Brincar aos aeroportos


O Ministério das Infraestruturas anunciou no dia 29 de Junho uma nova solução para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa que prevê a construção de um aeroporto na atual Base Áerea n.º 6 do Montijo até 2026 e outro no Campo de Tiro de Alcochete, para entrar em funcionamento em 2035, que substituiria o Humberto Delgado. O novo plano foi objeto de um despacho do secretário de Estado das Infraestruturas.
Para espanto de todos, o primeiro-ministro “desconhecia o despacho” publicado na quarta-feira e foi “apanhado de surpresa” na cimeira da NATO que decorria em Madrid.
O ministro Pedro Nuno Santos, para além de ter ultrapassado as suas competências não informando o PM António Costa bem como o Conselho de Ministros, também reconheceu não ter falado previamente com o Presidente da República. Para o ministro, Portugal não pode continuar a adiar uma solução. “Já chega, já chega! O país anda a anos a discutir aeroporto. Já é tempo de mais. Há uma decisão tomada e vamos avançar”.
Depois deste episódio lamentável, só havia uma coisa expectável: ou o ministro saía pelo seu próprio pé se tivesse dignidade, ou seria exonerado pelo Primeiro-Ministro. Só que não. Pedro Nuno Santos pediu desculpa, admite “falha de comunicação e articulação”, mas aponta para o futuro ao lado de António Costa, por quanto tempo, não sabemos. É a “cola” que o poder tem.
Ficou, claro, a poeirada dos estilhaços e do entulho no ar. É que a declaração do ministro, depois da sua decisão ter sido publicamente revogada pelo Primeiro-Ministro, não apazigua as coisas. Deixa todos em muito maus lençóis. Enquanto António Costa anda a mostrar serviço no estrangeiro à procura de uma colocação numa qualquer entidade internacional, Pedro Nuno Santos mostra ao PS que quer fazer obra, nem que para isso seja preciso deixar os “banqueiros alemães com as pernas a tremer” (por PNS em 2011).
Depois de décadas à espera de uma decisão sobre o novo aeroporto, não sai um aeroporto mas dois de uma assentada. Para Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro sombra de António Costa, depois de prometer aos beirões um IP3 duplicado e uma linha férrea digna, eis que só falta também prometer que o aeroporto Internacional da Beira Alta, nasça numa qualquer cidade, vila ou aldeia com um presidente socialista!
A região de Viseu merece um aeródromo de referência, com uma pista com mais umas centenas de metros que a atual, com instalações renovadas, bem equipado e operacional 24/h dia, 365 dias ao ano.
O País merecia melhor. Sobretudo de um governo de maioria absoluta.