LENDAS, HISTORIETAS E VIVÊNCIAS

A LENDA DO PENEDO DA MOURA
Por todo o País e desde tempos longínquos se encontram lugares onde se viveram situações ”estranhas” que levaram, e talvez ainda levem, pessoas a procurar encontrar uma explicação convincente. E muitas dessas crenças projectaram-se no tempo até ao presente, embora a evolução das mentalidades já tenha atenuado muitas sem significado.
Os “penedos da moura” encontram–se por várias zonas do País e estão associados a acontecimentos em que uma pessoa é o ponto central dum qualquer facto ou situação fora do comum. Pois bem, também na nossa zona temos um PENEDO DA MOURA com a sua história. Localiza-se nas proximidades da povoação de Cubos.
Segundo dizem, em tempos longínquos, quando os povos ditos bárbaros andavam pelo mundo e encontravam locais propícios à sua sobrevivência aí se instalavam. Com materiais precários construíam cabanas rudimentares, ou abrigos com alguma solidez. Eles, os bárbaros ou mouros, também andaram por aqui, embora ninguém se lembre deles. Mas a estória diz que se fixaram numa elevação onde construíram um castelo bonito destinado a albergar uma formosa princesa e o seu companheiro - um príncipe mouro de grande estatura, coragem e beleza, que vinham lá do Norte de África com a sua grande comitiva- homens combatentes, protectores das suas damas que sempre os acompanhavam. Havia algumas carruagens puxadas pelos excelentes cavalos andaluzes que proporcionavam maior comodidade nas deslocações. Mas o restante povo acompanhante, fazia as viagens a pé sendo muitas vezes longas e extremamente cansativas. Naqueles tempos a grande área que tinham de percorrer pelas serranias das hoje designadas Beiras, era fundamentalmente constituída por aglomerados graníticos intercalados de bonita vegetação sobretudo junto a linhas de água que também abundavam. As vias que ligavam os lugarejos esparsos eram estreitos carreiros de terra batida subindo encostas e descendo até aos vales férteis que proporcionavam maior abundância de alimento para o gado e pessoas. Pois os caminhos que levavam lá de longe até ao Monte do Castelo, também eram estreitos e cansativos. E a uma pobre moura, como a tantos outros, coube a sorte de carregar uma enorme pedra que iria ser precisa na construção da casa do seu senhor…mas chegados ali depois de subir tanta encosta, fraquejou, caiu exausta e adormeceu sobre a pedra que transportava. A comitiva seguiu sem se aperceber do facto. O tempo foi passando e, enquanto isto, a pedra que a bela moura carregava tão martirizada, transformou-se num grande penedo de superfície muito regular em cujo interior, diziam, se instalou um verdadeiro palácio onde a moura passou a viver, mas ninguém a via e nem se sabia verdadeiramente aonde era a entrada para o mesmo…
(continua)