CONSULTÓRIO

ESTAMOS À PORTA DO INVERNO!
COMO VAMOS RESISTIR ÀS CONSTIPAÇÕES?
O inverno acompanha-se sempre de uma diversidade de pequenas afecções que se traduzem por um nariz que corre, espirra ou entope, por uma garganta que incomoda, dói ou fica irritada, por tosses e expectoração…
E porque é que o inverno é assim tão propício às constipações, às bronquites, à gripe e às anginas ou amigdalites? E como nos devemos proteger?
É uma evidência: o inverno é propício ao aparecimento de constipações. Mas porquê?
A explicação é relativamente simples. O tempo mais frio e húmido facilita a transmissão e contágio pelos vírus respiratórios (são mais de 200) que vão passando de pessoa para pessoa. Mas nem todas as pessoas que entram em contacto com estes agentes infectantes vão ficar constipadas. Só as mais frágeis ou mais debilitadas é que vão ficar doentes. E o arrefecimento fragiliza as vias aéreas. Com efeito, ao provocar uma constrição dos vasos sanguíneos do nariz, as defesas imunitárias da mucosa nasal diminuem, facilitando a entrada dos vírus. Em resumo, o inverno agride as mucosas das nossas vias aéreas superiores, as quais se tornam menos eficazes no seu papel de barreira antiviral.
Primeiro conselho para limitar as constipações: evite os ambientes fechados e com muitas pessoas.
Se no exterior o risco de arrefecimento aumenta, a verdade é que os vírus andam mais dispersos pelo ar (desde que não haja uma grande aglomeração de pessoas que vão aumentar o risco de transmissibilidade dos vírus). Ao contrário, os ambientes fechados podem transformar-se num verdadeiro ninho de vírus, porque estes se encontram confinados e se transmitem mais facilmente entre todos os residentes, não só por transmissão através da via aérea, mas também através das superfícies.
É preciso arejar, com regularidade, a casa e renovar o ar, pelo menos, uma vez por dia. Não convém sobreaquecer as divisões e é conveniente humidificar as mesmas porque o ar muito seco agride também as mucosas nasais e torna-as mais sensíveis aos agentes infecciosos.
Segundo conselho para limitar as constipações: lavar as mãos regularmente.
Lavar as mãos com frequência deve constituir quase um reflexo. É preciso também secá-las com uma toalha limpa e pessoal utilizando, de preferência, toalhetes descartáveis; o mesmo em relação aos lenços de assoar, assim como com os agasalhos.
Inverno: alguns reflexos anti-frio.
Convém relembrar os conselhos de base que revelam bom senso: evitar as exposições prolongadas ao frio e ao vento, as correntes de ar, manter-se aquecido, usar um impermeável para impedir que a humidade atravesse a roupa…
Em contrapartida, esquece-se, com relativa facilidade, que em caso de grande frio é preciso evitar o álcool, sob todas as formas (grogues, vinho aquecido, gemada com vinho do porto…). Contrariamente a uma ideia preconcebida o álcool não reforça o sistema imunitário mas, ao contrário, fragiliza-o ao congestionar as vias aéreas e diminuindo a eliminação dos microrganismos. Em caso de tratamento medicamentoso, o álcool pode favorecer o aparecimento de efeitos secundários.
Os antibióticos não devem ser prescritos ou tomados de uma forma automática. Com efeito, como a maior parte das infecções das vias aéreas são de origem viral (constipações, rino-faringites, bronquites, bronquiolites…) os antibióticos não têm, aqui, qualquer cabimento.
Também, outro preconceito errado, não aproveitar o frio para comer mais. O organismo não tem necessidade de mais calorias para passar o inverno. O único resultado será um aumento de peso, o qual irá aumentar a fadiga.
Finalmente, verificar o bom funcionamento dos sistemas de aquecimento e dos esquentadores, as braseiras, a limpeza das chaminés e promover uma boa ventilação das diferentes divisões da casa. Tudo isto para prevenir as intoxicações pelo monóxido de carbono, um gás mortal que todos os anos faz um número muito significativo de vítimas mortais. Uma razão de peso para que se areje, diariamente, cada divisão.