NOS PRIMÓRDIOS DA SINALIZAÇÃO DAS RUAS

Pretendemos abordar o tema referente aos sinais que regulam, quanto à sua orientação ou ritmo, o tráfego ou a orientação de veículos que circulam nas vias. Atualmente a sinalização rodoviária é indispensável e são muitas as espécies de sinais que são utilizados, desde os de obrigação, de proibição, de informação, de perigo e semáforos. Não vai longe o tempo em que havia com frequência os polícias sinaleiros. Quando, antigamente, os meios de transporte eram lentos e o trânsito pouco intenso, não se sentia a necessidade de o regular, a não ser em circunstâncias muito especiais. Foi uma destas circunstâncias que deu origem ao primeiro sinal de trânsito na cidade de Lisboa.
Este sinal está situado na Rua Salvador, nº 26, em Alfama. É uma placa do ano de 1686, a qual foi mandada afixar por D. Pedro II para regular o trânsito dos coches que passavam por esta rua estreita. Diz o seguinte, como se pode ainda ler na placa: Ano de 1686. Sua Majestade ordena que, seges e liteiras que vierem da Portaria do Salvador recuem para a mesma parte.
Quer dizer, os coches e as liteiras que vinham de cima, perdiam a prioridade em relação aos que iam de baixo. Tudo isto, porque a rua tinha muito tráfego, visto ser muito importante, pois ligava as portas do Castelo de São Jorge à Baixa de Lisboa. A meio da subida da rua existe um edifício que está fora do alinhamento dos restantes e provoca um estrangulamento que não permitia o cruzamento de dois daqueles veículos. Este estrangulamento, no tempo de D. Pedro II, dava origem a discórdias entre os carroceiros que subiam e os que desciam a rua, dado que não era fácil obrigar os cavalos a recuar. A determinação da perda de prioridade visava pôr termo a tais conflitos, que chegavam a resultar em mortes.
A rua que foi tão importante no século XVII, atualmente é apenas uma pequena travessa, com prédios em mau estado de conservação, entre a Rua das Escolas Gerais e a Rua de São Tomé.