Auf Wiedersehen Rui Rio


“O meu futuro político acabou aqui. Ponto final parágrafo” respondeu Rui Rio após ter exercido o seu direito de voto na eleição que decidiu o seu sucessor. Rui Rio anunciou sai de “consciência tranquila” mas não se livra de ficar com o rótulo de um dos mais polémicos líderes que já passou no PSD.
O PSD já teve 18 líderes. Os que governaram, sobretudo Cavaco Silva, nos seus longos 10 anos de poder, foram os que maior lastro deixaram no PSD e no país. Rui Rio é o terceiro com mais tempo de liderança, o primeiro é Aníbal Cavaco Silva e o segundo Pedro Passos Coelho.
Rui Rio enquanto líder do PSD falhou os objetivos. Foi atabalhoado na sua mensagem de não colocar o partido nem à esquerda nem à direita e sectário e divisionista na forma como tratou aqueles que não o apoiaram. Não deixa marca ideológica no partido onde Cavaco foi marcante e Passos ainda é desejado. Deixa, isso sim e mérito lhe seja dado, uma situação financeira mais saudável mas, por outro lado, também muitos menos militantes e António Costa e o PS confortavelmente instalados no poder com maioria absoluta.
Ao fim de 12 anos à frente da câmara do Porto, ficou com a fama de ser um gestor rigoroso. Mas também teve muitas polémicas: do Aleixo ao Bolhão, da cultura ao FC Porto, dos “popós” aos arrumadores.
Rui Rio sempre teve mais jeito para fazer oposição ao PSD do que ao PS, veja-se o que se passou em 2013, com o escândalo dos contratos swap financeiros, Rui Rio lançou-se a Maria Luís Albuquerque, então ministra das Finanças do Governo de Pedro Passos Coelho, dizendo que era o “elo mais fraco” do Governo e sugerindo que a governante não tinha condições para continuar no cargo.
Rui Rio, cuja estratégia fracassou em toda a linha, não deixa ao seu sucessor um legado muito auspicioso.
Com um governo de maioria absoluta do PS, Portugal precisa de uma oposição sólida, séria e mobilizada. Para já, não é nada disso que se perspetiva. Possivelmente será a partidos mais aguerridos como o Chega e a Iniciativa Liberal que caberá desempenhar esse papel. Quanto ao PSD, não se vê para já, como poderá ganhar protagonismo. Mas, claro, este ciclo político ainda mal começou e Luís Montenegro vai ter a árdua e hercúlea tarefa de voltar a unir o PSD (com os seus barões sempre à procura de um lugar ao sol!), em primeiro lugar, para depois tentar ganhar a confiança dos Portugueses.