REFLEXÕES

Patrimonio Cultural
Ruinas romanas da Raposeira
A minha análise do problema das ruinas da Raposeira, poderia continuar por tempos, já que muito ficou por dizer. Poderei eventualmente numa segunda leitura a cada um dos textos acrescentar pormenores ou factos que poderiam, em todo o processo do estudo da área histórica, dar ainda mais razão aos juízos que fiz sobre inúmeras falhas que detectei quando se realizaram os trabalhos de restauro. E teria também de interrogar alguns intervenientes por que motivo se “desprezaram” verdades comprovadas dando lugar à mentira ou erros históricos jamais recuperáveis. Não podem ser estas as atitudes de qualquer historiador ou investigador…não se podem, nem devem, apagar certezas colocando a pura imaginação especulativa num texto ou num restauro. Por isso digo que diversas soluções encontradas para as Ruinas da Raposeira foram um crime de lesa Cultura e Património. Mas o que está feito, para ser corrigido era indispensável mais dinheiro e pessoas isentas e profundamente empenhadas. Assim vamos esquecer que o concelho de Mangualde acabou por ficar castrado neste seu enorme e único Bem histórico. Temos dentro dos limites do concelho zonas e sítios de grande importância, pouco ou nada conhecidas e serão apagadas com o decorrer dos anos. Visíveis e visitáveis temos duas Antas, alguns troços e vias romanas, em algumas aldeias vestígios de Villae ou vicus, mas estas lá ficarão até que venha uma retroescavadora fazer o seu trabalho de destruição em nome de uma qualquer ignorância progressista. Em alguns desaterros já eu vi em tempos - as pedras talhadas, cerâmica de construção e “opus signinum” desapareceram à frente da pá. Cada quinta ou quintarola que se torne apetecível para implantação duma bela moradia, ou dum bairro sem critérios estéticos, é uma provável fonte de desprezo histórico e levará uma enorme pincelada de tinta negra apagando-lhe o Futuro. Recordo também que numa quinta nos arrabaldes teria havido um local de culto muito antigo- um penedo com diversos sulcos sugerindo um sol associado a umas quadrículas e uns sulcos verticais na lateral. Como entendemos ser um testemunho que não me cabia avaliar ou estudar por estar fora dos meus horizontes históricos, comunicou-se ao Serviço Regional de Arqueologia da zona Centro, em Coimbra, tendo –se deslocado a Técnica Superior - Dra Ana Leite – que estudou o monumento localizando-o na Idade do Ferro – penso que o Relatório foi enviado à Câmara Municipal, mas disso mais nada sei. Nem tão pouco que medidas de protecção terão sido tomadas…Provavelmente nenhumas. É um desígnio estranho o deste território….