Maioria absoluta, e agora?


Com esta maioria absoluta nem os socialistas mais otimistas contavam, mas o que é certo é que os eleitores castigaram os antigos parceiros da geringonça e canalizaram os seus votos para o Partido Socialista. Desta feita, António Costa vai para o seu terceiro mandato livre dos constrangimentos das negociatas com a extrema-esquerda.
Num país onde uma larga maioria da população vive na dependência que o seu rendimento tem do estado, não se pode esperar que apareçam reformas para tornar Portugal mais competitivo. Portugal está estagnado desde 2015, sob orientação do PS. Assim, nada leva a crer que a política económica do PS, por si só, contenha alguma coisa extraordinariamente boa para os próximos anos. No entanto, António Costa terá todas as condições para constituir uma equipa governativa mais forte (é mais fácil convencer bons nomes para um contexto de maioria absoluta, do que num contexto de dependência de partidos mais à esquerda) e deixará de ter qualquer tipo de desculpas na sua governação, para bem de todos os Portugueses.
No meu entender, um dos grandes culpados da maioria absoluta do PS está últimas sondagens antes das eleições uma vez que davam o PSD taco a taco com o PS. À esquerda, não prevaleceu apenas o mero voto útil (muito notório no resultado do PAN). Prevaleceu também o castigo ao BE e CDU por terem deixado cair a geringonça, pelo que houve transferência e concentração de voto no PS.
Quer-me parecer que cada vez mais Portugueses no momento de depositar o seu voto na urna pensam mais nas sondagens e de quem não querem a governar. Veja-se o que se passou nas eleições autárquicas para a Câmara Municipal de Lisboa onde o PSD de Carlos Moedas ganha contra todas as projeções numa eleição marcada pela rejeição de Fernando Medina (o mesmo que agora pode ser promovido a Ministro!).
E mais uma vez, um método de Hondt que permitiu galgar deputados devido à grande distância para o PSD e à brutal dispersão dos eleitores em sete pequenos partidos, o que produziu um desperdício de centenas de milhares de votos a nível nacional, para grande felicidade do PS. Vejamos: em 1995, António Guterres teve 43,8% dos votos e 112 deputados. Em 1999, teve 44,1% dos votos e 115 deputados. O pobre homem nunca atingiu a maioria absoluta. Em 2022, António Costa teve 41,7% dos votos e vai conseguir chegar aos 119 ou 120 deputados. O PS obteve um deputado por cada 19.200 votos. O CDS teve mais de 86.500 votos e conseguiu zero deputados.
À direita do PS, nada de novo. Um Rui Rio errático que se deixou envolver na teia socialista e que acabou a noite a dizer duas vezes que houve voto útil à esquerda, mas não à direita. Pudera, com um líder assim!!!
Bem, e agora? Chegados que estamos a este ponto suspendemos a nossa vida nas mãos de António Costa e aguardamos desesperadamente por melhores dias.