Barragem de Fagilde – A saga continua


Quando eu nasci, já se ouvia falar… Uma barragem em Fagilde! Parecia um sonho, algo difícil de concretizar. Como seria? Quais os seus impactos na região e na população?
Em 1979 iniciou-se o projeto. Os populares, curiosos faziam visitas regulares à obra e testemunhavam o seu andamento. Concluída em 1984, foram 5 longos anos de espera. A Barragem de Fagilde era uma realidade. Em pleno leito do Rio Dão, tinha como principal objetivo o fornecimento de água aos concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo.
Seguiram-se noticias de esgotos que corriam livremente para o Rio Dão, Estações de Tratamento a montante em mau funcionamento e outros focos de poluição, que ainda hoje, a serem verdade, põem em risco a qualidade da água da barragem de Fagilde. Continuamos a ouvir noticias semelhantes, sem certezas e sem saber, sequer, que medidas corretivas são aplicadas, se é que são…
Em novembro de 2017, a Barragem de Fagilde saiu do esquecimento e voltou a ser noticia. Durante o período de seca que se viveu em toda a Península Ibérica, a Barragem de Fagilde chegou a 10% da sua capacidade, garantindo apenas 20 dias de abastecimento. Foi preciso estabelecer um plano de contingência para salvaguardar a rutura, com dezenas de camiões cisterna a fazerem o transporte de água e a descarga diretamente para a Barragem de Fagilde.
Este grande susto ditou o destino da já velhinha barragem de Fagilde, que chegou ao fim do seu período de validade, pondo de lado soluções como o desassoreamento. Promessas de uma nova barragem em 2018 deram início a um novo processo de expropriação dos terrenos adjacentes, criando mais uma vez uma enorme expectativa e dúvida na população.
Finalmente, a constituição de uma Empresa Intermunicipal denominada “ Àguas da Região de Viseu” em julho 2020, seria responsável pela construção da nova barragem e assegurar a captação e tratamento de águas para abastecimento dos concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas, Sátão e Penalva do Castelo. Investimento a aguardar o próximo quadro comunitário, não contemplado no PPR, emaranhado em burocracias, pareceres e aprovações, nunca chegou a ver a luz do dia.
A recente notícia de que Viseu está á procura de outras soluções, mais rápidas e com menores custos, recorrendo por exemplo à Águas de Portugal, põe em causa a necessidade da construção da nova barragem. E assim sendo, qual será o destino dos municípios minoritários?
Não há soluções perfeitas, mas quem paga a fatura no final? Quem utiliza águas potencialmente poluídas? Quem paga o tempo perdido com processos que ficam na gaveta? Parece que somos todos nós. Ficamos assim a aguardar as cenas dos próximos capítulos desta história que parece não acabar…