JOÃO CARLOS ALVES É O NOVO DIRETOR
DA UNIVERSIDADE SÉNIOR DO ROTARY CLUBE DE MANGUALDE

Em reunião realizada no passado dia 7 de outubro, o Rotary Clube de Mangualde, nomeou o Dr. João Carlos Alves, Diretor da Universidade Sénior de Rotary de Mangualde, substituindo a Drª. Teresa Cruz que, por motivos de saúde, cessou funções no cargo.
Para nos dar a conhecer um pouco mais sobre a Universidade Sénior e as atividades que nela se desenvolvem falámos com o novo Diretor que, com reconhecido empenho e determinação assume as novas funções.

Dr. João Carlos, foi nomeado recentemente, Diretor da Universidade Sénior do Rotary de Mangualde. Quem gosta de História e do Património, conhece concerteza o Dr. João Carlos mas, para quem não conhece, quem é o Dr. João Carlos?
Sou uma pessoa que veio para Mangualde há mais de três dezenas de anos, desde que me casei (a minha esposa é natural de cá). Aqui desenvolvi grande parte da atividade profissional e Cultural, embora, nos primeiros anos tenha estado fora de Mangualde, porque fui Chefe de Inventário do Museu de Grão Vasco, onde participei nessa qualidade na primeira cerimónia oficial, na companhia do então Diretor Dr. Abel Flórido, de receção a todos os embaixadores acreditados em Portugal, na primeira comemoração do 10 de junho, realizada em Viseu. Depois disso, dediquei-me ao ensino e à história e investigação, que procuro fazer, principalmente, na área da história local. É muito importante e é uma forma das pessoas começarem a gostar das terras onde vivem e, ao mesmo tempo, potenciarem o seu desenvolvimento futuro, deixando às gerações vindouras um legado, que lhes permita gostar e investigar mais. Aliás, todos são unânimes em reconhecer, o património e a cultura, como uma das áreas com mais potencial, e que, mais riqueza trás ao país, naturalmente associado ao turismo, nas suas diversas vertentes, militar, religioso, paisagístico, gastronómico…

Como foi receber o convite para dar continuidade ao legado da Drª Teresa Cruz na Universidade Sénior?
Trabalhei com a Drª Teresa Cruz, na qualidade de Vice - Presidente nos primeiros tempos da Escola Ana de Castro Osório, onde depois da senhora se reformar, fui o primeiro Presidente eleito e também primeiro Diretor do Agrupamento, com o mesmo nome. Fomos nós, que tivemos a ideia de propor para esta Instituição, o nome dessa grande individualidade dos primórdios da República, natural de Mangualde, defensora do Feminismo, e percursora da Literatura Infantil em Portugal. Sempre pensámos na escola, como uma comunidade viva, interativa, onde as pessoas (alunos, professores, pais…) se sentissem bem e fossem felizes. Onde fossem tratados com as devidas condições, porque, só num ambiente feliz é que é possivel haver progressão e ter futuros cidadãos de consciência no Portugal do amanhã. Neste sentido, e seguindo esta forma de pensamento, depois da Drª Teresa Cruz me pedir para tomar conta dos destinos da Universidade Sénior, e depois de eu perceber esse alcance, aliás, eu já lá trabalhava há alguns anos, sendo responsável da disciplina de História e Património, com um outro grande amigo o Dr. Rui Sacadura, logo, senti-me na obrigação de responder afirmativamente. Assim, este desafio e este pedido, foram aceites no sentido de dar continuidade e se possível procurar fazer mais e melhor.

Quais as valências de que dispõe atualmente a Universidade Sénior?
A Universidade Sénior possuiu um vasto cardápio de disciplinas, cerca de 16. Este ano, já foi possível acrescentar mais duas, Ginástica de Manutenção e Comunicação Social (jornalismo e televisão), esta, na minha ótica, será uma área atrativa e atual, e sou de opinião, que as pessoas irão gostar. Mas haverão outras na calha, vai depender das inscrições e das Instalações.

Quais os requisitos para entrar na Universidade e qual o número de alunos/vagas?
Face ao quadro de pandemia provocado pela Covid 19, que atravessamos, tive o cuidado de contatar logo, nos primeiros dias a Senhora Delegada de Saúde, com quem conversei, e também com os docentes, que vão dar as disciplinas. Concluí, após ter ouvido todos os colaboradores, que algumas disciplinas teriam que ter um número limite para acautelar essas regras de segurança que ainda se mantém em vigor. Depois, há outras disciplinas, que também terão um número mínimo, para poderem funcionar. No caso de haver mais alunos inscritos, a certas disciplinas, de caráter mais prático, estou a ver a possibilidade de haver mais colegas, que possam trabalhar connosco.
Relativamente à Universidade Sénior, no âmbito dos protocolos que temos com a Câmara Municipal e com a Junta de Freguesia que saudamos e agradecemos, podemos afirmar com segurança que, sem essas colaborações seria muito difícil. Os alunos pagam uma pequena quantia para inscrição nas disciplinas, mas depois, há o pagamento do seguro, e portanto, o valor da receita, não chega para tudo, o que seria desejável oferecer. Se não fosse essa ajuda, e outras como a do Rotary Clube a Universidade Sénior, não teria hipótese.
Tal como todas as instituições vivas da sociedade que têm uma função social, também a Universidade Sénior a tem, porque ao sermos solidários uns com os outros é que se consegue fazer uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais fraterna.

