Ano novo, novos deputados!

Um governo que surgiu após uma derrota para salvar a carreira política de António Costa foi descrito com muita assertividade por Luís Marques Mendes: este governo não serve para fazer reformas. Serve para gerir, para negociar, serve para dar aqui e ali, de forma a aguentar-se no poder e distribuir o que resta. O PS é tudo isto que também João Marques de Almeida retrata muito bem: “O PS não mudou. É o mesmo partido do tempo de Sócrates, sem o antigo líder. O antigo número um foi-se embora, e subiu o antigo número dois, António Costa. No resto, são os mesmos que continuam no poder: muitos ministros foram os mesmos, muitos deputados são os mesmos, e os mesmos dirigentes.”
O mínimo que o PS podia fazer nestas eleições era apresentar novas caras nas listas de candidatos a deputados, no entanto, o PS tem 45% do atual Governo nas listas de candidatos a deputados. Ana Catarina Mendes, presidente do grupo parlamentar socialista, tem o descaramento de justificar a inclusão de quase metade do Executivo nas listas do PS às legislativas pelo “bom trabalho” e “bons resultados”. Não sei em que país é que ela vive mas não deve ser em Portugal, senão vejamos: as escolas não têm professores, os hospitais não têm médicos nem enfermeiros, os tribunais estão entupidos com processos a arrastarem-se anos sem fim, a economia vive dependente dos subsídios e o estado afoga-nos com impostos, taxas e burocracias!

Já no PSD, Rui Rio fez uma autêntica limpeza aos seus cabeças de lista pelos 22 círculos eleitorais às legislativas, dos quais 11 são novos em relação a 2019, o que representa uma renovação de 50%. Por aqui nada de novo, foi apenas Rui Rio a ser ele mesmo. Os “notáveis” que não o apoiaram foram retirados das listas o que no meu entender foi muito arriscado mas não foi inédito. Pedro Santana Lopes lembrou e bem que “Cavaco Silva nas listas de Deputados, depois de ter ganho, “só” com 51%, o Congresso da Figueira, em Maio de 1985, tirou das listas vários que se lhe tinham oposto. Mostrou quem mandava. Mês e meio depois ganhou as eleições e ficou lá dez anos. Excesso de conciliação, principalmente depois de uma clarificação, seria sinal de fraqueza.”
Que fique bem claro que sou frontalmente contra a existência de uma espécie de “senadores” no parlamento. Se limitaram os mandatos dos presidentes de Câmara e das Juntas de Freguesia a 3 mandatos consecutivos, também o deveriam ter feito relativamente a quem legisla, mas faltou coragem.
Em 2022, haja coragem para mudar.

Feliz ano novo e muita saúde!
E já agora, façam o favor de ser felizes.