
Somos um povo que está habituado a dizer mal das coisas. Não é por mal, somos assim.
Se calhar somos exigentes demais ou gostamos de reclamar de barriga cheia. A verdade é que o que para nós é normalmente mau ou mediocre, para outros pode ser uma maravilha.
Tendemos a desvalorizar o que temos de bom no nosso país, o que pode ser francamente perigoso e apetecível para os outros.
Temos umas condições geográficas interessantes, bom clima, boa gastronomia, um povo afável e hospitaleiro, estabilidade e com um custo de vida que vale a pena para muitos.
Por outras palavras, estamos a saque e desta vez são os americanos que estão de olho em Portugal. Dados do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras indicam que os norte americanos passaram a liderar o ranking do investimento captado por via dos vistos gold no país, ultrapassando chineses e brasileiros. Para os americanos, a relação qualidade-custo de vida em Portugal é excelente, levando a um aumento do investimento imobiliário no nosso país. Nem as ilhas escapam, estando os Açores também na mira dos interessados.
Para além disso “os norte-americanos procuram muito o sistema de saúde em Portugal, acham o nosso sistema de saúde incrível.”
Será que estamos a falar do mesmo Portugal? Daquele que estamos sempre a reclamar?
Todo o sul da Europa atrai investimento estrangeiro, mas no que respeita à procura de casa em Portugal, o Brasil continua a manter o primeiro lugar no pódio, seguindo-se a França e o EUA em 3ª pela primeira vez. Importa referir que os EUA destronaram a china no que respeita ao vistos gold, tendo triplicado no último trimestre, face a igual periodo de 2021.
A conjuntura económica mundial e o aumento das taxas de juro nos EUA fez com que o Euro se desvalorizasse em relação ao Dolar cerca de 8%, o que significa que comprar casa no espaço europeu ficou mais barato.
A pandemia, a guerra entre a Russia e a Ucrânia, o aumento das taxas de juro e da inflação em Portugal, que levou a um aumento dos custos de construção, quer dos combustiveis, quer dos materiais, não afetaram o mercado imobiliário, que continua muito dinâmico, devido ao investimento estrangeiro.
E a oferta de casas em Portugal, continua a ser insuficiente para a procura.
Se “o sonho americano agora passa por comprar casa em Portugal”, qual será o sonho dos portugueses?