Timor-Leste 20 anos depois


Na passada sexta-feira, 20 de maio, Timor-Leste celebrou 20 anos da restauração da independência, conseguida após uma luta de libertação contra a ocupação indonésia, e José Ramos-Horta irá tomar posse, pela segunda vez, como Presidente da República timorense.
Após décadas de conflito, a República Democrática de Timor-Leste tornou-se o primeiro novo Estado soberano do século XXI a 20 de maio de 2002, depois de um processo diplomático que teve Portugal como peça fundamental.
O primeiro Estado soberano a nascer no século XXI, durante anos resquício de uma descolonização desastrada e vítima da lógica da Guerra Fria, cumpre 20 anos de independência e apesar dos progressos feitos na melhoria do nível de vida, os níveis de pobreza permanecem demasiado elevados.
A independência de Timor-Leste pôs fim a uma ocupação violenta da Indonésia de quase 30 anos. As imagens do massacre de Santa Cruz em novembro de 1991 chocaram o mundo. A mobilização de Portugal e de muitos países levou à realização do referendo. Timor foi o primeiro país do novo milénio.
Viseu, como muitas outras cidades em Portugal mobilizaram-se para apoiar o povo Timorense. Recordo-me, ainda estudante no Liceu Alves Martins, em Viseu, de ter feito um trabalho para a disciplina de IDES (Introdução ao desenvolvimento económico social) no 10º ano, sobre a dramática realidade timorense…já lá vão uns 22 anos!
Com o atual cenário de guerra na Ucrânia, o que se passou em Timor não deve deixar de ser um farol para a autodeterminação de um povo e contra a tirania pelo que o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou a sua “admiração” pelo caminho que Timor-Leste “trilhou para ver realizadas as suas legítimas aspirações”, acrescentando que o povo timorense “foi e permanece uma inspiração para o mundo.
António Guterres, que era primeiro-ministro na ocasião e foi uma importante figura neste processo de independência, no qual interveio ativamente, destacou ainda o papel que as Nações Unidas desempenharam para que o povo timorense alcançasse a liberdade e autodeterminação.
“As Nações Unidas orgulham-se do papel que desempenharam e do contributo que deram para que se concretizasse o direito do povo timorense à liberdade e à autodeterminação. E hoje continuam ao lado de Timor-Leste na sua jornada de consolidação da democracia, de aprofundamento dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e de promoção do desenvolvimento e do bem-estar do seu povo”, concluiu Guterres. Parece que a mensagem precisa de ser repetida mas desta vez bem mais perto de Portugal.