O estigma do suicídio


“Se tu estás assim tão deprimido, pede ajuda a alguém… E lembra-te, o suicídio é uma solução permanente para um problema temporário!”
Robin Williams, ator americano
Parece sensato julgar que alguém com uma citação destas nunca iria cometer suicídio, mas foi assim que terminou a existência desta personalidade (E que personalidade! Qualquer cineasta sabe o valor que este homem tinha para Hollywood!)
A ideia de cometer suicídio é mais recorrente do que a sociedade aceita, de fato o ato de tirar a vida sempre ocorreu, quer por motivos militares ou judiciais. Era considerado ato de nobreza e caracter cometer suicídio durante uma batalha para demover o inimigo, ou até mesmo recorrer a esta ação para evitar julgamentos cuja a sentença seria dura. Há culturas, tais como a japonesa, que considera o suicídio como um elevado ato de coragem e autocontrole. Mas em Portugal, país de solidariedade e fé cristã, país de grandes eventos de caridade, é também um país de preconceituosos e hipócritas que colocam rótulos e ideias despropositadas, perante os transtornos de humor e doenças mentais. Só valorizam os doentes físicos, quem tem algo visível para apontar o sinal de doença, e colocam os doentes do foro mental no departamento dos fracos e dispensáveis. Como se uma depressão fosse uma invenção para evitar a realidade; como se uma esquizofrenia fosse uma doença contagiosa permanente. Não é de admirar que haja um número mais elevado de fatalidades em comparação com algumas tipologias de doenças oncológicas, tais como o cancro da mama.
Mesmos diagnosticadas, acompanhadas por profissionais especializados e medicadas, a pessoas com depressão são bombardeadas com comentários tendenciosos e discriminatórios, tais como “Isso é falta de vontade!” ou “Tens tudo para seres feliz, queres ser o centro das atenções, é?” ou “Isto já vem de família, e daquele tipo de pessoas” ou “Não vamos falar disso, podemos incentivar”.
O isolamento, a passividade aliado a cansaço e fadiga e distúrbio do sono, são sintomas que aparentam ser normais. Não desvalorize. Não desconsidere a sua vida, que é tão valiosa que a temos como garantida, convictos que alguém nos irá buscar do limbo. Alimente a sua auto estima, mesmo que as palavras egoísmo e vaidade surjam no discurso alheio. Afinal a inveja sempre foi motor para rebaixar, quem é sensível; torne-se amigo de si mesmo e não seja o primeiro a julgar que “isto passa”, pedir ajuda é o primeiro passo para gostar de si próprio.