TEMPO SECO

A Fraqueza do Ocidente
A Flávio Vegécio, escritor romano do Século IV, próximo do imperador, é atribuído o provérbio latino: “si vis pacem, para bellum” ( se quer paz, prepare-se para a guerra). E o mundo aceitou essa argumentação imprudente, mas lógica, e durante séculos têm-se armado “ate aos dentes”, numa corrida sinistra e totalmente acéfala.
A Europa, ora dos 27, que obstinadamente tem apregoado a paz, e que tem feito tudo para apresentar-se aos olhos do mundo inteiro, como a única potência pacifista do mundo, enganou-se: e enquanto foi difundindo a sua pacífica existência, as outras potência foram aproveitando, a sua filosofia anacrónica, para desenvolverem seus arsenais bélicos, debaixo do seu olhar acomodado e cúmplice, e com o estranho e imprudente fornecimento de materiais e componentes letais, que ela mesmo lhes foi garantindo.
A imensurável confiança que depositou na potência aliada, do outro lado do Atlântico, para a sua defesa é um logro. Hoje bate certa, mas é demasiado instável, e orienta-se de acordo com a alternância do poder, como já foi visto no mandato de Trump. Hoje a necessidade de modernizar a sua defesa e as suas forças armadas, é mais que urgente, e a guerra na Ucrânia veio por essa lacuna em evidência.
Mas, a reabilitação bélica, por si só, não vai resolver toda a operacionalidade da defesa europeia, e nada melhor para demonstrar esse facto, que a dilatação, no tempo, do conflito ucraniano, onde muitos dos países da UE, vão querer ver-se livres dele, pela degradação económica e conflitos sociais que lhes vai causar, e pela ascensão ao poder de partidos extremistas que emparceiram com a Rússia, nesta guerra, como já é o caso da Hungria.
Talvez este conflito seja o maior teste à unidade, ou não, da UE. UE, que sem se ter constituído numa federação, de estados que teriam de perder mais alguma da sua autonomia: sem um presidente e sem forças armadas próprias, se vai sentir perdida, com o arrastar deste conflito, que vai exigindo muito dos seus membros e nada vão receber em troca, além da dignidade e altruísmo da luta pela liberdade dos povos do mundo, e num mundo onde muitos países ainda são indiferentes, senão pouco tolerantes a esse vanguardismo liberal.
São muitos o que dizem, que o tempo, neste conflito, joga a favor da Ucrânia. Mas, não comungando com esse juízo: o tempo joga mesmo contra a Europa.