EDITORIAL Nº 829 – 15/9/2022

QUASE, QUASE OUTONO
O Verão que este ano foi muito quente e seco está a chegar ao fim.
Setembro é mês de vindimas, de início de aulas, quase um recomeçar de vida após as férias grandes.
Mas, vem aí o Outono de dias mais frescos e mais curtos.
E não tarda muito que chegue o tempo das lareiras, do conforto familiar e das castanhas assadas que é quase logo a seguir às vindimas.
E aqui a ligação das castanhas com os nossos Vinhos do Dão e da jeropiga feita de bica aberta no alambique. Um casamento perfeito…
Em todas as cidades do norte de Portugal, nas esquinas das ruas, os castanheiros enchem de fumo e de perfume os passeios. Cheira a castanhas !…
A Beira Interior é sítio de grandes soutos. Para quem não sabe, possuímos a maior mancha contínua de castanheiros em toda a Península Ibérica.
Aqui nascem as qualidades Judia, Longal, Lada e Cota. A excelente qualidade da castanha portuguesa, leva a que seja elevada a procura a nível internacional e cerca de 70 a 80% da castanha nacional destina-se ao mercado externo.
A castanha é uma espécie de “ouro”, tal como o volfrâmio do século passado, pois representa um forte pilar das economias das gentes do interior, que vivem do seu trabalho, essencialmente agrícola, de uma agricultura por vezes rudimentar e que quase não tem apoios do Estado, principalmente em anos difíceis, como os que temos vivido ultimamente.
A falta de chuvas, em suma a falta de água, tem trazido grandes problemas, porque diminui a qualidade dos frutos, o seu tamanho e por vezes até secam nas árvores.
A água, melhor a falta dela, é um problema mundial que tem que ser encarado com muita seriedade e rapidamente.
Ao contrário do que pensam os citadinos, a água não serve só para beber, tomar banho, lavar a loiça, ou o carro.
Sem água não há vida. Temos de ter água onde ela é precisa e quando é precisa. E sem agricultura, sem produtos também não há vida.
Mas, a falta de apoios, o descuido com os problemas da falta de água, da sua captação e retenção, para nós não é novidade nenhuma.
Não há quem olhe, com olhos de ver para o nosso Interior, que se despovoa, se desvaloriza e morre aos poucos.
Temos de continuar a lutar!…