Mas a nível de vagas, qualquer pessoa se pode escrever ou há limite de número de inscritos?
Neste momento as vagas estão abertas. Ainda não tenho o número total de alunos inscritos nas diversas disciplinas. Com os Vice Diretores que nomeei, o Sr. António Messias e o Dr. Luís Ângelo, estamos à espera do levantamento final, para ver de facto, o número de alunos que estão inscritos em cada disciplina. Há uma ressalva, qualquer número que ultrapasse o limite que foi estabelecido terá que me ser perguntado a mim, na qualidade de Diretor, e eu auscultarei os docentes das disciplinas para ver da pertinência ou possibilidade de entrar mais um ou dois. Temos que gerir com algum bom senso, porque é necessário acautelar as regras de segurança para o bem de todos, e para um mais rápido regresso à normalidade. Mas de uma forma aberta pessoalmente não concebo, nenhuma Universidade Sénior, que não seja para todos, e no nosso caso para todos os Mangualdenses do Concelho.

Estamos a falar de um universo de quantos alunos?
No ano passado andou à volta de noventa. Este ano, gostaríamos de atingir a meta dos cem.
Falei com o responsável da paróquia, senhor Pe. Paulo Domingues, a quem solicitei o favor de mandar distribuir um e-mail pelos párocos das diversas aldeias e localidades do Concelho, que imediatamente, se prontificou a fazê-lo, e será outra forma de atrair mais interessados. A Universidade Sénior não deve ser só para quem consegue pagar a quota, deve ser também, para aqueles que não podem, e é nesta dicotomia, se podermos ajudar os cidadãos, que não têm meios, mas teriam gosto de participar. Vamos procurar ajudar, porque é assim que se faz solidariedade a sério.
Não se pode deixar as Universidades Séniores, não só em Mangualde como no resto do país, estarem abertas, apenas para pessoas com mais formação que vão naturalmente sempre atrás de mais conhecimento. Devem ser para todos, porque é isso que provoca o desenvolvimento e atrai as pessoas, numa sociedade mais humanista.

Dr. João Carlos, que projetos tem para a Universidade Sénior?
A Universidade Sénior tem que se potenciar como uma oferta positiva para todos aqueles que estão numa fase etária da vida, mais avançada, e procuram manter-se ativos e conviver a todos os níveis. Altura essa, em que as pessoas, através de uma simples palavra, de um gesto ou de um sorriso, possam sentir-se mais felizes. Por vezes estas, sentem-se sozinhas por diversos motivos, doença, isolamento… e precisam sentir um bocadinho de calor, e esse calor, está nas palavras, porque somos uma sociedade essencialmente comunicacional.
Convidei a Drª. Ana Loureiro, que de pronto se voluntariou, e irei falar também com o Dr. Rui Sacadura, a quem já dei também uma palavra ao correr da pena, para que, com mais alguém, consigamos abordar a área da saúde, sobre diversos temas, desde alimentação, nutrição, prática desportiva, saúde mental, aos cuidados primários, etc., em que todos possam participar e sintam de fato, que a Universidade Sénior está a proporcionar bem-estar e felicidade, que é o que se pretende, seja possível cruzar conhecimentos e experiências, e que, devemos estar preparados para aprender sempre ao longo da vida.
Relativamente a projetos, há umas ideias que estão em mente. Necessitávamos que as instalações fossem maiores, mas, como Roma e Pavia não se fizeram num dia, teremos de aguardar por melhores dias.

Como pretende dinamizar e atrair mais pessoas às atividades realizadas pela Universidade Sénior?
As pessoas começam a gostar cada vez mais da Cultura, da História e do Património, ainda mais num Concelho, que tem tanto para oferecer. É importante, que se diversifiquem as atividades, para que todos, se sintam de fato pertencentes a uma comunidade, e possam participar. Para fazer melhor, precisamos de todos, portanto, todas as atividades são bem-vindas e ajudam de facto a enriquecer o back ground de cada um.
Gostaria ainda de tornar a Universidade itinerante, abrangendo todas as freguesias do Concelho, e então sim, seria a forma mais simples de as pessoas perceberem a sua pertinência e participarem.

Alguma outra observação que queira deixar e nos tenha falhado.
Acho que Mangualde e as terras deste país (tivemos há pouco tempo as eleições autárquicas é altura de deixar assentar a poeira da política), devem pensar que todos somos poucos para fazer um mundo melhor e, precisamos que as diversas Instituições e pessoas colaborem umas com as outras. As Universidades Séniores independentemente da sua origem, devem ter o mesmo objetivo, fazer bem, melhor e servir todas as pessoas.