Vontade de ajudar

Estudos revelam que
Existem 900 milhões de pessoas no mundo que todos os dias passam fome;Cerca de metade da comida produzida no mundo vai para o lixo.
Isto faz sentido?
O mundo não está em equilíbrio e as consequências não são apenas éticas, mas também ambientais. O gasto desnecessário dos recursos usados na produção excessiva de alguns alimentos e a emissão dos gases resultantes da decomposição daqueles que não são consumidos têm consequencias graves e Portugal também conta para os números.
A produção intensiva, más condições de armazenamento e transporte, prazos de validade demasiado curtos e o marketing agressivo, que leva os consumidores a comprar em excesso, são os motivos para todo este desperdício. Acresce a preferência por produtos perfeitos, mas muitas vezes sem qualquer sabor, e que resulta numa perda de quase 30% da produção agrícola na Europa. Apesar de usados na indústria de sumos, compotas e molhos, o preço pago ao agricultor é tão baixo que por vezes não cobre os custos de produção, não sendo por isso uma solução economicamente viável.
Outro fator importante é o abandono da dieta mediterrânica, com consequências graves e que atirou Portugal para o top 5 na obesidade infantil. A OMS divulgou que 1 em cada 10 rapazes na europa é obeso. As causas são a diminuição do consumo de frutas e legumes, associado ao sedentarismo. O exercício físico e as brincadeiras de antigamente foram substituidas pelas novas tecnologias. Os jovens tendem a alimentar-se cada vez pior e correm o risco de ficar para sempre com comportamentos pouco saudáveis, com impactos graves na saúde quando adultos. Este comportamento está relacionado com as diferenças socio-económicas. A fruta é cara quando comparada com o pão. É necessário uma política que ataque estas diferenças e diminua as desigualdades. A recente medida do Governo de proibição de produtos prejudiciais à saúde nas escolas públicas em todos os bares e nas máquinas automáticas, tem como objetivo contrariar esta tendência. O Governo pretende com esta medida, que as escolas públicas comecem a oferecer refeições “nutricionalmente equilibradas, saudáveis e seguras”.
Para combater o desperdício surgem projetos com origem tanto nos pequenos produtores como nas grandes cadeias de hipermercados. Desde parcerias, a plataformas digitais que promovem os pequenos produtores nacionais, à venda e distribuição de cabazes com os produtos que são rejeitados devido ao seu aspeto, a preços acessíveis, quer a nível nacional mas também incentivando a exportação. Todos estes projetos combatem o desperdício alimentar e reduzem o gasto dos recursos utilizados na sua produção. Neste sentido, a fruta desidratada tem ganho cada vez mais espaço no mercado quer nacional quer internacional. De fácil transporte e validade prolongada, não deve substituir a fruta fresca, mas é um ótimo complemento à dieta e contribui para o combate ao desperdício.
2021 é o Ano Internacional das Frutas e dos Legumes proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. É preciso promover a consciencialização e a atenção dos intervenientes políticos e públicos para os benefícios nutricionais e de saúde do consumo de frutas e legumes. É preciso apoiar os pequenos produtores e incentivar a realização de feiras locais, parcerias com lojas de produtos naturais e a exportação.
Temos o dever ético de ajudar quem precisa, quem passa fome, distribuindo os excedentes de produção, cujo destino mais certo é o lixo. É preciso ter vontade de ajudar.