REFLEXÕES

Patrimonio Cultural
Ruinas Romanas da Raposeira
Nos dois últimos números dei a conhecer através da planta a verdadeira dimensão das Ruinas da Raposeira e o crime de cariz cultural e histórico (nunca é demais insistir) que foi cometido no seu restauro, e também da ausência do complexo das “oficinas” localizadas no terreno do lado poente do caminho, as quais, por ordem não sei de quem, nem em que tempo, foram de novo soterradas. Ainda espero que alguma autoridade oficial entendida nesta área da cultura, se proponha num futuro próximo corrigir os inúmeros erros cometidos. Os dados existem e são bem explícitos é só procurar nos Relatórios anuais que devem estar arquivados na Câmara. Deixando agora todos os problemas que desabaram sobre a construção, e já descritos, terei de me debruçar noutra área importantíssima dos trabalhos arqueológicos – é a questão do material recolhido ao longo das escavações. É a partir deste material que o investigador pode obter respostas acerca do sítio escavado - localização no tempo histórico, povos que o usufruíram - aquilo que construíram, com que materiais, que utensílios criaram para as diversas tarefas, como produziam e o que produziam para a sua sobrevivência, além dos hábitos sociais e até as lutas que travavam. Enfim, um sem número de informações que são preciosas para termos mais um pouco da história da Humanidade. Pois, é isso. O material é precioso, desde o mais pequeno fragmento de vidro ou cerâmica de usos domésticos ou de construção, aos objectos de adorno, decorativos ou outros. E também os importantes objectos de metal normalmente com muita oxidação sejam ferramentas, ou moedas, ou outros artefactos que serão recolhidos à medida que se vai escavando e registando todos os dados necessários à sua identificação e estudo posterior. Estou a fazer uma breve descrição da importância da recolha correcta do material em todos os momentos da escavação, porque como já referi é do seu estudo que obteremos a informação histórica. Pena é que, e mais uma vez insisto, as autoridades locais não tenham entendido nada disto nem se detivessem a ouvir quem sabe, quem pode esclarecer dúvidas… Podem até não estar interessados neste tipo de abordagens. Graças à má postura que sobre este assunto foi adoptada, hoje o que resta do precioso material arqueológico das Ruinas da Raposeira, sujeito assim a imensas vicissitudes, não é mais do que lixo numa qualquer arrecadação camarária. Também terei de fazer referência a algumas belas peças (cerâmica sigilata, por exemplo ) que por especial consideração foram, ao tempo, tratadas e restauradas no Museu de Conímbriga, e se encontram hoje em lugar incerto… o mesmo se passando com objectos de metal !! Como se costuma dizer “ um mal nunca vem só” e sobre este assunto há situações verdadeiramente misteriosas…Assim tudo o que poderia fazer parte do acervo dum desejado Museu Municipal, esfumou-se . Agora poderão perguntar… e quem és tu que assim falas?!