OS VOTOS INÚTEIS


Em 2019, 4,7% dos votos nas eleições legislativas de 2019 foram para o “lixo”. Só do CDS/PP, que foi o mais castigado dos partidos, foram quase 103 mil votos “ignorados” que não serviram para eleger ninguém. No total, houve perto de 720 mil eleitores cujo voto “não serviu para nada” a não ser dar algum dinheiro aos partidos.
Os partidos médios são sempre os mais prejudicados; os grandes (PS e PSD) são os mais beneficiados. No caso das eleições de 2019, os sociais-democratas apenas não viram convertidos em mandatos 2,19% dos votos enquanto que os socialistas não registaram uma única perda. Se olharmos para os círculos eleitores, o caso de Portalegre destaca-se de todos. Mais de metade (53,41%) dos votos válidos não contaram para eleger ninguém. Dito de outra forma: mais de metade da população votou “em vão”.
Votos desperdiçados, votos ignorados, votos inúteis ou votos válidos em vão, como se lhe queira chamar, existem sempre, a questão é que não precisam de ser tantos. O mesmo acontece com a abstenção: continuam a ser os dois maiores, PS e PSD, a beneficiar com o sistema em vigor. Diria que, por isso, o interesse em mudar é nenhum. Mas deviam, fariam com que a população se sentisse mais representada, sentisse que o seu voto tinha servido para algo.
O sistema eleitoral devia promover uma ligação mais próxima entre eleitor e eleito. Nos círculos mais pequenos, os eleitores podem ser obrigados a fazer o “voto útil”. É só conferir o mapa:

Nestas circunstâncias, a pouco representatividade do dos distritos mais pequenos vai-se agravar pois os governantes vão continuar a investir o dinheiro dos nossos impostos onde se ganham as eleições, ou seja nos distritos que elegem mais deputados. Para os outros vão sobrar promessas e migalhas.