escalões sociais, da sociedade milionária e de gente menos rica que procurava uma nova vida na América.
António Saraiva falava no discurso do Primeiro Ministro, no encerramento do Congresso do Partido Socialista. Um País “Côr de Rosa”!
E a Orquestra continua a tocar em todos os outros discursos que se seguiram.
O crescimento que o País atravessa deve-se ao relançamento do consumo privado, já que as exportações e os investimentos caíram respectivamente 3,2% e 2% face ao primeiro trimestre e muito longe da actividade pré-crise.
O PIB ficou 3,4% abaixo do de há dois anos e a restauração, alojamento e comércio estão ainda aquém 9,3% dos valores anteriores à pandemia.
Na opinião de António Saraiva, numa visão de curto prazo, podemos dizer que já não estamos a afundar mais, mas ainda não reemergimos acima da linha de água.
O Primeiro Ministro fala nos Fundos. Fundos para tudo e para todos. Até as Autarquias, agora em período eleitoral, vão ter Fundos, são importantes para a boa aplicação dos Fundos.
Mas, todos nós sabemos que o Plano de Recuperação e Resiliência ( PRR) não parte das necessidades do País, mas das conveniências políticas.
Nos discursos há táctica política a mais e estratégia económica a menos, muitas promessas na distribuição, que não é possível porque nunca se pode dar riqueza que não produzimos. Ninguèm pode dar o que não tem!…
Por isso em plena Campanha Eleitoral para as Autárquicas, as terras de Portugal enchem-se de cartazes com frases, ôcas, vazias, sem conteúdo e que felizmente os Portugueses não levam a sério.
Nos discursos as palavras são as que se gostam de ouvir, de circunstância, mas enganadouras.
Os Discursos, procuram dirigir-se, falar ao coração.
Mas, o que é preciso é falar principalmente à Razão.